><'',º> 31/03/2019
O Guamá é um bairro conhecido em Belém, no Pará, por apresentar problemas universais das periferias brasileiras: habitação precária, falta de saneamento básico, pouca infraestrutura de saúde, educação e transporte. Nesse microcosmo o escritor paraense Salomão Larêdo imergiu para escrever “Guamares: Cabaré dos Bandidos”, lançado originalmente em 1989, como uma crítica social.
Para esta nova edição, a novidade é a escolha pelo título invertido. A obra chama-se “Cabaré dos Bandidos: Guamares”, opção estética do editor e filho de Salomão, Filipe Larêdo, que coordena a Empíreo. A narrativa ficcional apresenta esse lugar, o tal cabaré dos criminosos, que de fato existiu até a década de 1960, naquele bairro, com os personagens Herma Verônica, Jeones e Tumezão, dentre tantos outros, que representam o cotidiano do povo pobre.
A escrita tem como marca a presença de gírias e palavreados do caboclo paraense, como “‘biqueira” e “carapanã”, além da descrição de cenas nas chuvas, nas beiradas do asfalto ou do rio, tal qual a paisagem de uma Belém abandonada – o que pode ainda ser constatado nos dias de hoje. Também são descritos hábitos antigos como as rinhas de galo e as festividades periféricas, além da cultura do jogo do bicho.
O autor tomou conhecimento desse peculiar local num encontro com um amigo de seu pai, chamado Taco, na Estrada Nova. “Fomos conversando pelo caminho e ele, depois de contar inúmeras peripécias, disse-me que, no rumo de sua moradia, entraria numa daquelas inúmeras ruelas do Guamá. Já nos despedindo, quis saber e perguntei onde ele morava. Taco, estatura mediana, caboco de fala fácil, espalhada, sotaque engambelado, prosista cheio de manha e bossa, traje estranho, mas coração generoso, respondeu: no Cabaré dos Bandidos”, relembra o autor.
Fonte:
site: www.alcinea.com/livros/cabare-dos-bandidos