Luz em agosto

Luz em agosto William Faulkner




Resenhas - Luz em Agosto


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Fran 22/02/2024

Luz em agosto - William Faulkner
Depois de ler "O Som e a Fúria", achei que Faulkner entraria no meu hall de atores incontestáveis. Porém, estou aqui contestando "Luz em agosto". Foi sofrido terminar esse clássico, tanto que nem mesmo penso em reler em algum momento.
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Beatriz.Varela 09/01/2024

Luz em Agosto - William Faulkner
O primeiro lido do ano veio arrastado do ano passado. Eu já tinha lido O Som e a Fúria do Faulkner, e apesar de ter sido bem desafiador, lembro de ter adorado. Dessa vez, não consegui me interessar muito por nenhum personagem. O livro se inicia com Lena, uma jovem grávida que caminha sozinha em busca do pai de seu filho, que a abandonou ao saber da gravidez. Quando comecei a me interessar pelo que aconteceria com ela, o livro faz várias digressões, só voltando para Lena nas últimas páginas, em um final que não achei satisfatório. Tudo que acontece é meio triste, mas os personagens também são tão horríveis que nem me senti triste por eles. Apesar de não ter gostado da história em si, gosto muito da escrita do Faulkner, então não foi de todo ruim.
Fiquei com vontade de reler O Som e a Fúria para saber se minha opinião sobre ele continua a mesma.
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Guilherme Amin 21/12/2023

Das trevas à redenção
Faulkner é um escritor que todos deveríamos conhecer.
Escolhi ?Luz em agosto? para começar porque é um de seus romances mais acessíveis.
Acessível sem ser fácil, e a densidade do texto nos obriga a ler devagar e atentamente, como tem de ser. Disso o leitor pode extrair grande prazer estético, pois a forma é um dos pontos altos do livro.
As personagens são marcadas por estigmas, marginalização e violência, um componente melodramático que é muito bem temperado com a prosa modernista. Esta inclui recuos e avanços inesperados no tempo, cujos efeitos são surpreendentes e fascinantes.
E, ao cabo de uma longa história de sofrimento, somos reconfortados com um final emocionante.
Gustavo Kamenach 21/12/2023minha estante
Ótima resenha, Guilherme! Me instigou mais ainda a conhecer a escrita de Faulkner!


Flávia Menezes 21/12/2023minha estante
Bela resenha, amigo! Descreve bem o ?efeito Faulkner?. ??


Vania.Cristina 21/12/2023minha estante
Quero ler esse!




Diego Rodrigues 22/10/2023

"O homem realiza, inventa, muito mais do que poderia ou deveria ter de suportar. É assim que descobre que não consegue suportar nada"
Publicado originalmente em 1932, "Luz em Agosto" forma, ao lado de "O Som e a Fúria" e "Absalão, Absalão", a tríade máxima da obra faulkneriana. Ambientado na cidade fictícia de Jefferson, no sul de um EUA marcado pela segregação racial e pela religiosidade fervorosa, o romance narra dois dramas paralelos que irão convergir a certa altura da narrativa. Viajando em condições precárias desde o Alabama, a jovem Lena Grove chega ao condado em busca do pai da criança que carrega no ventre. Por ali também vive Joe Christmas, um homem atormentado por fantasmas de um passado marcado pela violência e pela incerteza de suas origens.

Não foi leitura das mais fáceis! Tanto pelo tema, quanto pela estrutura narrativa. Para contar a história, Faulkner alterna entre fluxo de consciência, diálogos e um narrador onisciente. Não raras vezes um mesmo fato é narrado de diferentes perspectivas, com as particularidades que cabem a cada personagem, sem contar os inúmeros flashbacks. O início pode ser meio vertiginoso, leva um tempo pra se acostumar, mas aos poucos a leitura começa a fluir. Outro ponto é que este é um livro sem filtros e que irá tratar a violência e o racismo com toda a brutalidade da vida real. Algumas passagens podem ser bem indigestas, mas, apesar do realismo duro, Faulkner ainda consegue tirar alguma poesia desse pântano de dor e sofrimento.

