Resenhas - As Boas Mulheres da China

Gyovanna 22/09/2020

Extremamente doloroso
Xinran, sem rodeios e exaustivas descrições, apresentou um sensível trabalho ao coletar relatos de diferentes mulheres chinesas, de distintas idades, localidades e classes sociais.

Apesar da escrita fluída e envolvente, foi impossível devorar o livro devido à grande carga emocional que é depositada em cada página. As vivências relatadas em cada capítulo atingem em cheio quem lê. É necessário um respiro para processar a crueldade que cada mulher enfrentou enquanto viva.

Esse escrito foi capaz de abrir meus olhos a uma cultura totalmente diferente da minha, a estudar - novamente - seu processo formativo e a respeitar decisões que, com meu limitado olhar contemporâneo, discordaria.

Eternamente grata por ter encontrado As boas mulheres da China em 2020. Um livro de aprendizados em um ano de aprendizado.

Alê | @alexandrejjr 10/08/2020

O choque

Sim, "As boas mulheres da China" é "o" livro para tirar qualquer leitor da zona de conforto. O dedicado trabalho de Xinran em coletar histórias para entender a mulher chinesa acabou mostrando um rico panorama que viaja horizontes e abarca muito mais do que apenas a China. É o que eu chamo de livro essencial.

Meus caros e caras: abrir a primeira página deste livro é ter uma experiência única, dolorida e inesquecível. Xinran, que não pôde publicá-lo na China à época de seu lançamento, mostra que a defesa de princípios e valores são os legados que podemos deixar para a posteridade. O ato de mostrar a verdadeira face de um regime totalitário e arbitrário, focando a lente de sua curiosidade nas mulheres, é de uma coragem imensurável. Aqui, a cegueira da ideologia e a perda da razão geram consequências, e isso é mostrado da maneira mais fiel possível graças à habilidade da autora, uma verdadeira contadora de histórias.

O papel do homem aqui gera desconforto, gera nojo. Como podemos ser tão cruéis, tão vis? É muito triste ler sobre homens que, como os chineses das histórias, fizeram o que fizeram sob o pretexto da Revolução Cultural de Mao Tsé-tung, mas é pior ainda pensar que os chineses não são os únicos homens que agem com tamanho desprezo e que mundo afora, em nosso presente, talvez a cada esquina, existam figuras deploráveis como as deste livro. Não, não é confortável ler sobre estupros, suicídios e famílias separadas e mortas em defesa de uma ideia contra o "imperialismo capitalista". Mas é aí que mora a necessidade de conhecer o que para a maioria é desconhecido e assim procurar evitar os erros do passado, os do presente e os do futuro. Umas das melhores leituras que já fiz.

Rosangela Max 11/09/2022

Uma vida primitiva em um mundo moderno.
Infelizmente é mais do que sabido o tanto que as mulheres sofrem e vem sofrendo de todo tipo de maus tratos e violência ao longo dos séculos (acredito que seja milênios) e pouco é feito para mudar esta realidade. O mais difícil é ver que, em pleno século XXI, ainda existem países que perpetuam essa cultura de terror contra a mulher. No livro mostra que a China é um desses países, onde as mulheres, principalmente as das regiões mais remotas, são condicionadas a viver num estado de ignorância e submissão.
As historias são tão tristes e revoltantes, pincipalmente as: ?A menina que tinha uma mosca como animal de estimação?, ?As mães que sofreram um terremoto? e ?As mulheres da colina dos gritos?.
É uma leitura difícil por causa do tema, mas a escrita é maravilhosa.
É surpreendente como a autora conseguiu exercer seu trabalho de radialista e jornalista, focada em contar sobre a triste realidade das mulheres chinesas, em um pais marcado pela censura. A publicação dos seus livros (anos mais tarde) só foi possível quando ela se mudou para o Ocidente.
Já estou planejando adquirir outros livros da autora.
Recomendo a leitura.

