Resenhas - Introdução aos estudos culturais

Duda Ribeiro 27/10/2015

publiquei uma resenha deste livro neste link
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site: http://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/NORUS/article/view/6368/4466

Seane Melo 09/11/2011

Muito além de Birmingham
Se você pensa em ler Introdução aos Estudos Culturais a fim de adquirir ferramentas metodológicas para começar uma pesquisa nesta linha, você vai terminar a leitura frustrado. Mas, se você realmente deseja trabalhar com essa linha de pesquisa, esse livro ainda é uma leitura obrigatória.

Mattelart e Neveu dividem este breve, mas denso, trabalho em 5 capítulos. A leitura começa a ficar realmente interessante a partir do segundo capítulo, quando os autores (ou principalmente Mattelart, já que a escrita se assemelha muito a do autor) tratam das contribuições da Escola de Birmingham ou do Centre for Contemporary Cultural Studies (CCCS), que é a base de toda essa tradição de pesquisa.

Até aí, o livro não se diferencia de outras obras que tentaram sintetizar os estudos dos pesquisadores ingleses, mas Mattelart e Neveu vão traçar com precisão a evolução das temáticas e desenvolvimento das pesquisas nas gerações de pesquisadores do CCCS. Assim, por exemplo, os autores demonstram como estudos, inicialmente dedicados às subculturas inglesas (ou à cultura dos pobres) se expandiram para estudos de gênero, etnia e recepção. Os pesquisadores de Birmingham foram fortemente influenciados por intérpretes do marxismo, como Althusser e Gramsci, mas com virada conservadora que se passa na Inglaterra, alguns autores começam a se movimentar rumo ao pós-modernismo.

Nos dois últimos capítulos, os autores versam sobre a expansão dos cultural studies pelo mundo e sua ampla aceitação, o que acaba por gerar problemas. Pois, começa-se a reunir sob o título de cultural studies uma imensa gama de trabalhos provenientes das humanidades e das ciências sociais, sem distinções de temáticas ou metodologia. Os estudos culturais se distanciam dos trabalhos fundadores, passando a tratar dos cidadãos como consumidores e da cultura como parte do mercado global. Os autores destacam a contribuição de pesquisadores latino-americanos que vão renovar a vertente a partir do contexto de seus países.

Mattelart e Neveu ainda indicam os movimentos de renovação da vertente através de trabalhos sobre as diásporas, as imigrações e a mobilidade espacial que irão tratar das questões identitárias de uma nova maneira, retomando as contribuições dos fundadores. Em síntese, Introdução aos Estudos Culturais é uma ótima base para questionamentos sobre os vários caminhos que essa corrente de estudos pouco uniforme e importadora de teorias (uma antidisciplina, como chamam os autores) percorreu.