spoiler visualizarBrujo 18/06/2021
Como dizem os Reegs: viva e deixe viver!
O ano é 2055. O Dr. Eric Sweetcent é um cirurgião especializado em implantar órgãos artificiais que aumentam exponencialmente o tempo de vida de seus pacientes. Através de seu chefe, Virgil Ackerman, ele passa a fazer parte da equipe de Gino Molinari, o secretário-geral da ONU e homem mais importante do planeta ( com ares de ditador e baseado em Mussolini) que, através da assinatura de um tratado de paz, acaba colocando a Terra no meio de uma antiga guerra intergaláctica e entre dois povos: os Reegs e os Lilistars. E parece que o secretário escolheu o lado errado da guerra. Parece complicado? Junte a tudo isso a droga jj-180, criada como esforço de guerra e que tem o " pequeno " efeito colateral de deslocar o usuário não só pelo tempo, mas também por realidades alternativas. E não espere um final fechado para nenhum destes aspectos da trama, pois tudo isso é somente um pano de fundo para o real intuito de PKD (na minha visão) com esse livro: a exploração de um drama existencial que envolve relacionamentos falidos, uso de drogas e pensamentos suicidas. E se você, caro leitor, pesquisar um pouco que seja sobre a vida do autor, vai praticamente enxergar o mesmo exorcizando seus demônios em cada linha desta história. Esse aspecto está presente nos 3 livros do autor que já li e imagino que deva acontecer nos demais também, em escalas diferentes.
O final do livro me deixou perplexo, sem saber o que pensar, achando que a história não teve final. Mas ela tem sim, e um dos bons: em um beco imundo em Tihuana, 10 anos no futuro ( em uma de suas viagens com a jj-180 ) e prestes a cometer suicídio, Eric Sweetcent tem uma epifania:
" É estranho, pensou ele, que bem no centro da maior abominação de nosso tempo, essa guerra, eu consiga encontrar algo que faz sentido. Um desejo que me dá vida, igual aquele desejo do carrinho Lazy Brown Dog que vai se esconder dentro de um balde de zinco daqui a dez anos. Talvez eu possa assumir meu lugar no mundo ao lado dele, fazer o que ele faz, lutar como ele luta; sempre que for necessário, e ainda um pouco mais, pelo simples prazer de lutar. Pela alegria. Como era a intenção de tudo no princípio, anterior a qualquer tempo ou qualquer condição que eu possa compreender, ou considerar minha, ou vir a conquistar. "
Eric Sweetcent deixou de esperar agora pelo (ano) passado e vai simplesmente assumir as suas responsabilidades. E lutar!
ARREPIANTE !!!!