Personagem é outro ponto que vale destacar. Aqui, cada um deles é ricamente construído, com traumas, imperfeições e motivações extremamente humanos. Ao longo de todo o romance, eles irão lidar com questões existenciais e dar diferentes respostas a um mundo cruel e implacável que, ainda sob as cicatrizes da Guerra Civil, não deixa de conversar com o nosso contexto, afinal, acaba por tratar de questões universais. A religião também desempenha papel fundamental na obra. Aqui veremos como as escrituras sagradas podem ser deturpadas e se tornar licença para cometer barbaridades nas mãos de pessoas doentias. Parece que há também toda uma alegoria cristã em torno do romance, tanto em suas personagens quanto em sua estrutura. Mas aí já não tenho propriedade pra falar...

É um livro que evidencia as hipocrisias que impregnam a nossa sociedade e as "manchas" de um passado que parece longínquo, mas que molda muito do que somos hoje, tanto como indivíduos, quanto sociedade. Com um quê de tragédia grega, vemos aqui os personagens tentando escapar ao seu destino e quebrar elos com um passado calcado em erros ou, em alguns casos, sangue derramado. Mas, quebrar essa corrente não é assim tão simples, afinal, atos de ódio tem um incrível poder de ecoar e atravessar gerações, ou até mesmo envenenar toda uma sociedade. "Luz em Agosto" é um romance duro de ser lido e desafiador em sua estrutura e, assim como todo livro difícil, recompensador em sua leitura.

Com tradução de Celso Mauro Paciornik, a edição da Cia. das Letras traz ainda um texto do escritor e jornalista brasileiro Michel Laub, onde o mesmo evidencia o quanto Faulkner, algumas vezes conservador e até mesmo racista, transcende a si mesmo ao conceber um romance que é uma denúncia contra a asfixia social e racial: "trata-se de outro elemento autobiográfico, talvez o mais importante em Faulkner: a firmeza de manter os olhos abertos diante de um horror que também estava dentro de si mesmo."

site: https://discolivro.blogspot.com/
@quixotandocomadani 23/10/2023minha estante
Adorei a frase que vc usou de título. E Faulkner é confuso mesmo no início. Achei que era só O som e a fúria, mas pelo visto nesse tbm é. É desafiante, mas gostoso. Rs


Diego Rodrigues 24/10/2023minha estante
É bem isso, Dani! O que eu achei mais "tranquilo" dele até agora foi "Enquanto Agonizo" e mesmo assim tem suas peculiaridades.. Mas, como vc disse, é sempre uma leitura desafiante e gostosa rs




Gabi.Maia 21/10/2023

Lugar no mundo, auto aceitação e segregação racial
Meu terceiro livro do autor e mais fácil de ler exceto pelo capítulo 20. Acho que levei um mês pra ler o livro todo e 15 dias só no capítulo 20, lendo e relendo e tentando entender.

Ler esse livro em grupo ajuda muito e tbem ir lendo as análises de cada capítulo no Spark Notes. Essencial!

Como os demais livros do autor, o livro não segue uma ordem cronológica, trazendo cap que seguem a linha do tempo do decorrer da história entremeados
por tantos outros cap que contam a história pregressa dos personagens.

Essa construção revela como a criação, a história de família e as relações na infância influenciaram comportamentos e decisões da história principal contada ao longo do livro, mas tbem de histórias paralelas dos personagens que tem suas histórias cruzadas na cidade de Jefferson no Mississipi.

Sendo passada nos EUA por volta de 50 anos após a guerra de secessão e no Sul do país, a segregação racial é bem marcada, aparece forte e chocante. Penetra de forma explícita ou não em cada parte desse livro intenso. Se mistura a história do personagem principal, o Christmas, que foi colocado na porta de um orfanato na véspera do Natal quando era bebê. E faz parte das reflexões quanto ao seu lugar no mundo e dentro dele mesmo.
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Roberto 15/05/2023

