Ao Farol: To The Lighthouse

Ao Farol: To The Lighthouse Virginia Woolf




Resenhas - Rumo ao Farol


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Heidi 22/07/2021

Obra que transcende séculos
A escrita de Virginia em Ao Farol é como pinceladas, como uma tela em branco sendo preenchida - pouco a pouco - por diferentes pessoas, impressões, pontos de vista, pensamentos; que juntos compõem uma obra prima - a vida.

?Qual era o sentido da vida? Isso era tudo - uma questão simples; uma questão que tendia a nos envolver mais com o passar dos anos. A grande revelação nunca chegara. A grande revelação talvez nunca chegasse. Em vez disso, havia pequenos milagres cotidianos, iluminações, fósforos inesperadamente riscados na escuridão; aqui estava um deles. (?) esta era a natureza da revelação.?
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Tiago 14/07/2021

Amanhã visitaremos o passado
Ao Farol, o quinto romance de Virginia Woolf, me ensina, entre tantas coisas, duas que aqui eu destaco: a primeira é que se atravessa não apenas o que está adiante, no futuro. Atravessa-se também, e várias vezes, o que está no passado. Fazendo uma torção no tempo: para seguir adiante, rumo ao futuro, a estrada a ser atravessada cruza o passado. A segunda é sobre os caminhos que um sujeito toma para tratar seu sofrimento. Virgínia, até a conclusão da escrita do romance, alucinava ouvindo a voz da mãe chamando-a. É após conclui-lo que escreve em seu diário que as vozes cessaram. Detenhamo-nos aqui, consideremos a grandeza deste feito, que é em si uma grande lição para um discurso científico que hoje considera os fenômenos psíquicos reduzidos a um tratamento de mediação puramente química. A escrita, e sobretudo a letra, serviu de matéria concreta para uma amarração do que inundava Virginia por meio das vozes da mãe morta. A amarração da qual a escrita de Ao Farol é efeito entretanto não é permanente, mas em todos os episódios de alucinação e delírio, o tratamento que Virginia dá é o mesmo: a escrita. Uma pena que ainda assim falhe. No período que antecede seu suicídio, ela considerava catastroficamente que já não havia mais nada a dizer.

Ao Farol não é uma obra em estilo clássico, como não o é toda a obra da autora. Não há uma divisão compartimentada em começo, meio, fim. O livro já inicia com a resposta para uma pergunta que não é escrita: "Sim, é claro, se amanhã fizer um bom tempo". Como se o leitor tivesse aberto a porta da casa de um anfitrião e entrado, vendo-se no meio de uma conversa. A partir dali o narrador conduz o leitor, saltando da mente de um para a mente de outro personagem num fluxo de consciência que não é contínuo como não é contínua nossa consciência, que incontáveis vezes tem o pensamento cortado pela lembrança de uma conta para pagar, um compromisso que é necessário fazer.

Na primeira parte do romance a família Ramsay está passando uma temporada em sua casa de veraneio. Há a promessa de uma ida ao farol feita pela mãe da família e um quadro sendo pintado por uma das hóspedes. A segunda parte do livro é uma espécie de prelúdio, como que narrada pelo próprio Tempo, trazendo os efeitos de dez anos que separam e ligam a primeira e a terceira parte do livro. Nesses dez anos, há uma guerra mundial, a morte da mãe e de um dos filhos. Na terceira parte, a família retorna para a casa de veraneio. Em busca do que?

De atravessarem o passado. A hóspede retorna para finalmente, depois de dez anos, concluir quadro que pintava, onde representava a mãe da família segurando o filho no colo. Os filhos agora órfãos acompanham o pai agora viúvo para finalmente fazer o passeio ao farol que não pudera ser feito há dez anos. Aqui, nem o quadro é apenas um quadro nem o farol é apenas um farol. São ambos pontos de chegada, ou de atravessamento mesmo das marcas do passado, dos familiares mortos e do que com eles, ao longo dos anos, foi tomado pela guerra, pelo tempo, pelos caminhos da vida.
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Alê Ferreira 12/07/2021

Ao Farol, um livro imagético e sinestésico.
Ao Farol
Virgínia Woolf

Um livro pincelado, uma tela sobre a qual a Virgínia Woolf pôs-se a desenhar as imbricadas relações pessoais, traçou, com suavidade e delicadeza, toda a tecitura da alma humana nesse belíssimo livro quadro.

