Memórias Póstumas de Brás Cubas

Memórias Póstumas de Brás Cubas Machado de Assis
Machado de Assis




Resenhas -


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Tiago600 11/11/2022

Depois disso, Apenas o Dilúvio
Sim, sim, é verdade Machado, os vermes seguem roendo as carnes frias e nós debilmente continuamos nos arrastando nesse tabuleiro, nunca antes tão apegados em simulacros, como múmias que utilizam tênis Adidas.

Olho pela janela, vagarosamente começa a chover. Em silêncio, me ponho a pensar. Que estranho papel tenho desempenhado em minha vida. Por quê estou sentindo tudo isso? Qual terá sido a causa? Minha melancolia? Minhas reflexões tolas? O livro? Pobre Mamãe, com sua expressão pálida. Logo ela algum dia também será uma sombra junto de meu Pai. Talvez logo estarei na sala da casa, essa que é a casa de minha infância, vestido de negro, buscarei em minha mente palavras de consolo, e só encontrarei palavras vazias e inúteis. Sim, isso acontecerá muito em breve.

Sim, os jornais têm razão: a chuva cai em vários locais do estado, do país, caindo em toda parte, nas colinas sem árvores, aldeias e cidades, seguindo suavemente, dentro das mudas e escuras ondas.

Um a um todos nos convertemos em sombras. Melhor passar bravamente para o outro mundo cheio de glória e paixão do que ir apagando-se pouco a pouco, murchando com a idade. Pensem em todas as pessoas que existiram desde o princípio dos tempos. Eu, transeunte como elas, também me apego inutilmente ao seu mundo cinza. Como tudo ao meu redor, este mundo tão sólido, no qual construíram e viveram está minguando e dissolvendo-se. Cai a chuva. Cai nesse cemitério solitário onde jaz meu pai. Cai debilmente no universo, e cai debilmente, como o final inevitável sobre todos nós, vivos e mortos.
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Debora 19/09/2020

Como resenhar Machado?
Pra começar, este livro tem uma das epígrafes mais interessantes da literatura. Além disso, um livro escrito em fins do século XIX mantém seu interesse e nos prende até hoje. São tantos os subtextos que o livro merece releituras.
Na edição específica que li, da Carambaia,o posfácio do Milton Hatoum enriquece a experiência.
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Vilamarc 15/09/2021

Releitura só por deleite
Reler Machado de Assis e seus personagens eternos é sempre uma delícia.
Rir com seu humor ferino, aprender sobre a sociedade daquela época e tentar compreender a revolução que se fazia no romance nacional...
Acrescente a esse prazer a bela edição da Carambaia e a companhia agradável de amigas fiéis dessa e tantas leituras compatilhadas.
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Arthur Sayão 02/12/2019

Memórias de um Brasil
Um Machado. E não só por isso um clássico. Mas por ser mordaz e ainda no frescor da idade. Não envelhece. Ou ao menos envelhece muito bem.
Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis nos entrega nas mãos de um defunto. É, o título já nos dá o mote. Mas, Machado é Machado, e esse defunto autor precisa muito escrever sobre ele. E nós somos bons leitores.
Somos apresentados à vida do "autor" já no momento de sua morte. E é como defunto que eles nos conta a "aventura" burguesa que foi sua passagem entre os vivos. Recheado de ironias e de conversas (às vezes até ásperas) com o leitor, Brás Cubas vai nos contando os principais fatos de seus 65 anos em nosso mundo. De infância abastada (dinheiro nunca será um problema para este cara), Brás é traquina e bastante mimado. Seus pais são de uma classe média alta que traz a futilidade na personalidade submissa da mãe e na arrogância do pai superprotetor.
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Nos anos que se passam na vida da personagem, Machado vai tecendo um romance em que sentimos as camadas se acumulando: perfil psicológico do biógrafo defunto e do autobiografado juntos, sociedade imperial sendo descrita, escravidão passando como algo frívolo pela pena de Brás, frieza diante da morte de entes... Machado vai brilhantemente colocando a sua erudição, sem pedantismo, na escrita de Brás. Justificando a intelectual juventude na Europa, depois de um amor consumista de adolescente do protagonista.
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Erudição sem rebuscamento. Escrita inteligente que deixa clara a perfeita falta de tato de Brás com o que não é alta sociedade. Seu temperamento é indeciso, melancólico, sarcástico. O verdadeiro "nem cheira nem fede". A verdadeira elite da época imperial, alheia à escravidão e à luta cruel da massa para não cair na mendicância. Ignóbil em críticas à uma jovem coxa e bastarda. De rompantes de moral afiados, para logo demonstrar ser um político medíocre.
E por falar em indecisão, se vê diante do amor algumas vezes, e prefere a zona de conforto numa vida de eterno "pé-de-pano". Virgília. Seu amor, mas nem tanto assim.
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Fabio Di Pietro 13/05/2020

