Bagageiro

Bagageiro Marcelino Freire




Resenhas - Bagageiro


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Antonio 27/10/2021

Leve com um quê de experimental
Este livro é todo construído em cima de brincadeiras com as palavras, em jogos com o texto seus significados, entre prosa e poesia, numa escrita lúdica que contém muito de experimental. É uma leitura leve: daqueles livros para ler quando se quer deixar de lado o peso da vida.
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Pandora 30/12/2018

Aqui em Recife tem um museu chamado "Cais do Sertão", alguns anos atrás fui a esse museu e ouvi um depoimento de um certo autor chamado Marcelino Freire. Fiquei encantada com a narrativa das memórias que ele fez, de como falou sobre amanhecer em Recife.

Guardei esse nome para reconhecer quando encontrasse em outro lugar. E foi nessa levada que encontrei "Bagageiro" e sua coletânea de ensaios literários com cheiro de contos de saudades, ternura, jocosidade e ironia bem típica do humor nordestino.

Ler Marcelino é como conversar com alguém bom de papo no metrô, na parada de ônibus, na fila do mercado. É gostoso, é lúdico, emociona quando a gente menos espera, preenche aquele espaço no peito que fica vazio até alguma história chegar. É um livro que faz ri, é um livro redondo, é um livro que leva você para passear.

Uma vez, apenas uma vez, aceitei sentar no bagageiro da bicicleta de um amigo meu. Adorei a sensação, é melhor que andar de moto, tem um toque de aventura, perigo e como era Agosto tinha todo aquele vento que envolve a gente em Recife.

Agora, escrevendo sobre Bagageiro me lembro dessa experiência épica de minha adolescência e penso em até que ponto ler tem qualquer coisa semelhante a entrega de quem sobe na bicicleta do colega e deixa ele escolher por quais caminhos vai nos levar a um destino aguardado.
mateuspy 17/11/2019minha estante
Achei muito bonita a imagem de nós embarcarmos bagageiro e sermos levados de história em história.




Karamaru 11/01/2019

O QUE CABE NUM BAGAGEIRO?
Para discorrer brevemente (não farei alusão a todos os ensaios) sobre o livro “O bagageiro”, de Marcelino Freire, abdiquei da preocupação tão comum de enquadrar uma obra literária em um gênero específico; fazer tal coisa, com esse livro, seria restringi-lo e adulterar uma verdade dele: a diversidade de temas, formas e vozes.

De início, a minha atenção foi fisgada pela parte perigráfica do livro: salta aos olhos o projeto gráfico de Thereza Almeida e a orelha – uma orelha memorável, sem dúvida! – com algumas troças e trocadilhos impagáveis, como “Ninguém dá ouvido mais para as minhas orelhas”.

Achei interessante a ideia do Marcelino de organizar o livro em “ensaios”. Ainda que não sejam ensaios “clássicos”, MF possivelmente assim os denominou subvertendo-lhes a forma tradicional, o que condiz com o tom crítico do livro, tom que não é novidade para quem já leu MF, pois sua obra espelha e possibilita questionar a realidade, deixando ressoar a voz dos vilipendiados pela sociedade. Bom exemplo disso são os ótimos “ensaio sobre a educação” e “ensaio sobre a civilização”. Este, talvez, o mais impactante do conjunto; o coro ainda martela na minha cabeça.

O belo “ensaio inicial sobre a poesia” justifica a composição do livro; fez-me entender que as coisas que se levam no Bagageiro – objetos, sons, rostos, lembranças etc – são Poesia, afinal “Poesia não tem dono. Poesia é esse molambo que eu uso. Essas flores na minha a mesa. Esse jeito de me arrumar para a palavra” (p. 22). Nesse quase exercício de “autoficção lírica” é impossível não se lembrar das “Memórias inventadas”, de Manoel de Barros (aludido no livro, inclusive).

O “ensaio sobre o prazer” é o mais divertido de todos e há um sutil trabalho da linguagem com duplo sentido. Entre os diversos ensaios, há os “ensaios sobre ficção”, um leque de minitextos interligados tematicamente, que funcionam como deliciosos interlúdios, recheados com pitadas de humor e curiosidades do universo literário.