Um livro imagético e sinestésico.

Como pano de fundo o mar, a casa - que ao envelhecer e se deteriorar nos segreda todas as estórias que ela presenciou - e o farol, como que a iluminar e inspirar ação dos personagens.

Enquanto vislumbramos o balanço das ondas e o sentimos, ora como uma bruma, ora turbulento e aterrador, e ouvimos o soprar do vento, e sentimos o aroma da maresia, nosso pensamento flutua e logo depois submerge.
São tantas emoções, subimos à superfície e para então inspirar e voltar a mergulhar.

Meus mergulhos me fizeram revolver meus próprios sentimentos, anseios e angústias e também resgatar alguma esperança.
Sei que também foi algo assim, a experiência da autora ao escrevê-lo.

Um livro fortemente inspirado nas vivências em sua família, a figura do pai, a morte da mãe, a metalinguagem presente e representada pela arte da pintura.
Virginia aqui percorreu os caminhos rumo ao passado para então libertar-se.

A psicanálise explica, a autora por certo teve também uma influência da obra do psicanalista que estava a ler, Freud.

O livro foi publicado 32 anos após a morte de sua mãe, exatamente no mesmo dia.
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Michela Wakami 08/07/2021

Vago ou profundo?
Terminei o livro sem saber, parece maluquice, mas é essa a resposta.
Só sei que é assim.
Um livro fluido e gostoso de se ler, que retrata momentos do dia a dia de uma família e seus amigos.
Que faz reflexões sobre as atitudes alheias, e poucas vezes sobre a de si próprio. Algumas partes são confusas.

Sobre o final?! Não sei dizer.
Gleidson 25/02/2024minha estante
Ta no meu radar...




João 06/07/2021

Um romance em 4D: o tempo como quarta dimensão
Alguns livros pedem certo distanciamento para que uma apreciação verdadeira se desenrole, é o que aconteceu na minha experiência de leitura com a tríade de romances woolfianos: O quarto de Jacob, Mrs. Dalloway e Ao Farol. A estrutura fragmentada das obras que, cada um à sua maneira, brincam com o tempo da narrativa ? mesclando presente e passado entre ação e pensamento ? se assemelha ao efeito provocado pelas pinturas impressionistas, em que as cores e formas só são percebidas quando todas as pinceladas foram dadas, não há contornos e suas cores precisam da percepção subjetiva do expectador para existir.

Ler Ao Farol num primeiro momento pode causar certo estranhamento, isso porque naturalmente sentimos mais conforto na leitura de histórias lineares, não porque o livro seja verdadeiramente difícil. Algumas idas e vindas nas primeiras páginas podem ser suficientes para acomodação. A narração da história acontece em 3 dimensões que são simultâneas: aquilo que se fala, o que ocorre externamente e o que é percebido subjetivamente (através do pensamento). Então, no diálogo de abertura em que a sra. Ramsay fala que iremos ao farol se fizer bom tempo, vê a reação do filho cortando gravuras numa revista e processa seus sentimentos quando ao Sr. Ramsay e seu pupilo Tansley, tudo ao mesmo tempo, o que se projeta do livro é uma cena tridimensional. Mas quando podemos ver a história como um todo, ao fim da leitura, a marca do tempo na narrativa revela-o como a quarta dimensão.

Neste livro, a Virginia consegue abordar o tempo sem escolher uma máscara específica para ele: seja o tempo externo cronológico ou a percepção interna do tempo, o tempo dentro daquele microcosmo (a temporada de verão com a família numa praia) e o tempo quando marcado por eventos históricos (a guerra), todos eles atravessam a narrativa. O efeito global é muito interessante, por que é uma história que ocorre durante dois dias separados por dez anos. A primeira parte, e mais longa, se processa já no fim do dia, até a casa adormecer, então se passam dez anos, na sessão mais curta, para na terceira, e última, parte finalmente vermos o dia amanhecer. A impressão final é que o passeio ao farol na manhã seguinte realmente ocorre, com o pequeno detalhe de ser dez anos depois.

