Carla.Parreira 27/10/2023
BRYNDZA, Robert. O último suspiro. Belo Horizonte: Editora Gutenberg, 2018.
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Resumo feito na primeira pessoa...
Meu nome é Erika Foster, tenho 44 anos, sou detetive inspetora. Continuo trabalhando com serviços administrativos, mas não vejo a hora de voltar para o setor de homicídios. Eu sei que errei ao bater de frente com o meu novo chefe, Sparks, mas o meu problema é que eu não costumo dar o braço a torcer. Enquanto experimento total tédio no serviço burocrático, começo um relacionamento com Peterson. E é assim que eu vou parar em mais uma cena de homicídio, inicialmente só para acompanhá-lo ao local. A vítima em questão é uma jovem encontrada em uma lixeira. Lacey Greene tinha apenas 22 anos. Seu corpo foi torturado, ela foi abusada, espancada e brutalmente assassinada. Começo a sondar e a me meter na investigação, só que mais uma vez, o caso não é meu. Quando a detetive responsável prende um mafioso pelo crime, eu sei que não foi ele. Descubro outra vítima com o mesmo modus operandi e tenho a certeza de que o perfil psicopatológico do assassino não bate com o bandido que foi preso. Eu faço de tudo para assumir a investigação e, uma vez no caso, preciso achar um assassino que usa as redes sociais para selecionar suas vítimas, para construir o seu perfil, e para matar. Concomitantemente, começo a analisar o meu jeito de ser. Preciso deixar de ter o pavio curto. Ainda bem que eu parei com as bebedeiras, mas o fato de xingar todos os superiores e com isso acabar rebaixada de cargo já deu pra mim. Preciso ser e mostrar-me mais madura. Enfim descubro quem é o assassino nojento e como funciona a sua mente deturpada. Dessa forma consigo acompanhar melhor suas motivações e tentar entender um pouco a loucura toda. Veja o perigo da internet quando usada para o mal. As pessoas postam tudo nas redes sociais e não percebem que com isso uma pessoa pode descobrir tudo sobre ela: onde mora, onde trabalha, seus relacionamentos, suas preferências, absolutamente tudo. O assassino escolhe sua vítima e descobre tudo sobre ela pelas redes sociais de forma fácil. Depois ele constrói um perfil falso e passa alguns meses postando fotos falsas de um homem bonito e interessante, rico e solteiro. Coloca fotos de amigos em comum e, por último, ele faz contato através do Facebook ou algum site de relacionamentos. Algumas semanas depois ele está pronto para conhecer pessoalmente a sua vítima em um tão esperado primeiro e único encontro. O assassino investigado não é muito inteligente, mas durante um tempo consegue escapar ileso por pura sorte. Uma testemunha dá uma descrição completa do assassino, fala que ele é baixinho, gordinho, com cara de nerd, etc. Logo depois eu arrumo uma corrida louca para prender um cara alto, magro e negro. E nem interroguei o cara após a prisão. Pois é, quando a pressão é muita as falhas mais idiotas acontecem. Preocupo-me profundamente com as vítimas e, como em muitos outros casos nos quais trabalhei ao longo dos anos, não são apenas as terríveis circunstâncias das mortes que me assombram, mas as vidas que são ceifadas tão prematuramente. Mulheres jovens com tanta vida pela frente: carreiras, filhos, férias, etc., e todas essas alegrias foram negadas a elas. Finalizando, deixo uma mensagem de reflexão: até que ponto vale a pena buscar pelo encontro dos sonhos ou por uma boa noitada de sexo no mundo online dos sites e aplicativos? Qual é o real preço a ser pago? E se o homem perfeito apenas esconde um jovem nerd, possivelmente rejeitado por seu físico fora dos padrões, e que domina como poucos a arte de se esconder através de fotos fake, controle de câmeras, stalkeamento e sadismo? É bom pensar nisso antes de entrar nas fantasias de amores virtuais.