A única ressalva que faria é que, apesar da diversidade já citada, achei o bagageiro “muito organizado” num certo sentido. Não obstante, um livro memorável para compor o nosso bagageiro de leituras. Muito recomendado.
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Joao.Paulo 02/10/2020

Inteligente e rápido
Uma leitura prazerosa, com humor, críticas ácidas e dissecação da alma
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Alexandre Kovacs / Mundo de K 03/10/2018

Marcelino Freire - Bagageiro
Editora José Olympio - 160 Páginas - Projeto gráfico e capa: Thereza Almeida - Lançamento: 24/09/2018.

Com o pernambucano Marcelino Freire, a literatura se aproxima da linguagem das ruas e ganha ares de irreverência; normalmente o seu tom bem-humorado é um contraponto aos temas difíceis abordados em seus textos, que refletem a violência urbana e a injustiça social em um Brasil que muitas vezes não queremos ou fingimos não ver. Marcelino, já acostumado aos prêmios literários (Jabuti em 2006 com Contos negreiros e Prêmio Machado de Assis da Biblioteca Nacional em 2014 para o seu primeiro romance Nossos ossos), não abre mão da força e autenticidade do seu estilo, afastando-se da "palavra que põe gravata", mas sempre com a poesia ao seu lado.

Bagageiro já prende a atenção do leitor desde o texto de apresentação da orelha, escrita por ninguém menos do que... Marcelino Freire, o próprio! O autor já vai mostrando, antes mesmo do livro começar, a sua habilidade no uso da escrita criativa, um termo já desgastado na literatura contemporânea, mas que ilustra muito bem o que aguarda o leitor pela frente: "A pior orelha é aquela que quer aparecer mais do que o escritor. Eu sempre escrevo orelhas assim quando me convidam. Por isso, não me convidem mais. Eu não sei escrever orelhas." Por sinal, Marcelino Freire, que foi aluno de Raimundo Carrero, já coordena concorridas oficinas literárias há muitos anos, além de ser um combativo agitador cultural.

O livro é formado por uma coleção de ensaios sobre os mais variados temas. Contudo, ensaio não seria a melhor definição para os textos que se apresentam como contos, pensamentos, citações, poesias, ou todas as opções misturadas. Como Marcelino explica: "bagageiro, no Recife, é onde a gente leva tudo, de carona, em cima da bicicleta. Botijão de gás, criança, bomba atômica." Assim, em alta velocidade (o problema do livro é que acaba muito rápido) e sempre admirados com o artesanato que o autor faz da palavra, somos surpreendidos em cada página. O trecho abaixo, que ilustra tão bem o estilo direto e ao mesmo tempo lírico do autor, é um destaque do "Ensaio inicial sobre a poesia", onde uma mulher se define como poeta.

"Acho lindo recordar os antigos momentos. Mesmo com sofrimento e poucas garantias. Sou poeta porque sei traduzir as injustiças. A saber: olhar na cara de qualquer jumento e absorver o que ele está dizendo. Eu aprofundo. Escrevo para aprofundar. A palavra me deu unha. E não falo, assim, de poder. Da palavra que põe gravata, não é nada disso o que eu quero dizer. Digo da palavra que me põe de pé, deu para entender? E me põe de cabeça forte. E o pensamento solto que ninguém domina."

"Poesia ruim é aquela que fica esperando o leitor chegar", uma série de máximas como esta, "sobre a escrita, a reescrita, a crítica, o país, o mundo, a vida literária. E não literária" estão agrupadas nos "Ensaios de ficção", como é típico da generosidade de Marcelino Freire vários escritores clássicos e também colegas contemporâneos inspiraram algumas delas e são citados. Lembrando sempre que: "Se um leitor parar para olhar a toda hora o número da página em que está, o escritor terá fracassado.", ou o conselho que o próprio autor pratica com maestria: "Só escreva com palavras que você consiga vestir. E sair com elas à rua."

