Feliz Aniversário, Sílvia

Feliz Aniversário, Sílvia Paula Bajer Fernandes




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Crítica, eu? 19/02/2019

Feliz Aniversário, Sílvia, de Paula Bajer, é o tipo de livro para se ler em um dia. O enredo narra a história do desaparecimento de Sabina, uma mulher de vida dupla, exatamente no dia em que sua amiga, Sílvia, completa 29 anos. Enquanto lida com a situação, a protagonista ainda luta interiormente com seu vício em dietas sem sentido.

A obra de Paula Bajer é divida em capítulos que ora são narrados num tom de conversa, ora são parte do diário de Sílvia, a protagonista. A progressão do texto é muito veloz e a história começa e termina muito rápido. É possível perceber que a proposta de Feliz Aniversário, Sílvia é bem diferente do que normalmente se vê em romances policiais. Primeiro, a obra não tem suspense nem mistério, tudo se descobre e se resolve em poucas páginas. Segundo, não há investigação nem momentos de ação. Terceiro, o estilo narrativo é pouco usual, com personagens superficiais, ambientação quase inexistente e a constante sensação de que o texto é mais uma poesia do que um romance.

O caráter pouco tradicional do livro pode afugentar leitores ávidos de literatura policial. Feliz Aniversário, Sílvia é uma obra difícil de se classificar. Não é exatamente um romance, mas também não é poesia, não é thriller, não é suspense, não é terror, não é mistério… Por vezes, o texto soa como uma obra policial quase dadaísta. A narrativa é toda construída em recortes que não demarcam muito bem a diferença entre presente, passado e futuro. É como se o leitor estivesse dentro de um trem a toda velocidade, assistindo a vida de Sílvia. O único ponto que nos oferece mais profundidade em relação à protagonista é sua compulsão por dietas, o que, em alguns momentos, soa mais concreto do que o próprio personagem. A agonia de Sílvia em relação ao seu corpo é quase palpável.

Sabina, personagem secundária do livro, é uma tradutora que, por acaso, tornou-se escritora. Quando seu marido descobre sua segunda profissão e toma conhecimento de todo o dinheiro que a esposa conseguiu com seus romances eróticos, o homem decide sequestrá-la e prendê-la em sua própria casa. Enquanto isso, joga a culpa do desaparecimento da esposa em Sílvia. O enredo do livro é basicamente esse, com poucos personagens a mais surgindo. A história parece apenas arranhar a superfície do que poderia realmente ter se tornado. Sílvia é uma protagonista interessante e com potencial. Sabina é uma mulher que dá vontade de conhecer mais. O grande problema de Feliz Aniversário, Sílvia é a falta de aprofundamento tanto dos tipos criados quanto da narrativa em si.

Paula Bajer tem uma escrita boa de acompanhar, clara e muito bem desenvolvida. Mas seu estilo narrativo fez com que Feliz Aniversário, Sílvia soasse mais como uma sinopse de alguma obra. Talvez se o livro tivesse mais páginas, o leitor pudesse criar mais empatia em relação à história. Sílvia e Sabina mereciam ter mais espaço. O livro, enfim, é o que se pode dizer que tem potencial para ser, mas que ainda não é. Feliz Aniversário, Sílvia, no entanto, não é o tipo de narrativa que sai rápido da cabeça do leitor. A problemática Sílvia e a complexa Sabina são personagens que ficam. Isso. Simplesmente ficam, como um pequeno corte que insiste em arder para lembrar que está ali. É por essa razão que o livro de Paula Bajer com certeza merecia a chance de se tornar uma obra mais densa, mais cheia. Sabina e Sílvia merecem ser vistas e acompanhadas, porque não são facilmente esquecíveis.

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