Dani 10/04/2021
RESENHA
VITÓRIA, A RAINHA
RESENHA
VITÓRIA, A RAINHA
A biografia íntima da mulher que comandou um Império
JULIA BAIRD
Uma criança mimada. Uma adolescente traumatizada. Uma rainha dedicada. Uma esposa apaixonada. Uma mãe caprichosa. Uma viúva resiliente. Um ícone memorável.
Vitória, A Rainha de Julia Baird. A biografia íntima da mulher que comandou um Império.
Nesta biografia, o primeiro livro que eu leio nesse estilo logo me conquistou por uma narrativa que difere da imaginação tradicional, é uma biografia romanceada, portanto não há ausência de semelhanças a qualquer outro livro de romance.
A autora com seu trabalho caprichado e zeloso, de duros anos de pesquisas a documentos reais e confidenciais, viajando e refazendo toda a trajetória de vida de Vitória para poder absorver um século de experiência, sofrendo certas censuras e tudo isto para produzir algo impecável, algo que desmentiria os mitos e exponharia a verdade, da primeira grande soberana a reinar sobre a Inglaterra.
Seu período de reinado ficou conhecido como a Era Vitoriana e governou por 63 anos morrendo aos 81 anos, em uma época que a expectativa de vida era 42 anos e, inclusive a idade que seu marido o Príncipe Albert morreu, com quem teve 9 filhos. Vitória foi a Rainha da Inglaterra e Imperatriz da Índia.
A narrativa nos remonta desde a árvore genealógica, mapa exibindo a grandeza de seu Império, a trajetória de vida de Victoire e o Duque de Kent, pais de Alexandrina Vitória, seu verdadeiro nome e ao nascimento desta, infância, juventude, primeira paixão, casamento, maternidade, viuvez, falecimento e os resultados de sua vida.
Além de abordar temas importantes da história do mundo como a revolução industrial, desenvolvimento das ideias fascistas que deram surgimento ao nazismo na Alemanha, como também uma obra recheada de figuras importantes como Florence Nightingale e escritores famosos como, Charles Dickens, Sir Arthur Conan Doyle, Mark Twain e entre outros.
Algo que me marcou muito nesta leitura e eu admiro a capacidade de Baird ao conseguir retratar de forma simples mas sublime, o sofrimento e as perdas. Cada ação de grito, choro e desespero simbolizando uma dor eu senti dentro de mim e ficaram plainando no meu consciente e me arrepiando sempre que eu lembrar, e retratar esses sentimentos requer enorme capacidade sensitiva.
Mesmo em seu leito de morte, seu coração bateu e pulsou até o último suspiro, Vitória sempre foi adepta a vida e principalmente quando ela se esvaía de si a cada sopro, o que me faz compreender que ela sofreu uma morte de espírito e alma e não física, tinha suas doenças, suas incapacidades e sua limitação com a idade, mas horas antes de morrer redigiu cartas e leu relatos de guerra.
A leitura mais lenta e prazerosa que eu tive, além de ser um assunto que eu exigia adentrar me afundo e habitar no mesmo plano em prol da satisfação de leitor, que se funde com obra e personagens.
Vitória era uma mulher retrógrada e condenava que as mulheres tivessem direitos em vida, porém em morte foi o símbolo, a esperança, a inspiração e a prova que as mulheres precisavam para lutar por seus direitos e exibir a verdade que sempre estivera soterrada: mulheres podem comandar um Império.