Uma luz que cega
Um livro sobre personagens atrás de seus sonhos e aspirações, em um lugar que não dá a mínima para os caprichos de ninguém, mas mesmo assim eles seguem tentando nem que isso os destrua
Como no caso das protagonistas, a jovem Lena Grove, que foi abandonada pelo marido ainda grávida, mas foi em uma viagem atrás dele para poderem viver juntos
Joe Christmas, um orfão ressentido com a sua origem e que por isso escolheu viver na criminalidade
Faulkner narra minuciosamente a vida no interior, nos transmitindo toda a beleza dos vales e fazendas, mas tambem nos mostrando a estagnação do lugar, tanto do ambiente, como casas encardidas, choupanas caindo aos pedaços e cheias de fungos, pó e ferrugem, e na vida dos cidadãos, sempre destruindo suas vida e a de outros ao redor por instintos primitivos, como vícios em álcool , ganância e fanatismo
O livro jamais se torna gordo porque a narrativa de Faulkner é bem seca e direta, porém ele não subestima o leitor, necessitando de extrema atenção em lembrar dos muitos personagens da história, todos eles muito bem escritos e parecem viver e respirar, e no maior desafio, que é não se perder no fluxo de tempo durante a leitura, algumas vezes indo e voltando na narrativa
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Cleo 11/04/2023

Luz Em Agosto foi meu primeiro contato com Faulkner e acho que não poderia ter começado da melhor forma. Foi uma leitura desafiadora, Faulkner usa de metáforas e simbolismos complexos e brilhantes, com saltos no tempo e narrativas fragmentadas, e muito, mas muito fluxo de consciência. E eu já sabia tudo isso antes de me aventurar na escrita faulkneriana, só não esperava gostar tanto. A profundidade e complexidade dos personagens me fez desejar que o livro fosse 3x maior, pra que eu pudesse explorar mais as mentes de Christmas, Brown, Lena, Byron e Hightower. Felizmente tenho todos os outros livros do autor pela frente.
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Jose506 21/03/2023

O Dilema de Christimas
"Luz em Agosto" de William Faulkner é um romance complexo e multifacetado que explora temas como racismo, identidade, religião e moralidade no sul dos Estados Unidos. O livro conta a história de vários personagens, incluindo Joe Christmas, um jovem branco que acredita ser descendente de afro-americanos e que é assombrado por seu passado.

O dilema de Joe Christmas é central para a trama do livro. Ele é um homem atormentado pelo medo de ser descoberto como alguém que não se encaixa nas expectativas sociais da época em que a história se passa. Por ser branco, ele não é aceito pela comunidade negra, e por acreditar ter sangue negro, é discriminado pela comunidade branca. Ele é forçado a viver em uma espécie de limbo racial, sem uma identidade clara.

Ao longo do livro, vemos Joe tentando se encontrar e descobrir sua verdadeira identidade, enquanto lida com as dificuldades impostas por sua condição racial. Ele tem relacionamentos turbulentos com mulheres, é perseguido por um policial racista e acaba cometendo um assassinato que o leva a uma fuga desesperada.

O livro apresenta uma análise profunda da sociedade sulista da época e do racismo que permeava todas as camadas da sociedade. Através da história de Joe Christmas, Faulkner nos mostra como a questão racial era um dilema moral e existencial para muitos indivíduos na época, e como isso afetava suas vidas de maneiras profundas e dolorosas.

Em resumo, "Luz em Agosto" é um romance complexo e desafiador que aborda questões profundas de identidade, racismo e moralidade. O dilema de Joe Christmas é apenas um dos muitos aspectos fascinantes do livro, que é um dos trabalhos mais importantes da literatura americana do século XX.
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Flávia Menezes 03/11/2022

CLUBE DOS REJEITADOS: A GRÁVIDA, O MESTIÇO E O PASTOR TRAÍDO
?Luz em Agosto?, publicado em 1932, é um romance gótico sulista e modernista do escritor norte-americano William Faulkner, no qual o autor se muniu de muita coragem e ousadia para penetrar no coração do puritanismo e do racismo americano, para desnudá-lo de tal forma, que acabou por torná-lo um dos mais poderosos romances do século XX.

A cada página, vamos nos encantando com essa prosa carregada de genialidade narrativa, onde, sem nenhuma ordem, e frequentemente interrompida por longos flashbacks e constantes mudanças de focos narrativos, os fatos vão emergindo de forma interposta, por meio de conversas, onde Faulkner permite que diferentes personagens possam emprestar sua voz com os seus próprios costumes idiomáticos sulistas. Ao contrário de em ?O Som e a Fúria?, em ?Luz em Agosto? o autor não conta somente com a narração em fluxo de consciência, mas também incorpora o diálogo e um narrador onisciente em terceira pessoa que desenvolve a história.

