spoiler visualizarbeatriz 18/07/2021
A Valsa Eterna ou A Eterna Valsa?
Primeiro, não sou fã de livros com esse teor espiritual e que têm como objetivo falar sobre religião, e gostaria de destacar isso. Porém, deixo claro também, que esse não foi o único fator que levei em conta para justificar minha nota.
Quando entramos na parte em que exploramos a vida do Sirius, senti um misto de raiva com tédio. É uma das personagens mais pretenciosas que eu já vi, ele se vê como um ser superior por não fazer coisas """normais""". Passamos por uma narrativa maçante, com diálogos vergonhosos. Vale ressaltar que Sirius tem falas extremamente problemáticas, em que a mulher é colocada como alguém que deveria estar submissa ao homem.
Aqui entramos em outra problemática do livro. A Sophia existe pra viver em função de Sirius. O momento mais sem noção pra mim é quando ela entra no mesmo curso superior que ele só para suprir a saudade que sentia por ele. Destaco aqui, ainda, que parece que o autor não sabe como funciona uma instituição de ensino superior brasileira, nem como é a vida de um pesquisador no Brasil (ou ele simplesmente ignorou todas as dificuldades que essa classe vive por conveniência narrativa).
Ademais, toda a explicação do porquê deus existir é completamente absurda, e todo o embate final com os líderes políticos e religiosas beira o ridículo tanto que chega a ser cômico. O último ponto que eu gostaria de destacar é que Sirius é comparado a Jesus, sendo que o autor não apresentou nada na narrativa que justificasse essa comparação, se seguirmos na lógica de que Jesus era um homem amoroso, aceitante, indulgente, e um benfeitor natural. Em contraponto, percebi Sirius como um homem orgulhoso, que não se mistura com os "outros", e que colocava toda sua grandiosidade no fato de ser alguém "inteligente" (e percebo que parte do conceito de que a inteligência só confere-se quando o indivíduo possui bom desempenho em ciências exatas e/ou biológicas).
Um ponto que não fez eu mudar minha percepção da narrativa nem alterou minha nota mas achei cômica: Sirius tenta descer à Terra para salvar sua amada, sai no soco, dá bicuda e tudo que tem direito, e dois segundos depois desiste porque a camada de Ozônio falou "viu, não pode moço".
Em suma, o livro possui personagens prepotentes e irritantes; uma história sem pé nem cabeça; reviravoltas absurdas; conveniências convenientes até demais e diálogos cafonas.