Gabriel Galvão 17/02/2020
Resenha do livro: A monja e o professor: Reflexões sobre ética, preceitos e valores
Livros que tratam de assuntos filosóficos e reflexões sobre a vida, normalmente, possui um longo tempo para que os autores possam produzir a obra por completo. Não é o caso do livro: A monja e o professor: Reflexões sobre ética, preceitos e valores. Mas isso não interfere de maneira alguma no conteúdo do livro. Pelo contrário, traz uma conectividade intensa entre os autores e o leitor. Autores esses reconhecidos nacionalmente por suas didáticas nos campos que obtiveram sucesso. Monja Coen, praticante do zen budismo, com uma notável trajetória divulgando sua fé e reflexões por todo país e o professor Clóvis de Barros Filho, formado em Direito e Jornalismo.
O livro está estruturado na forma de diálogos, separados por capítulos que dividem os temas debatidos. A conversa entre os dois autores flui naturalmente a cada página, variando de tons informais e possuindo momentos de reflexões profundas. Cento e vinte e seis páginas agregam as quatro horas de diálogo entre os dois; numa espécie de ‘tênis telepático’, um ‘passando a bola’ para o outro, mas sem nenhum atrito competitivo.
O talento e os anos de experiência de cada um deles, em suas respectivas profissões, fica claro ao decorrer do livro. A forma que ambos enxergam diferentes conceitos por ângulos completamente diferentes (debates sobre felicidade, ética, moral, entre outros), mas mesmo assim conseguem chegar a um pensamento equivalente, possui uma beleza deslumbrante.
Não falta incentivo dos dois para que o interlocutor ‘desperte’ (dito muitas vezes pela Monja Coen) e olhe para si, de várias formas e sobre temas que estão presentes no nosso cotidiano. A importância ‘de viver o agora’, dizer não à dimensão suicidaria e happy hours, o significado real de fidelidade e como a palavra ‘esperança’ tem de ser vista de forma desagradável, são alguns de muitos pontos debatidos que irão chamar a atenção do leitor.
Outro fator incluso no livro, que se torna muito interessante ao longo das páginas, é a construção mental dos personagens ‘Monja Coen’, que pode ser caracterizada por falas relacionadas com experiências vividas e pelo uso constante de referências budistas e ‘Clóvis de Barros’, utilizando termos mais técnicos e didáticos, seguindo a própria linha pedagógica.
Como expresso na contracapa, é um diálogo inspirador, podendo realizar, sem exagero, impactos significativos nas vidas dos leitores. O livro fica em uma zona de conforto, sem criar grandes conflitos argumentativos entre os dois durante a obra, faltando assim, uma coragem para criar provocações entre a monja e o professor. Ao completar a leitura, o vazio existencial causado por bons livros apresenta-se e nasce um desejo por mais conversas entre grandes personalidades intelectuais, com esse tipo de formato.
Avaliação pessoal: 4.0/5.0
Muito bom. Recomendo a leitura.