Ler Faulkner nunca será uma experiência simples, pois essa sua fala poética, filosófica de vertente existencialista, carregada de simbolismos, é bastante trabalhosa, e muitas vezes precisamos ler várias vezes o mesmo parágrafo para entender o que ele quis dizer. O que faz desse livro um momento de imersão e total abandono ao ato da leitura. Mas não é assim que deveríamos nos entregar às nossas leituras?

E entre metáforas e extremismos (luz-escuridão, bem-mal), racismo e puritanismo, mergulhamos na vida de três personagens: Lena Grove, uma jovem que engravida e é abandonada pelo pai do seu filho, saindo à sua procura; Joe Christmas, um homem que é entregue a um orfanato pelo próprio avô e passa a vida acreditando ter sangue negro correndo pelas suas veias; e o reverendo Gail Hightower, que passa uma vida toda obcecado pela morte do avô na Guerra de Secessão, e é para sempre atormentado pelo fantasma da esposa misteriosamente morta em um de seus momentos de escapadas extraconjugais.

Uma das coisas mais brilhantes da escrita do Faulkner é como ele desenvolve seus personagens. Sua construção não se restringe à personalidade e uma história de vida pregressa. Ele vai tão além, que há momentos em que você sente vontade de parar, pegar uma caneta e papel, e desenhar a árvore genealógica para compreender todos os enlaces que envolvem a ancestralidade dos personagens.

Um outro ponto de genialidade da construção dos personagens do Faulkner, é que não existem vilões e mocinhos. Nessa vertente existencialista do autor, seus personagens são tão reais, que você consegue ver a humanidade deles pulsando a cada momento em que suas vidas são esmiuçadas de tal forma, que chega a ser doloroso.

Houve um momento da leitura, onde a vida do personagem Christmas era contada, que eu tive que parar por um instante para me recuperar da intensidade das emoções que me foram despertadas pelas crenças que ele tinha de uma vida onde não era possível amar, porque amar era mais doloroso do que o odiar, ou ferir. De fato, amar para ele era ser ferido, e mortalmente. Mas não é o amor um ato de morrermos para nós mesmos, para o nosso egoísmo, e nos voltarmos às necessidades de um outro?

Aliás, esse tema, o amor, é algo bastante explorado neste livro, mas não pelo olhar romântico, e sim, pela visão dos vínculos relacionais.

Eu tenho essa visão de um Faulkner existencialista, mas também há nele essa consciência sistêmica, onde aqueles que nos precedem são tão importantes a ponto de estarmos ligados às suas vidas por vínculos indissolúveis. Tenha havido amor ou afeto, ou não. De fato, para Faulkner, seus personagens são parte daqueles que lhes deram a vida, que o autor não poupa esforços para desenvolver histórias familiares muito bem construídas, incluindo as sinas que se passam de gerações para gerações. O que até me fez lembrar do livro que li recentemente, que fala sobre a hereditariedade dos traumas familiares, que já são comprovados cientificamente. E me remeter a um livro como esse, só comprova o nível de maestria de William Faulkner.

Por isso é tão difícil não criar empatia com cada um dos personagens. Sejam eles bons ou não, estúpidos ou não, o fato é que essa simplicidade sulista impressa em uma vida de sofrimentos tão reais, banhados a crenças, rejeição e abandono, nos faz sentir como se estivéssemos sendo colocados de frente a um espelho, e cada personagem pudesse refletir, de algum jeito, e em alguma profundidade, cada uma dessas emoções e sentimentos que também existem em nós.

Não é à toa que Albert Camus admirava tanto Faulkner, pois nessa facilidade para tecer a realidade em suas obras, a sua personagem, Lena Grove, em sua comovente teimosia em prosseguir indo atrás de um homem que a abandonou grávida, faz uma verdadeira alusão ao absurdo da existência que Camus tanto defendia.

Existem muitas partes desse livro que me tocaram profundamente, e me levaram até às lágrimas, ou que me provocavam aquela dor interna de quando um sofrimento transpassa a nossa alma, mas existe uma relacionada à Lena Grove que me deixou bastante tocada, e eu a reproduzo aqui para compartilhar sua emocionante profundidade: ?Quando eles dão o fora em você, você simplesmente pega seja o que for que eles deixaram e vai em frente?. Não é profundo isso?

