Belle 09/01/2016
Muito bom!
Suspense, mistério, romance, drama psicológico e até uma pitada de História. Para quem gosta desses temperos em suas leituras, a combinação então, será de fato fantástica.
Tudo gira em torno de um assassinato, cuja vítima encontra-se em uma casa para onde são levados dois amigos, sendo um deles médico e sendo esse o motivo de sua presença no local do crime. A partir daí a história começa a se desenvolver de uma forma que aparenta o tecer de uma teia.
Através das cartas dos envolvidos ao jornal “Diário de Notícias” toda a história é contada e seus pedaços preenchidos sob a visão de quem participou da trama.
Basicamente a obra se divide em três partes. Na primeira, apresenta-se o crime sobre o qual paira o mistério de sua autoria. Na segunda parte temos as aventuras e desventuras de um grupo de viajantes (que mesmo tendo uma narrativa com contornos mais românticos, gênero do qual eu não sou muito fã, apresenta uma importância enorme para que possamos entender o fechamento da trama). Por fim, na terceira parte, começamos a dar conta de depoimentos e elucidações que nos levam a saber o porquê do ocorrido e como o fato se sucedeu.
O livro é gostoso de ler, a história é intrigante, a gente sempre fica esperando o que virá depois e eu gosto muito disso quando leio uma obra; porém, alguns personagens (que se identificam apenas com suas iniciais) e as datas (pois tenho muito problema com elas) deixaram alguns trechos da obra um pouco confusos para mim, mas é uma história muito boa e que vale muito a pena ser lida. Meu primeiro Eça de Queirós... E eu recomendo!!!
Curiosidades:
- O livro foi adaptado para o cinema no ano de 2007 pelo diretor Jorge Paixão da Costa.
- Na edição que eu li, logo no início, há uma carta dos autores Eça de Queirós e Ramalho Ortigão ao editor do livro, cuja terceira edição estava sendo lançada. Nessa carta os autores se referem ao seu romance da seguinte forma: “... ele é execrável; e nenhum de nós, quer como romancista, quer como critico, deseja, nem ao seu pior inimigo, um livro igual. Porque nele há um pouco de tudo quanto um romancista lhe não deveria pôr e quase tudo quanto um crítico lhe deveria tirar.” Isso, pelo fato de ser bem diferente do estilo que seguiram e desenvolveram com o tempo.
No entanto, o romance caiu no gosto da população, tendo muita gente lido os fatos no “Diário de Notícias” e mesmo assim adquirido a obra quando lançada; obra esta que sobreviveu até hoje encantando a nossa curiosidade e matando a nossa fome de leitores de forma muito competente (minha opinião).