Admeire 07/04/2020
Você acredita mesmo que sofrimento é sinônimo de amor?
Escolhi falar sobre o livro da seguinte forma: primeiro fiz um breve resumo e depois abordei as MINHAS impressões, que dividi entre pontos positivos e negativos.
Breve resumo: O livro conta a história da Fabi, pelo que entendi é também a autora do livro. Nesse livro, ela conta uma história de um relacionamento supostamente amoroso que teve início em sua adolescência e perdurou até o início da juventude. O foco do livro é o relacionamento em questão, mas também aborda aspectos familiares e o desenvolvimento profissional da personagem.
Minhas impressões: como ponto positivo destaco a forma de escrita, pois a autora consegue ser bem cativante. Além disso, como fui adolescente quase na mesma época, pude sentir muita nostalgia durante a leitura, e consegui me transportar para aquela realidade, mesmo sendo geograficamente e financeiramente bem diferente da minha. A leitura é fluída e passa a sensação de que estamos tendo uma conversa entre amigas.
Pontos negativos: No que se refere a narrativa, confesso que fiquei perdida quando ela apresenta alguns personagens do nada, como por exemplo: o pai, o irmão e a avó. No decorrer da leitura, fica claro que essas pessoas são extremamente importantes para ela, no entanto, foram apresentados quase de surpresa durante a leitura. Outros personagens também muito importantes, a meu ver, eram os doguinhos. No final do livro, eles têm um papel primordial na vida dela, mas antes disso, eles não são mencionados em nenhum momento. Acredito que se cachorrinhos tivessem sidos introduzidos na história antes, teríamos uma dimensão maior das características da personagem central e da dinâmica familiar.
Outro ponto negativo, o livro retrata um relacionamento extremamente abusivo que está sendo vendido como "construção do amor próprio". É fato que ela fala sobre a importância de se amar, de se valorizar e da importância do autoconhecimento, todavia, a personagem trilha um caminho de insegurança constante. A descrição dos fatos nos deixa visível que ela está sofrendo. E, mesmo ela dizendo que mudou, que não atendeu a uma ligação do Leandro e que passou o dia todo com a irmã e amiga sem se lembrar dele: ela só apresenta as características de relacionamento abusivo.
Não é tipo de literatura que normalmente leio, mas não me arrependi de ter lido, inclusive, penso na importância desse tipo de livro ser ponto de debates em rodas de leitura, com pessoas de formações distintas para apresentar uma visão crítica sobre esse tipo de relação. A quantidade de pessoas que leu e se identificou com a história, demonstra o quanto a nossa sociedade está legitimando o sofrimento como forma de amor e/ou a quantidade de relacionamentos doentes que existem por aí.
Se conselho fosso bom não se dava, se vendia: mas aí vai o meu. Meninas (os), não aceitem o sofrimento como etapa normal em um relacionamento. Não somos obrigadas (os) a aturar uma Fera para encontramos lá dentro dele um príncipe encantado. Acredito na mudança das pessoas, sim, claro que sim. Mas a terapia com profissionais capacitados está aí para isso, não é mesmo!? Não existe romantismo em relacionamento abusivo.
Obs: Não tenho a intenção de ofender a autora, compartilho aqui a minha OPINIÃO enquanto leitora.