Um dos melhores ensaios, no caso um conto, é inspirado nas recordações de um filho sobre a mãe que trabalhava na máquina de costura, chama-se "Ensaio sobre a prosa" e a precisão com que cada palavra vai sendo escolhida e costurada, compondo o ritmo da obra literária é uma bela demonstração de escrita (criativa ou seja lá que nome for), só um trecho é pouco para perceber a beleza da construção, mas o que fazer se tenho somente o espaço de uma resenha.

"O que eu gostava descobri ali, alavancando as engrenagens, mexendo na caixa de bobina, na ausência da mulher que trabalhava, incansável, entre carretéis e linhas. O que eu gostava não era do seu ziguezagueado e do desalento em mexer, corpulenta, a minha calça de escola, destruída, o uniforme disforme que eu trazia para infinito franzido e enredamento, menino, tu, desgraça, tá mais para um tatu, saído esfolado, do fundo da terra, tão sujo igual carvão, piolho de cobra, do mesmo modo que uma unha de gato."

Acho que a melhor epígrafe para este livro seria do próprio Marcelino Freire, qual o problema, afinal ele já não escreveu até mesmo a orelha? Vejam só que beleza ficaria no centro da página branca: "Juro que tudo o que eu escrevo é verdadeiro. O mentiroso sou eu." Não é tudo o que pode haver de mais importante na literatura? Ser verdadeiro e mentiroso, só nos resta aprender com o Marcelino, eita escritor arretado!
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@retratodaleitora 12/11/2018

Bagageiro foi um livro que já me chamou atenção pelo título; depois, lendo sobre o autor, descubro que Marcelino é pernambucano, como eu, e a vontade de ler esse livro só intensificou. Se você pesquisar no Google o significado da palavra bagageiro vai encontrar a seguinte definição: Bagageiro 1. que ou o que transporta bagagens. Em Recife, bagageiro é "onde a gente leva tudo, de carona, em cima da bicicleta. Botijão de gás, criança, bomba atômica" (citando a orelha do livro).

Quem é de Pernambuco visualiza logo um bagageiro lotado de tralhas em cima da bicicleta, que passa avexada nos quebra-mola quase derrubando tudo que, quase sempre, se equilibra amarrado com uma corda fina ou mesmo umas voltas de barbante, na base da fé e da confiança em quem está levando aquilo.

Bagageiro é um livro que também traz muita coisa em poucas páginas, pouco espaço. São 17 ensaios em pouco mais de 150 páginas, ou como diz o autor "esta foi uma obra de ficção. Embora tenha sido um livro de ensaios". É difícil definir os textos que o autor nos apresenta aqui; alguns são formados de trechos, frases curtas e recortes; outros são puro diálogo... Mas todos carregam sentimento, emoção, reflexão, nostalgia, críticas sociais, homenagens, arte e literatura simples e bela.


"A poesia ajudou a multiplicar. Somos falidas para outras riquezas, compreendem a beleza? A gente sabe onde fica o chão do nosso lugar. A arte faz isso. Recupera. Não é essa demência que querem nos vender. De que a arte não serve, a arte é para vagabundos. Bêbados. Eu só bebo água da boa, que cai ali, sem engarrafar. Vivo com o tempo que o tempo me dá. E eu me sento, plena, se depender de mim todo dia triunfa um poema."


Esse foi meu primeiro contato com a escrita do Marcelino Freire, vencedor do prêmio Machado de Assis da Biblioteca Nacional com o livro Nossos Ossos, publicado pela editora Record em 2013, e um Prêmio Jabuti por Contos Negreiros (Record, 2005). Agora que já abri meu caminho pelas obras do autor, quero ler tudo dele.


"E já nem sei por que estou aqui, hoje, me defendendo. É só para ficar registrado em algum canto. Em algum voo de folha, pássaro. No tempo, no fundo do esquecimento. Enquanto houver poesia no mundo, podem apostar, fiquem vocês sabendo, eu estarei lá dentro.
Eu estarei lá."


