Resenhas -

Douglas14 13/03/2023

Um bom livro, para uma boa "interpretação textual" bíblica
O grande centro da argumentação de Walter C. Kaiser no livro, sem dúvida, é a promessa do descendente. Ele enfatiza a importância da boa hermenêutica veterotestamentária, bem como nos apresenta cuidados que devem ser tomados ao lidarmos com a interpretação do texto sagrado.

Compreender o significado do texto, considerando suas limitações e dificuldades, ao mesmo tempo, entendendo que não podemos força-lo a dizer o que não diz, nem tampouco dar-lhe ?sentidos? diversificados, são algumas das facetas do argumento de Kaiser. É necessário reconhecer que o que foi dito tem um propósito claro e deve ser compreendido, enfatiza o autor, com respeito a hermenêutica do assunto abordado.

A princípio, ele nos apresenta variadas formas de pensamento com relação a hermenêutica do texto veterotestamentário. Entre elas, estão uma preocupação para que a ligação entre significado e significância seja cautelosa e respeitosa para com o texto e a escrita do autor, incluindo a ideia do sensus plenior, ou ?sentido mais profundo? também.

Outro fato importante abordado pelo autor, se dar pela aliança de Deus com os judeus e no modo como os gentios se relacionam com a mesma. Se eles são um ?novo povo? exclusivo de uma ?nova aliança? ou, se apenas são inseridos em uma história que ainda não terminou entre Deus e a nação de Israel. Isso influencia diretamente no cumprimento das promessas feitas por Deus no AT. O autor mostra bem, como no desenvolvimento da história, houve tanto um entendimento da exclusão dos judeus no plano da promessa de Deus, quanto uma reconsideração desse plano como pertencente a eles. Ele defende que os gentios foram inclusos nas promessas de Deus, e que o dia final reserva grandes acontecimentos à Israel.

Considerar apenas o Novo Testamento e deixar de lado o Antigo testamento, é um problema atual combatido por Walter Kaiser nesse livro. Não dar para entender questões como as já mencionadas aqui, descartando o conteúdo dessa parte das Escrituras, como também, é impossível conhecer todo o desígnio de Deus desconsiderando a porção que possui a maior parte do que Deus deseja que saibamos. O mesmo Deus do AT é o Deus do NT, deve-se descartar propostas de separação de peso, importância e relevância entre os dois testamentos.

Como apresenta o autor, o conhecimento da obra de Cristo e dos seus feitos na terra se encontram lá, e tanto o próprio Jesus, quanto o apóstolo Paulo destacaram a importância do conhecimento das páginas sagradas do Antigo testamento.
Essa mesma mensagem de toda a Bíblia, segundo o autor, tem seu foco impulsionado no cumprimento da promessa que foi feita no Genesis 3:15 e efetivada em Cristo (o descendente), a qual ainda reserva fatos vindouro com relação ao Reino. O plano de Deus, segundo o autor, possui quatro picos de montanha em seu desenvolvimento no AT. Primeiro, a revelação de Deus ao homem pós queda, segundo a promessa a Abraão, depois a Davi e por último, a promessa a Jeremias, onde kaiser aponta que o Senhor Deus escreveria sua Torah nos corações dos homens.

Ele afirma a importância dos acontecimentos antecedentes ao chamado de Abraão e como cada um deles foi crucial ao entendimento da providência e plano divino. Cada ação divina revela uma benção destinada à sua criação, a qual inclui a nossa salvação. O plano de promessa é daí trazido à tona por Kaiser, Deus revela um legado, que seria o evangelho, revela também um herdeiro e uma herança.

O decorrer da história, com a eleição de Israel e a sua missão dada por Deus, bem como a entrega da ?lei? não são ultrapassadas hoje, pois carregam sua importância. A habitação de Deus no meio do povo é uma parte significativa do plano da promessa de Deus, e isso pode ser identificado na relação de Deus com Israel, especialmente na construção e uso do tabernáculo. Kaiser faz separação no entendimento e aplicação entre a lei moral, cerimonial e civil de Deus. Aquilo que se cumpriu em Cristo, portanto, torna-se ultrapassado, exemplo disso à lei cerimonial. Ele ressalta, no entanto, o bom uso dos princípios que toda as Escrituras nos fornecem.

Walter Kaiser também menciona o modo como a extensão da garantida benção da ?terra? à Israel é um componente importante na teologia da promessa, levando em conta a extensão da promessa com o acréscimo do ?descanso? físico e espiritual nessa terra. Incluso em sua teologia, temos a predição de um ?profeta semelhante a moisés? que viria trazendo uma mensagem de conformidade ao plano de Deus já revelado e conduziria às nações e o povo a um verdadeiro ?arrependimento? e um ?voltar-se? para Deus.


Dando prosseguimento ao plano Divino, todos os acontecimentos que acometeram a Israel, e culminaram na escolha de um rei como nas demais nações, fizeram parte do desenvolvimento do plano da promessa de Deus. Desde o desejo do povo, a partida de Elimeleque e sua família para Moabe, o reinado de saul, Davi e seus descendetes, tudo isso fazia parte desse progresso.

As alianças, tanto com Davi, quanto com Abraão, integravam um plano maior que abrangeria não somente Israel, mas toda a humanidade. Davi se alegrou em saber disso. As predições e proclamações dos profetas, fecham o desenvolvimento do plano da promessa no AT. Kaiser mostra como tanto aquilo que já se cumpriu, quanto o que se espera, tem sua relevância na boa hermenêutica do plano de Deus. Cada profeta teve o seu objetivo bem definido, e deixou claro o desejo de Deus em trazer de volta o seu povo para um relacionamento sadio. Isso, no entanto, não mudou o fato da necessidade do dia do juízo de Deus e da vinda do seu messias e rei futuro. Nesse critério, o autor ressalta a importância de não desconsiderarmos os "profetas anteriores".

O plano da promessa com a chegada do Messias é um ápice importante, onde são inclusos cinco personagens, entre eles João Batista, do qual falou Malaquias. Estes serviram de preparação para essa chegada, bem como revelaram novos aspectos do plano da promessa.

Walter C. Kaiser Jr, abordou majestosamente um assunto que carrega consigo posições teológicas distintas. Ele, nos levou por meio desse livro, à uma sadia compreensão do plano de Deus em uma perspectiva uniforme, em que tudo colaborou para o propósito estabelecido e declarado em suas promessas. Para isso, o autor nos conduz a exercermos uma hermenêutica respeitosa para com o texto bíblico, especialmente o AT, que é, por vezes, desconsiderado e mal interpretado.

Thalyta 18/03/2021

Leitura simples e fácil de entender. Recomendo pra quem busca entender melhor a unidade dos livros da Bíblia e pensa que o AT não nos vale mais como o NT vale. Lindo de ser ler?