Escolhi essa parte em especial, porque apesar da rejeição, desrespeito e até do mau-caratismo que se escondem nessas linhas, ela também revela a força que existe naquele que é desprezado, mas que pega o que a vida lhe ensinou, e segue em frente de cabeça erguida. Esse é o ponto chave da história, e da nossa vida: quando aceitamos o passado tal como ele é, estamos prontos para viver o presente, e prosseguir e progredir!

Além do amor, um outro tema que se esconde em cada página é o da identidade. Ser e pertencer a uma família é o que compõe as raízes da nossa existência, e sem elas, não temos como nos manter fortes, e nem firmes para darmos origem aos nossos próprios frutos. E nessa história, essas raízes são detalhadas de forma que podemos compreender cada ato desses três personagens principais. Mesmo sem concordar, apenas somos guiados a compreendê-los.

Escrever uma resenha sobre um livro de William Faulkner é uma tarefa muito difícil, pois a sua obra é tão rica que seria necessário redigir vários artigos para conseguir abranger cada metáfora, cada fenômeno, e cada temática expressa nessas páginas. Algo que não estaria ao alcance dos reles conhecimentos dessa pobre marquesa, mas que ainda assim, vem aqui com coragem e tenta descrever em algumas poucas palavras essa experiência de leitura que nos leva de encontro de nós mesmos, e das nossas mais secretas verdades, sobre quem realmente somos.

Esse é o poder de William Faulkner, que eu espero que um dia você também possa se abrir para experienciar ao seu jeito, ao seu tempo, e com a mais brava atenção para cada sentimento que começará a emergir.
Francisco 03/11/2022minha estante
Ótima resenha!. Gostei muito das passagens que tratam do autor. Hoje mesmo iniciei um livro o do autor "Absalom! Absalom!" e percebi tratar-s de um grande desafio ao leitor.


Flávia Menezes 03/11/2022minha estante
Obrigada, Francisco! Faulkner não tem uma linguagem fácil, mas é uma excelente experiência de leitura. E esse que você iniciou, ?Absalão, Absalão?, será o meu próximo dele!!! Vou acompanhar as suas impressões.


Francisco 03/11/2022minha estante
Está sendo muito recompensador lê-lo. Também acompanharei suas impressões sobre o livro durante sua leitura.


Fabio 03/11/2022minha estante
Como assim eu perdi a entrada da resenha?! Foi corrido hoje!!!
Mas vamos ao que importa...para variar um pouco, uma resenha maravilhosa! Chega a dar vontade de parar tudo, e começar a devorar um Faulkner!
Eu ainda não li este livro, mas com toda a certeza vai para a minha lista pós maratona King,. Graças as suas resenhas eu tenho dezenas de obras para ler o ano que vem, principalmente os clássicos americanos... e espero companhia!!!


Flávia Menezes 03/11/2022minha estante
Nossa lindo, muito obrigada!!! Fábio obrigada mesmo pelas palavras! E eu vou ficar muito honrada mesmo com a sua companhia. Será ótimo poder ler clássicos com você! E quem sabe?primeiro um Faulkner, hein?


Fabio 03/11/2022minha estante
Claro que pode ser um Faulkner!!! A honra e toda minha, vc sabe linda!




Tiago600 25/09/2022

Divagações Pessoais acerca do Horror e da Expiação

O conhecer ao lado da memória, não a mágoa, lembra mil ruas solitárias e selvagens.