Vencido o estranhamento inicial com todas essas dimensões narrativas, a história vai se apresentar com toda sua sensibilidade para o leitor aberto. Ao Farol é descrito pela própria Virginia Woolf como uma Elegia, sua prosa poética homenageia a base afetiva sob a qual seu romance é escrito, as temporadas de veraneio na Cornualha com a família, quando finalmente ela consegue canalizar através da caneta todos os sentimentos conflitantes pelos pais, pela arte e, sobretudo, pela vida.
Victor 08/07/2021minha estante
Adorei a resenha, esse definitivamente vai ser o meu próximo dela.


João 08/07/2021minha estante
É meu fav dela migo




marianamanzano 05/07/2021

surpreendida pela escrita
eu simplesmente adorei a escrita, não esperava gostar tanto já que no começo fiquei meio perdida
a única coisa que me pertubou um pouco foi a minha experiência de leitura, pessoalmente. sinto que não foi uma boa época pra essa leitura e espero reler um dia e então aproveitar 100%
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Faluz 29/06/2021

Jorro de pensamento - RUMO AO FAROL
Encantador. Pensamos bem na filosofia de Marleau Ponty, estamos no mundo observando.
Como um jorro de pensamento o livro transcorre aos nossos olhos como um pensamento que se materializa. Uma delícia. Um encanamento imperdível.
Estamos no mundo observando.
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gabriela 14/06/2021

esse livro foi uma experiência diferente de tudo que eu já li, o jeito que ela escreve parece que ta te colocando lá dentro da história e que tu tá vivendo as mesmas coisas que os personagens
não foi o meu preferido da virginia, mas sei que vou precisar de uma releitura de tantas nuances que esse livro tem, pq ctz que não peguei nem metade
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Caroline1091 26/05/2021

Virginia Woolf foi uma das maiores escritoras do século XX e até hoje suas obras perpetuam no tempo. No ano de 1927 lançou "Ao Farol", aquele que seria o seu livro com maior teor autobiográfico, mas Virginia, astuta como uma loba, encobre qualquer vestígio de sua vida pessoal.

Em "Ao Farol" a escritora revisita o passado, organiza suas memórias de infância, revê seus pais, e tenta seguir em frente. Nele ela cria o retrato de uma família, as nuances de seus sentimentos, e se debruça sobre as mudanças que o tempo acarreta consigo. Com uma escrita poética e envolvente, ela retira o véu que encobre as tensões e fraquezas existentes em uma família.
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Larissa.Carvalho 18/04/2021

Uma (quase) autobiografia que vai muito além da vida individual
Ao Farol, de Virginia Woolf, é um retrato da vida tão fiel quanto este poderia ser com o uso de apenas papel e tinta. Isto não só pelos aspectos técnicos que circundam a obra, como o uso do fluxo de consciência e a subjetividade transbordante na narrativa em primeira pessoa, mas também por ser uma transcriação de suas experiências familiares.

Recheado de metáforas, o livro traz concepções conflitantes de mundo em um equilíbrio dinâmico. Talvez, a principal destas questões seja o papel da mulher. A obsessão da Sra. Ramsay pelo casamento, sua submissão ao marido, e até mesmo as falas machistas de Charles Tansley contrastam diametralmente com a solteirice livre e criativa da artista Lily Briscoe. E é essa a voz feminina que ressoa no capítulo final do livro, às custas do sacrifício do estilo de vida vitoriano e de suas companheiras mulheres que a ele se submeteram, quase como em um veredicto de Virginia.

Há, porém, no meio da narrativa, uma seção que difere do tom comum às obras experimentais de Virginia Woolf, trazendo uma prosa mais poética, livre, que concentra-se em objetos, em vez de pessoas. A bela descrição da ruína da casa, que atua como uma metáfora à passagem do próprio tempo e aos infortúnios da Primeira Guerra Mundial, porém, é quebrada por colchetes sucintos, nos quais é resumida também a ruína da família Ramsay, de uma maneira tão sucinta que lhe aumenta a tragicidade.

