Bia 04/01/2020A primeira metade do livro trata-se de uma introdução prolixa, inobjetiva, extremamente desinteressante feita por Olavo de Carvalho e que se mostra inteiramente dispensável, já que Schopenhauer apresenta suas próprias anotações de maneira mais clara e sucinta ao fim do livro. Em uma passagem mais adiante, Schopenhauer diz que "os ignorantes têm um respeito muito particular pelos floreios retóricos gregos e latinos." Ao que faz parecer ser a técnica aqui aplicada pelo próprio Olavo.
Na segunda metade do livro, é finalmente apresentado o texto de Schopenhauer, que é inteiro comentado por Olavo.
Olavo de carvalho possui tal arrogância que, mesmo em notas de rodapé, sente necessidade de mencionar livros de própria autoria para ilustrar exemplos de Schopenhauer. Inclusive, é um tanto cômica a forma como Olavo tenta contestar ou derrubar alguns argumentos de Schopenhauer em notas de rodapé afirmando categoricamente que este usou de interpretações errôneas de conceitos aristotélicos. Eu diria no mínimo inédito dentre as minhas fontes de leitura. Geralmente, autores de comentários apontam outras interpretações sem precisar botar em cheque a credibilidade do original.
O texto de Schopenhauer em si não me cativou muito. É claramente um trabalho inacabado baseado em conceitos muitas vezes intuitivos e inerentes que o próprio autor talvez julgou não ser digno de sair da gaveta.
Ao final do livro, há alguns comentários adicionais de Olavo em que ele se perde da temática do livro para disseminar sua ideologia de direita extremista misturada com crenças, ao meu ver, infundadas da "hegemonia esquerdista".
Não pude deixar de notar a ausência de referências bibliográficas se não por uma ou outra sugestão de leitura e alguns títulos da própria autoria do Olavo.
A leitura é talvez interessante para prestar atenção às próprias técnicas argumentativas a que Olavo se fia.