@aprendilendo_ 23/10/2022
Resenha de As Últimas Testemunhas
Grande Guerra Patriótica, este é o nome dado pelos russos ao conflito ocorrido entre a URSS e a Alemanha, o qual teve início com a invasão das forças nazistas ao território soviético em 22 de julho de 1941. Os historiadores estimam mais de 20 milhões de vítimas bolcheviques durante o confronto entre as duas grandes potências mundiais. No entanto, ao abordar os números, pouco se tem noção da tragédia individual de cada uma das pessoas afetadas pelos ataques diários envolvendo fuzilamentos, torturas e incêndios. Dessa forma, com a intenção de apresentar o sofrimento dos cidadãos durante a guerra, Svetlana Aleksiévitch, jornalista e ganhadora do Nobel de Literatura, compilou mais de 100 relatos de pessoas vitimadas pela 2ª Guerra Mundial no livro As Últimas Testemunhas. O grande diferencial da obra, no entanto, consiste no fato de as testemunhas terem sido, à época dos fatos, crianças.
Publicado pela primeira vez em 1985, o livro traz uma diversidade incrível de relatos sobre vítimas da 2ª Guerra Mundial, mais especificamente as afetadas pelos confrontos entre a URSS e a Alemanha nazista. Nesse sentido, com uma abordagem direta e no formato de curtos relatos documentados, os quais tem no máximo duas páginas cada, o livro corre muito bem com uma escrita relativamente simples e fácil de imergir o leitor nas tristes memórias contadas. Assim, por meio dos testemunhos, é-nos exposto toda uma estrutura miserável de uma sociedade afetada pela guerra, enquanto conhecemos a fundo os medos e terrores sofridos pelas vítimas quando ainda crianças, as quais envolviam o convívio com a morte, tortura, fome e situação de desabrigo.
Com uma escrita simples e direta, mas um conteúdo denso e impactante, As Últimas Testemunhas consegue entregar uma experiência literária singular para o leitor enquanto apresenta com vivacidade todo o ambiente e drama vivenciado por pessoas que eram crianças à época dos fatos acontecidos na 2ª Guerra Mundial.
Nota: 9,6