"Ao Farol" é, portanto, uma obra fundamental de Virginia Woolf, na qual a escritora exibe uma capacidade incrível de balancear as vozes - concretas e subjetivas - de diversos indivíduos simultaneamente, sem deixar porém que estes se destaquem de seu contexto histórico.
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Nanda 12/04/2021

O que dizer sobre esta obra incrível?
É bem interessante a forma como se dão os pensamentos dos personagens! A forma como pensam e observam o mundo ao seu redor... mostrando que as ações humanas não são nadas superficiais como dão a entender.
Vou ler de novo sim.
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Maria.Laura 12/04/2021

Ao farol
Por muitos anos esse livro ficou parado na minha estante apesar de eu sempre ter uma curiosidade inexplicável por ele. Meu processo com essa leitura não fácil, quase a abandonei algumas vezes. O tipo de escrita da Virginia Woolf não é simples mas, depois que você acostuma, é encantadora.

No tempo que li essa história, refleti sobre muitas coisas e como não refletir em uma história em que se transita pelo tempo e pela cabeça de tantos personagens?

Entre as condições de ser mulher, a passagem do tempo e as perdas da vida, uma jornada rumo ao farol traz tudo isso.
Li 13/04/2021minha estante
Também estou com o meu parado faz bastante tempo, cheguei a começar, mas não me prendeu naquele momento,acho que chegará o meu momento certo pra ele.




Thaís Senra 08/04/2021

Ao Farol
"...isso é da melhor qualidade, pensou, comparando uma coisa com a outra. Mas precisava ler de novo. Não conseguia lembrar-se do aspecto geral da coisa."

Muitas vezes me senti como na citação, porém "Ao Farol" é aquele tipo de livro onde ninguém entende nada mas mesmo assim ama.

Virginia Woolf traz reflexões sobre pertencimento, morte, vida, guerra e vontades.
O livro se passa, majoritariamente, em torno da família Ramsay, que é constituída por 1 casal e 8 filhos. Essa família viaja para uma casa na praia com o objetivo de visitar o farol, alguns amigos também os acompanham. A 1ª parte (que para mim foi a mais demorada) se passa no período de um dia, a 2ª é a mais recheada de reflexões, uma vez que os personagens já não estão na casa e a 3ª, e última, é sobre uma visita que ocorre muitos anos depois.

É uma leitura densa por isso demanda um pouco mais de concentração e tempo
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Will 03/04/2021

Primeiro contato com Virginia, indicação de Rita Von Hunty, consegui sentir a passagem do tempo que ela descreve quase como se fosse a casa ou o próprio farol que a vigia (reflexo da quarentena talvez).
Gostei também de como ela descreve os pensamentos e relações apesar de não ter me apegado a ninguém profundamente a não ser as próprias palavras que refletem um pouco da autora.
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Junia 02/04/2021

Se o tempo estiver bom
De um personagem a outro, o leitor vai mergulhando em pensamentos por meio do fluxo de consciência e parcos discursos indiretos. A narrativa se distribui em três partes. A primeira e a terceira narram um período de um dia e meio, mais ou menos. Enquanto a segunda, a mais curta, apreende uma passagem de dez anos. Este período intervalar guarda a mudança nos sentimentos dos personagens que compõem a narrativa.

"Ao Farol" se passa em uma casa de praia, em frente ao farol, onde a família Ramsey passa o verão, juntamente com amigos que o acompanham. A Sra. Ramsey, uma mulher muito bela organiza um jantar festivo, e entre este preparativo e o jantar em si, vamos entendendo os componentes desta história em meio aos seus pensamentos e de outros personagens. Neste jantar estão, além dela e do Sr. Ramsey, seus oito filhos e alguns amigos convidados, entre eles Lily Briscoe, pintora que contrapõe, em seu modo de viver, o que a Sra. Ramsey acredita sobre a necessidade de casamento, mas, apesar dessa diferença, Lily é extremamente encantada por aquela família.

Nos dez anos que se seguem, a casa é o centro da narrativa e os fatos da família e amigos são apresentados de forma abrupta e irão compor os bastidores sentimentais e reflexivos da terceira parte, na qual a família retorna à casa. Das ruínas, o que resta? Como se compõem aquelas vidas, no pós-guerra? Poético, rítmico, o texto de Virgínia Woolf desliza entre pensamentos, delírios, inconstâncias, emoções desconexas ou não.

Virginia Woolf sempre vale a leitura.
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