Otávio - @vendavaldelivros 15/12/2020

O que sabemos sobre o “outro lado do mundo”? A China sempre despertou curiosidade na cultura ocidental, sendo alvo muitas vezes de preconceitos baseados na desinformação e na falta de compreensão de outras culturas. Quando Xinran resolveu escrever seu livro, abriu uma janela para que possamos enxergar realidades muito distantes da nossa. E, como toda abertura de consciência, essa também é dolorosa.

Publicado em 2002, “As boas mulheres da China” da jornalista Xinran narra as experiências vividas por ela com seu famoso programa local “Palavras na brisa noturna”, no qual dava conselhos aos ouvintes sobre assuntos diversos. Em determinado momento da carreira, Xinran se interessou em conhecer o que de fato viviam e pensavam as mulheres chinesas. Ela mesma, que sofreu com a Revolução Cultura perpetrada pelo governo comunista de Mao Tse-tung, revive lembranças duras de um passado não tão distante e faz correlações sobre a vida que vivia naquele momento.

Empatia. Vejam, eu não sou uma mulher, então ainda que tudo que está escrito ali me seja extremamente doloroso, o que me resta é a empatia. Eu nunca vou conseguir entender de verdade as dores e os sentimentos que são colocados ali. A adolescente que era abusada pelo pai desde a infância e se deixava doente para ficar em um hospital longe dele. A mãe que viu a filha agonizando por dias após um dos maiores terremotos da história da China. A mulher que foi estuprada em nome da Revolução. Só uma mulher consegue sentir, se não plenamente, mas o mais próximo da dor que essas mulheres sofreram.

Não existe regime ou forma de governo que justifique atrocidades. Não existe ideologia que valha a morte de crianças e a destruição do ser humano. A forma como as mulheres são vistas e tratadas em parte significativa da sociedade chinesa é, no mínimo, desesperadora. Passados quase 30 anos dessas experiências, é difícil acreditar que isso tenha mudado significativamente. A mim, restou, também, o choro contido, a garganta fechada, o soco no estômago e o entendimento que nossa vida, essa que achamos que é pequena e cheia de problemas, no final das contas pode ser um paraíso para alguém do outro lado do mundo.


site: https://www.instagram.com/p/CI1UuT8nU0X/

Fagner 21/07/2009

As boas guerreiras da China
As boas mulheres da China é um daqueles livros que, ao olhar, não damos nada por ele. Mas é ao começar a ler que levamos aquele baque ao perceber o erro que cometeríamos somente julgando-o pela capa... Envolvente, trágico, emocionante, um livro que nos transporta para a vida de mulheres sofridas e com histórias inacreditáveis. Verdadeiras guerreiras que lutam por aquilo que lhes é mais caro: a dignidade. A cada capítulo terminado era um acesso de choro que eu tinha ao imaginar a vida daquelas mulheres... Mais do que indicado!

Amanda262 04/01/2021

Esse foi o livro mais pesado que eu já li. Não sei o que escrever... é necessário mas é um soco no estômago a cada capítulo.

Bookster Pedro Pacifico 01/03/2020

As boas mulheres da China, Xinran – Nota 9,5/10
Em "As boas mulheres da China", Xinran nos presenteia com os relatos sobre a vida de mulheres de diferentes idades e classes sociais, mas com um ponto em comum: o abuso e a submissão em relação ao marido, pais e irmãos. Em seu programa de rádio, a jornalista recebia desabafos e denúncias de ouvintes sobre o sofrimento vivenciado pela mera de condição de ser mulher e tentava, de certa forma, escancarar essa realidade até então tratada como um verdadeiro tabu no país. Xinran dá voz às mulheres.

Ao demonstrar a realidade enfrentada no final do século passado, com relatos datados de 1989 a 1997, a autora se deparar inúmeras vezes com temas envolvendo casamentos forçados, abusos sexuais, abusos psicológicos, objetificação da mulher e pobreza extrema. Alguns relatos são tão fortes que fica até mesmo difícil de acreditar que de fato ocorreram.