Queria falar de cada um dos textos, mas tiraria a graça da coisa. Gostei muito da experiência de leitura, e é certamente um livro que recomendo e que irei emprestar aos amigos, temos que ler, apreciar e divulgar a literatura de nossa terra, do nosso canto no mundo. Leiam!

site: https://umaleitoravoraz.blogspot.com/2018/11/resenha-bagageiro-de-marcelino-freire.html
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mateuspy 17/11/2019

Você me despertou a fascinação pelas palavras
A escrita de Marcelino Freire me faz querer escrever, para me divertir com as palavras como esse homem faz. Espero que faça, pelo menos. Me diverti com cada palavra, sofri com algumas. Fui fisgado pela orelha do livro, que li em voz alta para que meus amigos se apaixonem como eu me apaixonei perdidamente por Marcelino Freire em "Bagageiro". Por causa de seu livro eu escrevi novamente. Me sinto menos morto. "Eu sou pobre de felicidade" é algo que costumo acreditar. Mas ler/descobrir/tropeçar em livros como esse me permitem lembrar que também minto para mim mesmo, para minha (in)felicidade. Posso ser um mentiroso, mas o que escrevo é verdadeiro.
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Lua 03/11/2021

No Bagageiro
Bagageiro é um livro de ensaios sobre os mais diversos temas. O primeiro, "ensaio sobre a poesia", conquistou todo o meu coração e nem que eu quisesse, poderia parar de ler.
As frases pontuais sobre ser escritor e sobre escrita baseadas em sua casa experiência, também são incríveis e deixam aquele fio pra gente seguir a meada e pensar muito!

A escrita de Marcelino é de uma singularidade desconcertante. A sinceridade e as poucas papas na língua (ou nas mãos que escrevem) fazem da leitura extrapolar os limites para uma verdadeira experiência.

Com certeza lerei outros livros dele!
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Carol.Cuofano 22/08/2022

Primeiro contato
Este é o meu primeiro contato com a produção escrita de Marcelino Freire.
Nesta obra, nós lemos diversos ensaios com temáticas variadas: poesia, arte, ficção, prosa, educação, dentre outros.
Nesses ensaios, Marcelino vai, por meio de um interessante jogo de palavras e de modos variados de formato dos textos, nos apresentando visões dos mais diversos assuntos, ora de maneira mais reflexiva, ora de maneira mais leve.
Demorei uns bons textos do livro para entender a dinâmica dos textos. Não costumo me dar muito bem com a leitura de textos mais curtos, mas achei a proposta de Marcelino bem interessante e diferente do que estou acostumada a buscar enquanto leitora.
Alguns textos acaba por figurar entre os preferidos: "Ensaios de ficção II", "Ensaio sobre a educação", "Ensaio sobre o teatro" e "Ensaio sobre a civilização".
Pretendo ler outros livros do autor.
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Wacinom 12/01/2023

Ah, bagageiro no Recife, é Onde a gente leva tudo, de carona, em cima da bicicleta... Eu queria juntas algumas histórias neste Bagageiro.
Marcelino e seus conto emntodo canto. Vale a Leitura.
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paraondealeiturameleva 05/02/2020

Divertido
Retrata de forma engraçada, irônica, situações presentes no cotidiano
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Bruna.Gabrille 26/02/2024

Quanta coisa cabe nesse bagageiro!
Marcelino Freire tem um dom para te fisgar com seu humor ágil, ácido, interessante! Ele te mantém entretido até que...sem aviso, lá vem mais um bote! Um final de estilhaçar o coração.

Um livro ensaístico, com histórias independentes, curtas de pouco mais de 4 ou 6 páginas cada. As vezes, são apenas pensamentos soltos que vão pipocando durante o raciocínio do autor (hilários, a propósito!), links que vão se ramificando em novas tiradas.

Alguns contos são verdadeiros manifestos, outros não se levam tão a sério. Tudo regado a muita prosa poética (Ou "prosa patética", como brinca Marcelino)

Achei esse livro solitário em uma livraria, li apenas as orelhas antes de comprar (que são uma comédia à parte), decidi dar uma chance a ele e me surpreendi muito!
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