Maria @booksofmary 18/08/2021
Pra ficar com o coração na mão
Ithicana é um país formado por um conjunto de ilhas ligadas pela Ponte, uma construção ancestral que é a rota de travessia e comércio mais segura que existe entre dois continentes, atravessando os Tempest Seas que, como o próprio nome já diz, é um mar revolto e tempestuoso quase impossível de atravessar, tendo de um lado os países de Harendell e Amarid, e do outro os países de Maridrina e Valcotta.
Maridrina por sua vez é um reino desértico, sempre em guerra com o vizinho, o Império de Valcotta, e que está vendo sua população sucumbir à fome pela falta de alimentos, já que o rei de Ithicana entrega todos os bons suprimentos a Valcotta, deixando as sobras para o povo de Maridrina. E é com o intuito de salvar seu país que o Rei Silas levou vinte de suas filhas para serem criadas no deserto e serem treinadas, para então escolher dentre elas qual a espiã perfeita para ser entregue como uma aparentemente inocente noiva ao rei de Ithicana, como exigido pelo tratado de paz assinado pelos dois países quinze anos atrás.
E é assim que Lara é mandada para a terra bárbara de Ithicana, cujo rei ninguém conhece o rosto, para descobrir um meio de dominar a Ponte e salvar seu povo. Mas essa história tem muito mais tramóias políticas e segredos do que se imagina.
Eu amei esse livro, ele começa com uma bomba já no primeiro capítulo e segue com a autora mostrando que todos os lados dessa história estão escondendo segredos, de modo que fui acompanhando o desenvolvimento e as decisões da Lara com o coração na mão. Ela ela é uma personagem muito inteligente, que tem ideias muito boas que vão abrindo os caminhos que ela precisa, porém ela também demorou um pouquinho para aceitar algumas coisas, que às vezes já estavam claras para o leitor que possui informações a mais graças ao outro narrador da história, o que foi proposital e compreensível, pois ela foi criada isolada, com o único objetivo de salvar seu povo moribundo e mandada para um lugar onde ninguém nunca pôs os olhos, mas do qual contam histórias terríveis, se a visão dela se transformasse muito rápido não seria crível para com esse passado que ela carrega, de modo que acompanha-se o crescimento da personagem, além de outros segredos que ambos os narradores vão descobrindo ao longo do livro, até o ponto decisivo de virada da história.
Adorei também os outros personagens dessa história, principalmente o Aren e a Nana, amei muito o romance, as partes engraçadas, as muitas partes tensas e as questões políticas que fazem da Ponte de Ithicana um local tão disputado. A autora teve uma ideia muito interessante, e embora saibamos mais de alguns países do que de outros por conta do rumo da história, acho que ela os construiu bem, cada país com uma característica importante que o distingue dos demais, creio que vamos descobrir mais sobre eles no decorrer dos próximos livros, pois aparentemente a história da Lara com a Ponte termina no próximo volume, fechando essa duologia, mas virão mais livros com protagonistas que agora são personagens secundários, formando uma série nesse mesmo universo. Acho também que aquele último capítulo foi muito bom, porém um pouquinho só corrido, mas não é nada que tire méritos do livro. De modo que acho que a autora fez tudo de uma forma bem amarradinha e que me deixou extremamente curiosa pela continuação. Recomendo muito!!
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SPOILER!!!!! PRA QUEM LEU E FICOU PERDIDO COM AS MOTIVAÇÕES (e lembrete pra mim mesma quando for ler o resto):
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Ithicana, governado pelo rei Aren, é o país dono da Ponte, que é formado por ilhas rochosas e com muitas cobras, por isso depende do comércio proveniente da sua Ponte para sobreviver. Já Valcotta, no continente, é um país que possui terras mais férteis e produtivas, enquanto seu vizinho, Maridrina, é um país com um anorme deserto.
Portanto, o Rei Silas de Maridrina criou as filhas como assassinas, para infiltrar uma delas como noiva em Ithicana, já que o tratado de paz assinado entre os dois países quinze anos atrás exigia isso, visando tomar o controle da Ponte de Ithicana e assim ganhar caminho livre para suprimentos de guerra vindos do outro continente com o intuito de conquistar o país vizinho, Valcotta, além de outras vantagens políticas e econômicas.
Ele tem fundos para comprar suprimentos suficientes pela Ponte para tirar o povo de Maridrina da miséria e assim não entrar em guerra com ninguém, mas por ganância e vingança por nunca ter conseguido invadir as ilhas que formam Ithicana, ele quer o controle do comércio dominando a Ponte de Ithicana, assim como o controle das terras férteis de Valcotta ao derrubar a sua imperatriz.
Então Silas gasta o dinheiro de Maridrina comprando metal e armas que vem de Harendell pela Ponte (mesmo com Ithicana cobrando altas taxas pela travessia desse metal a fim de evitar guerras sem entrar em conflito direto com Maridrina por conta do acordo de paz), e com o dinheiro que sobra ele compra restos de suprimentos ruins para o povo. Valcotta recebe bons suprimentos da Ponte porque paga um preço justo por eles, como o pai de Lara deveria fazer.
Amarid se juntou a Maridrina porque se sentem enfraquecidos pela outra metade do acordo de paz, onde Ithicana se compromete como aliada de Herendell, com Ahnna, irmã gêmea de Aren, sendo prometida ao rei de lá (mesmo com o Aren dizendo que ela só casa se quiser, mas o resto do mundo não sabe disso) e porque a rainha de Amarid também quer as vantagens políticas e riquezas provenientes do comércio que o domínio da Ponte traz.