Desireé (@UpLiterario) 28/09/2018Filosofia, medos e morte. (@upliterario)O Dia em que a Morte Morreu de Confusão é um livro que me surpreendeu. Primeiro, porque fui levemente enganada pela capa, que me sugeriu um romance mais jovem e ingênuo. Mas, não se deixem enganar, trata-se de uma leitura madura, ora um pouco confusa, mas bastante reflexiva, que nos faz ir além da própria narrativa ali contada.
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O que é a morte? Quantas vezes podemos morrer? Será que morremos de uma vez ou várias mortes podem acontecer pelo caminho, primeiro as certezas, depois os medos e, por fim, nós mesmos? Quem ou o que estaria a salvo desta sina?
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Filosofia, existencialismo, realidade e misticismo se entrelaçam e moldam os caminhos de Átina, uma garota que nasceu com uma cangalha presa ao pescoço e que busca, apenas, se libertar da vida que a aprisiona. Pela seu caminho, ela conhece Aristo, um jovem poeta e amante do mar, que lhe cede seu coração e seu corpo, para que ela possa preencher sua pele de palavras, letras e poesia, em forma de belas tatuagens. E certo dia, ambos se encontram com Beltrano e Baltazar, um morador de rua e um senhor de idade que retornaram dos mortos, sem entender que fim seus destinos levaram.
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“Amar é fácil, difícil é sustentar esse amor nas contingências, apesar da nossa humanidade.”
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(Parênteses: para quem – como eu – não sabia, cangalha é um artefato triangular que se põe sobre o lombo dos animais para pendurar carga dos dois lados)
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Um livro com muito mais do que uma simples história para se absorver. Um romance com uma boa dose de introspecção e debates filosóficos, religiosos e existencialistas, que buscam traçar uma análise sobre a vida, a morte e o próprio sentido de “existir”.
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“- O céu começa na terra [...].
- E o inferno também.”
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Ótima leitura!
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