Zeka.Sixx 09/11/2023
Sem medo algum de ser provocativo
Este livrou marcou minha primeira experiência com a literatura de Houllebecq (êta nomezinho complicado de escrever). Apareceu por acaso em uma das minhas redes sociais, e fui imediatamente fisgado quando percebi, pela sinopse, que boa parte do livro se passa na Tailândia, país pelo qual sou fascinado.
O romance tem como protagonista Michel, um funcionário público de quarenta anos: um sujeito antissocial, sem grandes paixões, tampouco grandes ambições. Após a morte de seu pai, com quem pouco convivia, Michel decide fazer uma viagem de férias pela Tailândia, onde conhece Valérie, uma jovem e sexualmente libertária agente de viagens que desperta Michel de seu torpor.
É uma obra que mais parece uma metralhadora giratória de polêmicas, disparando balas certeiras que não poupam praticamente ninguém (exceto, talvez, as quase sagradas prostitutas tailandesas). Michel é um personagem completamente amoral e repleto de pensamentos desprezíveis, os quais, contudo, são tão bem elaborados que, ao invés de causarem asco no leitor, arrancam dele gargalhadas.
Trata-se de um livro ácido ao extremo, que não tem qualquer medo de ser provocativo, de colocar o dedo na ferida. Exatamente por tudo isso, é uma belíssima leitura.
"No Ocidente, a vida é cara e faz frio; a prostituição é de péssima qualidade. Além do mais, é complicado fumar em lugares públicos e quase impossível comprar remédios e drogas; trabalha-se muito, há muitos carros e barulho, a segurança nos lugares públicos é péssima. Como se vê, existem muitos problemas. Constrangido, tomei consciência de que considerava a sociedade em que vivia quase como um meio natural - digamos, uma savana ou uma selva - , a cujas leis precisava me adaptar.