É, ao mesmo tempo, chocante e surpreendente! Um livro que recomendo muito e que aborda uma temática extremamente atual.

site: https://www.instagram.com/book.ster

Michela Wakami 20/10/2023

Impactante
Um livro que nos da um choque de realidade, realidade essa que não é minha nem sua, mas que nos atinge em cheio.
Nos trás a realidade de mulheres chinesas, que são difíceis de ser lidas, imagina de ser vividas.
Nos faz cair na real, do quanto vivemos alheios a atrocidades inimagináveis, existente no mundo.


Trecho do livro:

Naquela época, na China, eu poderia ter sido presa por escrever um livro como este. Não poderia correr o risco de abandonar o meu filho nem as mulheres que recebiam ajuda e encorajamento através do meu programa de rádio. Na Inglaterra, o livro tornou-se possível. E foi como se eu o tivesse escrito com o coração.
XINRAN


Obrigada Xinran, por esse trabalho lindo que você fez, para as mulheres chinesas.

Adonai 14/05/2021

Gênero em questão
Um livro que aponta inúmeras amarras de gênero, de sexualidades e de papéis impostos os quais prendem mulheres de diversos grupos, culturas e relações.

Em um país como a China, em um histórico recente de conflitos ideológicos e de problemáticas territoriais nacionais, mas também em âmbito internacional, a mulher e seu corpo são tomados, atravessados por usos e abusos, tomam formas desconfortáveis e ainda são submetidos em escalas de violência, explícita ou não e aqui relatados por Xinran, jornalista que ganha espaço em um programa de rádio capaz de fazer mover algumas dessas incômodas posições. É obra que faz repensar o gênero, mas principalmente as violências de gênero.

Rogéria Martins 19/10/2023

Doloroso, brutal e real.
Com uma escrita crua e sem rodeios, Xinran nos orienta a mergulhar no universo das mulheres chinesas, algumas inclusive da Revolução Cultural Chinesa, movimento político do ditador comunista Mao Tsé-Tung que durou 10 anos (1966-1976).

As Boas Mulheres da China traz histórias desconhecidas por muitos de nós, que acreditamos quase impossíveis de serem vividas, mas que foram a realidade de muitas chinesas durante um grande período de suas vidas.

A autora (que também é jornalista) entrevistou muitas mulheres com histórias brutais: relatos de maus tratos, violação do corpo ? até mesmo nos piores momentos possíveis ?, narrativas chocantes que nos levam ao choro, enjoo, revolta, tristeza e sensação de impotência em questão de minutos. Por que a vida das mulheres chinesas valia tão pouco?

Sob o meu ponto de vista, foi uma leitura necessária, mas muito, muito dolorosa. Em alguns momentos não pude conter as lágrimas ao imaginar a dor e traumas carregados por tantas mulheres em situação de completa vulnerabilidade.

Por fim, recomendo a leitura, com ressalvas caso você tenha algum tipo de sensibilidade a assuntos contendo violência sexual, principalmente a crianças.

Agradeço imensamente a minhas amigas queridas que me acompanharam nesta LC: Iêda, Michela e Vanessa. É sempre um prazer ler com vocês, queridas!

Thamiris.Treigher 21/05/2021

Esmagador
Um relato emagador e revoltante sobre a realidade das mulheres na China. Eu sabia que era uma vida desprovida de muitas coisas, mas não tinha a menor noção dessa realidade cruel, corajosamente exposta por Xinran.

Apesar de ser um livro de 256 páginas, eu demorei para ler, porque precisava de pausas longas para digerir as histórias de mulheres chinesas que passam por TODO tipo de humilhação, inclusive (e principalmente) da própria família. Tudo isso é aceito e incentivado por uma sociedade que viveu o contexto da Revolução Cultural da China, sob a dominação de Máo Tse Tung.

Xinran entrevistou mulheres de diferentes idades e condições sociais entre 1989 e 1997. Cada história traz uma dor diferente, mas todas têm algo em comum: mulheres que são obrigadas à submissão, humilhação, ausência de voz e de desejos e ao total desconhecimento sobre o que é viver com amor, felicidade, espaço, esperança, reconhecimento, afeto, igualdade e saúde mental.

Esse livro é forte e necessário, mas saiba que ficará de coração rasgado! Xinran, obrigada pela sua coragem!

