Kaique.Nunes 12/02/2019
É possível constatar a ligação do pensamento de Kierkegaard, tanto com a figura de Sócrates como com a figura de Cristo. O pensador dinamarquês situa-se entre esses dois polos. A temática do amor é algo constante na filosofia desde os antigos gregos cujo a obra O Banquete de Platão tornou-se célebre em toda a tradição filosófica ocidental.
A obra de Kierkegaard, ainda que faça muitas referências aos filósofos antigos, avança em relação a eles. Ela traz ao amor a ideia de dever. Trata-se do imperativo evangélico “Tu deves amar”. Amar, na perspectiva socrática, relaciona-se ao erótico e ao poder da sedução. Aquele que ama por essa perspectiva age de maneira egoísta, pensando sempre em si mesmo e na sua auto-realização. O amor cristão não é procedente do indivíduo, mas de Deus.
Entretanto, cabe ao indivíduo cumprir o mandamento do amor. Todavia, diante de um mandamento, há sempre a liberdade humana para cumpri-lo ou refutá-lo. O amor é imperativo, mas é feito na forma de um convite por um Deus que preserva ao homem sempre a possibilidade, isto é, a vida ética. Não temos aqui um determinismo, mas uma escolha.
O título “As Obras do Amor”, evoca o amor como algo extremamente concreto e para ser vivido entre os homens. No entender kierkegaardiano, assim como no entender cristão, o amor deve sempre estar acompanhado de obras ou gestos efetivos. Elogiar o amor é importante, e isso já o fizeram muitos poetas, tais como o próprio Platão ou Shakespeare.
Todavia, o amor cristão exige a prática. Curiosamente, Kierkegaard, formado dentro de uma tradição do protestantismo clássico luterano, que sempre foi, ao menos, tímida com a relação entre a fé e as obras, afirma sua posição em defesa de uma fé que se mostre sempre viva através de suas obras.
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