Julhaodobem 22/01/2023
Um fichamento misturado
Ler um livro acadêmico nunca é fácil, seja em um curso de humanas ou exatas, mas nesse caso de minha dominância devo falar mais nos cursos que desejam uma carga de leitura superior e que aumenta a todo momento. Emile Durkheim é o sociólogo da que esta requerendo a minha atenção neste momento, como todo leitor acadêmico em ciências sociais é provável que daqui dois meses irei me interessar por outro autor, mar isso é um male a parte da vida acadêmica. As regras do método sociológico é o primeiro livro que leio integralmente do autor alemão. Suas ideias mais teóricas de como a sociedade se comporta e seus métodos de pesquisa são o que me fascinaram de inicio quando o conheci mais precisamente na universidade. Sendo um dos três porquinhos, já o tinha visto durante o meu ensino médio mas a inexistência do conteúdo e a escassez de atenção ás ciências humanas na educação brasileira não foram precisos em apresentar este autor para mim, sendo assim sempre o achei sem sentido.
Entretanto agora cursando um curso focado integralmente nesses autores da Sociologia, Antropologia e Ciência Politica consegui conhecer de uma maneira certa Durkheim e começar a me aprofundar em seus estudos. Como consequência da minha vida de leitor é claro que de uma forma iria trazer isto para minha escrita, para colocar um pouco das minhas ideias sobre este livro, que foi uma das teses de dissertação do sociólogo e que se tornou mais tarde seu segundo livro.
Os fatos sociais é a primeira definição que Emile Durkheim começa a trabalhar com a sua pesquisa, uma forma de observar o ser humano que até aquela época era estudada por outros sociólogos de outras maneiras. Desta maneira, possivelmente podem ter existido outros intelectuais ou filósofos que tiveram outra definição do social em seus fatos vigentes, mas é corretamente aceito que o termo fatos sociais é de autoria de Durkheim graças a sua forma de pesquisa com dados públicos. Durante o meu ensino médio este autor foi um dos mais trabalhados dos três porquinhos (Marx, Weber e Durkheim) e os fatos sociais era resumido em uma frase ou explicação rasa que era apenas passado para os estudantes para refletirem sobre estes aspectos.
Hoje vejo essa forma de ensino como um grande estrume pois a sociologia no ensino médio é mostrada apenas como uma base de textos feitos por autores mal escritos e que excluem toda a base cientifica destes sociólogos, em outras palavras apenas remota a famosa ideia do copia e cola ou apenas decore as frases do autor que tudo ficara bem no final da prova. Entretanto os fatos sociais deveriam ser de extrema importância na construção da cidadania nacional. Quando entendemos que uma língua, a imposição de uma cultura, gesto ou o sistema de ensino educacional é monopolizado para nos ensinar sem nem termos o direito de dizer sim ou não, pois quando nascemos nem sabemos o que são estas palavras de direitos, entendemos que a sociedade não é um grande mar de igualdade que tantos neoliberais proclamam por ai.
Em minha concepção, por assim dizer, quando entendemos que os fatos sociais são maneiras de agir, de se comportar, de impor e de construir uma personalidade social que um pais constrói por meio de suas ações feitas indiretamente em conjunto resultando em um fato social, podemos pegar essa ideia e trabalhar com os jovens as questões de controle se baseando inicialmente nas regras do método sociológico. Paulo freire em seu livro “a pedagogia do oprimido” resume muito bem a questão educacional que esta vigente com o controle, a educação é base de tudo que o pais constrói ao longo dos anos, é o catalisador das politicas publicas e de exclusão, isto devidamente ligado com os fatos sociais que Durkheim inicia com seu livro em minha visão.
Portanto já no inicio da obra este sociólogo de belo bigode já mostra a sua importância com o seus termos de fatos sociais. Mesmo que muitos intelectuais acham que deve ser trabalhado mais profundamente em um ramo acadêmico pois tem o seu teor mais pesquisador, em minha visão Emile Durkheim deveria ser aprofundado, principalmente a essência dos fatos sociais, nas escolas publicas do Estado com uma visão de debates em torno de cada meio social que vivem os adolescentes. Não sou grande adepto de freire mas ouso dizer que uma mistura de Paulo Freire com Emile Durkheim talvez seja interessante para a educação brasileira.