Miséria humana
Livro difícil e fácil de se ler. Entre narrativas e pensamentos, temos noção da impermanência das coisas, da miséria humana, da consciência e ética do ego, que se contenta com qualquer desculpa. A narrativa é feita de forma livre. Irônico e sarcástico, o autor apresenta o homem da elite da época que não paga seu pai com o suor se sua testa e usa e avisa dos que aparecem em sua vida, sem pesar ou arrependimento.
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Raphs 26/06/2020

Clássico
Uma obra magnifica, por ser um livro escrito há muito tempo tive que ler com um pouco mais de calma, o livro é em português mas de maneira diferente de escrita que estamos acostumado atualmente.

O livro narra a vida de Brás Cubas, do inicio da sua vida até o final dela, é uma historia triste, alegre, com um humor característico do autor, enfim, um livro que tem de tudo.

Todo mundo deve ler, um dos maiores escritores da literatura brasileira e tem todos os méritos.

Por fim deixo uma citação do livro que marcou muito:

- Matamos o tempo, o tempo nos enterra.
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Tatiana.Junger 13/05/2021

Mediocridade com síndrome de grandiosidade
O livro que mais reli na vida, acho eu.

O narrador, um defunto autor, já não mais se mede pelos pudores, decoro e moralidade humana e, por isso, ao contar a história da pessoa que foi em vida (um homem branco, rico, nobre, "bonito", morador do Rio de Janeiro imperial), o morto Brás Cubas expõe seu descontentamento, sua vaidade e seu egocentrismo, não obstante seu rentismo, seus privilégios sociais, sua absoluta inutilidade e evidente mediocridade.
Mais do que a história de um homem, essa obra refresca à memória a hipocrisia da “grandiosidade” da elite do Brasil Império. Mas o leitor do século XXI vê que essa hipocrisia caricata não é exclusividade do passado. Afinal, será que os privilegiados contemporâneos merecem seus privilégios? Convenhamos que a cada esquina das áreas nobres do Rio de Janeiro (não exclusivamente) ainda existem montas de Brás Cubas modernos, rentistas, vaidosos, inúteis e medíocres, e que mesmo assim ainda se acham o máximo, merecedores de todas as regalias da vida.
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Cassio Kendi 14/05/2021minha estante
Parabéns pelas resenhas, são muito bem escritas! Vc já escrevia pra vc mesma ou tinha


Cassio Kendi 14/05/2021minha estante
Enviou sem querer. Continuação: Vc já escrevia pra si mesma ou tem blog ou algo parecido?


Tatiana.Junger 14/05/2021minha estante
Obrigada! Essas eu postei no meu Instagram (@tatiana.junger)! Não é um perfil literário per se, apenas o perfil de uma leitora que está tentando se habituar a sempre compartilhar suas impressões!


Cassio Kendi 25/05/2021minha estante
Legal, vou te seguir lá, apesar de usar mais o Skoob do que o Instagram!




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