"Eu começara a investigar as histórias das chinesas cheia de entusiasmo juvenil, mas muito pouco informada. Agora que sabia mais, tinha uma compreensão mais amadurecida - mas também sentia uma angústia maior. Às vezes era invadida por uma espécie de entorpecimento, devido a toda dor que encontrara, como se houvesse um calo formando-se dentro de mim. Aí ouvia mais uma história e voltava a ficar muito agitada."

Polly 02/08/2020

As Boas Mulheres da China e um Medo sem Definição (#121)
Quando eu decidi que leria As Boas Mulheres da China, eu realmente não sabia no que estava me metendo. Juro. Tinha uma ideia vaga sobre do que se tratava o livro, já que ele tinha sido indicação de uma influencer que gosto muito, mas confesso que eu não sabia que seria tão forte e que mexeria tanto comigo.

A realidade relatada é sobre mulheres chinesas antes, durante e depois da revolução cultural, mas poderia ser facilmente o nosso passado, ou o nosso futuro, vai saber... A história da humanidade é sempre cíclica e, sem nem perceber, a gente acaba voltando para pontos repetidos, que não deveríamos nunca voltar. Esse é um medo que me embrulha o estômago. De verdade. Mas, vamos em frente.

Xinran é uma jornalista chinesa, que entre o final dos anos 1980 e boa parte da década de 1990 apresentou um programa na rádio de seu país voltado a mulheres e a suas histórias. As Boas Mulheres da China reúne quinze histórias fortes e dolorosas, consolidando o trabalho de quase uma década da autora. Tais histórias se tornam ainda mais especiais na voz de Xinran, que além de ser uma escritora incrível, é também um ser humano fora da caixinha, possuindo uma empatia e uma sensibilidade incomuns. São histórias pesadas, tristes em sua maioria, mas a maneira como Xinran as conta, faz a gente querer mais, faz a gente querer que o livro não acabe nunca.

Outro aspecto relevante nas histórias é o político. Elas nos revelam que as desigualdades e as injustiças podem nos levar a um ressentimento vingativo, e nos fazerem voltar alguns passos atrás no que nunca foi para frente de verdade. É fato que qualquer tipo de ditadura é repressor para qualquer dos indivíduos que dela faz parte, mas inegavelmente os corpos femininos são os mais atingidos nesse processo, pois ao machismo cotidiano se junta a repressão ideológica (ambos violentos), e nós, mulheres, passamos a ser simples “coisas” em um piscar de olhos.

Enfim, As Boas Mulheres da China nos mostra o quanto do passado pode caber no presente. Não há como não se identificar ou ao menos sentir ternura por essas mulheres, que muitas vezes são só meninas descobrindo o pecado sem perdão que é nascer em um corpo feminino. Eu não posso falar mais do que te pedir que leia esse livro incrível.

Brenda.Podanosqui 10/08/2021

Duríssimo
O título não me remeteu ao que eu iria encontrar. Eu não fazia ideia..

Relatos duríssimos de histórias de vida de diversas mulheres entrevistadas pela autora Xinran, relatos singelos, porém extremamente profundos. A escrita de Xinran "pode ajudar a abrir um espaço para conciliar pensamentos e sentimentos novos".
Entender o quanto as mulheres na China foram oprimidas nos dá uma dimensão cultural da China moderna.

E vou lançar aqui um VIVA à leitura que proporciona refletir e aprender, mas acima de tudo mudar a própria concepção de mundo.

herbert.goncalves 17/03/2021

espetacular!!!
é triste, é doloroso, é comovente, mas acredito que é uma baita lição de empatia. a coragem que essas mulheres tiveram de contar as suas histórias mais íntimas com muitos detalhes é algo para se admirar. pesado e forte.

site: https://filmow.com/usuario/herbert_

Junior.Campos 26/07/2020

Ótima leitura, super recomendo.
Não sei se o momento que vivemos agora é o ideal para essa leitura, em alguns momentos me peguei triste e emocionado com os relatos das mulheres que a autora traz na no livro. Uma leitura envolvente que me fez refletir sobre privilégio e lugar de fala.