Tarot Dealer 27/12/2023
"Os reegs sabem que estamos fazendo experiências com drogas de guerra há décadas, desde o século XX. É uma das especialidades da Terra. - Ele deu uma risadinha".
O tema é complexo e a trama é intrincada, não obstante as páginas nesse livro parecem que viram sozinhas de tão fluída que é a leitura. Eu não gostei do final. Achei descuidado. O começo do livro tampouco me agradou. Faltou uma introdução.
Explico. A trama começa no meio de uma distopia futurista para o ano 1966 com a Terra governada por um tirano de inspirado no Mussolini, o Dique (Secretário Geral da Onu) e aliada com um império galáctico em guerra com outro planeta. Até se entender quem são os reegs, que os Starmen vem de Lilistar, que Wash-32 é uma cópia da Washington de 1932 em Marte etc, a leitura é complicada. Faltou explicar esses conceitos logo no começo do texto. Depois, a trama vai se entrelaçando e construindo magistralmente com drogas, multiverso, órgãos artificiais, passado, futuro, conspiração política, doenças, autômatos, Tijuana, uma reviravolta e, então, acaba subitamente.
Talvez, acabar se querendo mais desse universo seja um bom sinal. Agora que as duas "falhas" foram expostas, devo dizer que adorei o livro. As descrições do primeiro contato com a JJ-180, a assim como o detalhamento da abstinência são os pontos altos. Gostei muito das citações a Lenin e Stalin. A capa do livro casou muito bem com a estória e a tradução do poeta paraibano Bráulio Tavares certamente ajudou muito no dinamismo da leitura. Para os fãs de outras obras de Philip K. Dick, além de ser uma distopia no futuro e ter múltiplas realidades, esse livro também conta com a presença, tímida, de telepatas.
Sempre é uma experiência presenciar como o século XX imaginou os anos que estão para chegar agora, Esta, lisérgica e futurista, foi uma das mais apreciadas. Recomendo; mas cuidado com o vício. Sua viagem pode lhe conduzir para longe do antídoto.
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