Outro ponto é a importância que é mostrado ao longo do livro da visão de pesquisador sociólogo perante seu objeto de estudo, isto no fundo vale para qualquer pesquisa acadêmica que fazemos. Pegamos o exemplo da Antropologia, quando um antropólogo ia estudar um povo indígena ou de outra nacionalidade a principal regra deste acadêmico é não misturar a sua vivencia do que é civilização com o modo de vida daquele povo, não ver como algo que é primitivo aos olhos do povo europeu com suas tecnologias de poluição e aço. Deve desta maneira ver aquele povo da maneria mais realística possível enquanto tenta entender como é o seu sistema de vida. Por isso devemos apenas catalogar e explicar de uma forma mais respeitosa possível a forma que aquelas pessoas vivem.
Acredito que para a sociologia isto também serve, quando no livro Durkheim diz que quando o pesquisador tem o seu objeto de estudo ele deve se basear apenas na ciência e nada mais, isto é, não se prender aos aspectos sociais que viveu antes de fazer esta pesquisa para não entrar em argumentos que nada tem a haver com a pesquisa cientifica que esta propondo. Isto é o cerne da pesquisa atualmente. È algo que as vezes é ignorado por cientistas renomados no mundo. Não confundir a teoria com a vivencia é algo que todo acadêmico de humanas deve levar como mantra.
Ao entender o conceito de uma comunidade diferente da sua, sem julgar comparar ou criticar você esta produzindo a mais pura ciência, pois esta catalogando e compreendendo seus próprios preconceitos que carregamos dentro de nós durante a vida toda, pois esta são fatos sociais que grudam em nossa visão de mundo mesmo tendo o conhecimento pois no fundo faz parte de onde nascemos. Assim ser um cientista é carregar dois mundos no mesmo lugar, aquele que já nascemos e fomos germinados durante toda a adolescência e aquele que adquirimos durante a vida acadêmica, uma visão mais aberta e prolongada para conhecer outros mundos além do seu mas sem julgar ou comparar de acordo com as suas regras de vivencia, os respeitando com a sua própria existência.
No capitulo três do livro o autor fala sobre a relação com o patológico trazendo uma analogia com a criminalidade. Em certo ponto ele diz que o crime faz parte de qualquer sociedade, sejam do presente ou passado, de países ricos ou pobres, delitos são cometidos pois estes existem em todos os lugares. Isto não se consiste em uma proteção de ladroes e bandidos mas uma reflexão sobre os fatos sociais. O que me chamou atenção é ver como a explicação consegue trazer a tona sobre este fato sobre o crime onde em nossa sociedade ouvimos a clássica frase “na Europa é diferente”, Durkheim discordaria e falaria que na verdade só vemos os crimes que acontecem nos países subdesenvolvidos pois nos países com mais riquezas existe um método muito maior de corrupção onde nós, meros mortais americanos não vemos. Tornando assim esta analogia da criminalidade com a patologia dos fatos sociais uma discussão interessante no capitulo.
A leitura desse livro ao todo foi uma grande experiência acadêmica que abriu uma nova percepção da leitura para mim. Isto não apenas por ser o primeiro livro acidêmico que leio ao todo, mas na verdade ter a experiencia de escrever sobre ele de maneira mais leve e com um tempo pré determinado por mim mesmo. Ao escrever uma resenha aqui neste espaço democrático criado por aquele que vós escreve me da um ar mais calmo e mais estudioso do que a carga leiturista que sou determinado a ler toda semana, indo atrás e atrás de outro autor sem ter um tempo apara pensar melhor. Esta é uma maldição que para quem faz algum curso de humanas sofre a todo momento. Muitas vezes não é que detestamos um autor, mas na verdade estamos atolados tanto de outros textos para ler que não conseguimos dar uma chance para um outro cientista que também é de grande importância.
Assim, por aqui este ano vou começar a trazer sempre que possível a minha leitura dos livros acadêmicos do meu curso, algo que não sera possível mais separar da minha forma de escrita, já que os meus hobby e a minha vida acadêmica estão começando a se fundir e negar isso seria o fim da minha escrita. Sendo assim As Regras do Método Sociológico foi de inicio uma leitura da semana em minha aula de metodologia das ciências sociais mas que no fim resolvi ler inteiramente esta obra. Por ser um livro diferente provavelmente vou ler de novo muitas vezes ainda na minha vida, mas fica aqui a minha primeira leitura inédita desse precioso livro par a sociologia e acredito também para sociedade em geral com as suas formas de comunicação e fatos que permeiam a comunidade humana quando decidem viver em conjunto.
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