Tamires Durães 29/12/2021Os desafios de ler Virgínia WolfApós ler Orlando, fiquei com uma pulga atrás da orelha em relação à complexidade da escrita de VW, resolvi me aventurar em mais um de seus romances e apesar de ter gostado mais deste que do outro, não estive em bons momentos durante a leitura, não absorvendo toda a sua potencialidade. Apesar disso, acompanhei a LC do Literature-se e pude tirar bons aproveitos. Em geral, mesmo que Virgínia negue a carga sentimetalista dessa obra, esta torna-se extremamente comovente e pessoal (tanto pra mim, quanto para a autora que descobri mais tarde). A narrativa não apresenta um grande enredo, mas é demasiadamente poética e aborda uma riqueza de aspectos sociais e emocionais. As personagens são complexas e muito reais.
"Todo o ser e todo o fazer, expansivo, resplandecente, vocal, evaporava-se; e nos reduzíamos, com uma sensação de solenidade, a sermos nós próprios, a um núcleo de escuridão em forma de cunha, algo invisível para os outros."
Ao expor sobre a morte em determinado momento, Virgínia "acende um farol" para o fato de o quanto uma pessoa pode representar em determinado círculo social, além disso, ela dispõe de figuras femininas antagônicas mas que se complementam de forma genuína, como os dois lados da moeda. Por fim, são diversas as impressões que esta leitura me causou, por ter como pano de fundo um drama familiar, o período de guerra, questões sociais, filosóficas e etc. Não posso deixar de destacar o posfácio surpreendente que a edição da Antológica traz, com certeza, torna a experiência literária singular. Desejo muito adquirí-la fisicamente e realizar uma releitura.