De acordo com os testemunhos, dizem que foi Xenofonte o primeiro que entendeu que os cavalos não serviam apenas como ferramentas para trabalho e obrar, segundo relatos, o grego se deu conta que poderia montá-lo, viver em harmonia com o animal. Obviamente os homens e o tempo distorceram tal harmonia e usaram da cavalaria para guerrear. Esses mesmos homens, em determinado momento pensaram ter sido modelados e lavrados pelo barro por um olho superior. Que poderiam desfrutar das gramas rasteiras, sazonais ventos, o sentido de desfrutar de um lago, o gosto do café, biologias de frutos que se desvelavam nas árvores, campos de trigo dourados, em suma, que o cio da terra havia provido todo o necessário, no entanto se esqueceram que essa mesma terra também produziu predadores, era o local dos gafanhotos e das cascáveis. Perante esse contraponto, criaram a imaginária necessidade de dividir o próximo em raças, traçar fronteiras imaginárias para depois adentrá-las atrás de pedras preciosas. Escravidão, genocídio, sangue lavado em sangue. Esse homem, carregando uma de arma de pólvora em seu coldre como uma extensão de seu ser, vestido com um chapéu de palha e tendo o sol a direita de seu ombro se achou um Deus. Não espanta que quando indagado pelos astecas o porque de tamanha barbárie, Hernán Cortés tenha sentenciado: "É que temos a febre do ouro". No entanto o que pode tiros fazerem contra uma sarça? Tiros não podem nada contra um arbusto que por sua natureza permanece intacto. Daí a necessidade de colocar fogo na mata, envenenar o solo, lançar bombas. Décadas se passaram, certas conquistas foram feitas e ainda assim permanecemos instrumentos da carnificina que nós próprios criamos, sem nos darmos conta que a existência precede o existir.


Em uma noite fria que se estende como um glaucoma gelado, saímos para um bar qualquer. De repente o jornal na TV do local anuncia que jovens de cabelos verdes, ossos no nariz, falando uma estranha língua, espancaram um índio ou um negro. Somos trespassados pela pele roxa indígena que espancada, agora se assemelha a um dia de crepúsculo. O choque. A carne surrada e amarrotada não sabe como agir. Então analisamos o diâmetro da lata de cerveja em nossas mãos, como alguém que encara um poço de sombras e sem fundo, o êmbolo das veias começa a bombardear o sangue mais rápido que vai fervendo como vinhas pisoteadas, quase se tornando gasolina, em ponto de entrar em combustão. Então pensamos de cabeça baixa e em silêncio: "tudo tem sido em vão". Ainda há pessoas de crânio atrofiado, divisando o outro pela raça, pela língua, por penachos, pelo sexo, pelo pigmento da pele (seja ela vermelha, amarelada, o negra) por questões religiosas e por aí se segue. Borbulhando, a mente não cessa de avançar. Então dizemos: "Chega. Por hoje basta". Vamos embora, nos deitamos ainda meio tontos e cambaleantes no ventre da cama. Porém a mente continua. Nossa história, é uma história de fracassos, século após século. Mesmo deitados, de olhos fechados (visando descanso) somos invadidos por visões. Elas vêm e vão sem a participação do observador sonolento, mas são essencialmente diferente das imagens do sonho, porque ela ainda é senhor de seus sentidos. Antes de adormecer, nos damos conta de uma conversa unilateral num setor adjunto da mente. Esse tolo fenômeno parece ser a contrapartida de certas visões pré-adormecimento. Falo não da imagem mental clara, conjurada por um bater de asas da vontade; esse é um dos movimentos mais valentes que o espírito humano é capaz. Também não me refiro às sombras projetadas sobre os bastões da retina por partículas de pó no humor vítreo, vistas como frios transparentes flutuando no campo visual. Talvez o mais próximo das miragens hipnagógicas em que pensamos, seja a mancha colorida, o golpe de uma imagem póstuma com que uma lâmpada que se acaba de apagar fere a noite da pálpebra. Elas vêm e vão sem a participação do observador sonolento, mas são essencialmente diferente das imagens do sonho, porque ela ainda é senhor de seus sentidos. Então o cérebro se rebela acreditando que um dia haverá uma chuva que limpará toda essa sujeira do mundo e só então adormecemos.
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Edson Lima 19/06/2022

Entre 1929 e 1936, Faulkner publicou cinco romances que permanecerão entre os mais significativos da literatura americana do século XX (O som e a fúria, Santuário, Enquanto Agonizo, Absalão! Absalão!, e Luz de agosto), William Faulkner causou uma onda de choque nos círculos literários norte-americanos, transformando o brilhante escritor sulista em um verdadeiro ícone, pelo qual qualquer autor com a ambição de fazer grande literatura não poderia, é certo, deixar de medir si mesmo, afundando em determinado momento em sua própria sombra.

Uma história na tradição do romance noir americano e que, adotando desde o início um ponto de vista onisciente bastante clássico, buscando traçar o caminho errático de Joe Christmas, mestiço, autor do homicídio voluntário de uma mulher branca. Crime tanto mais hediondo e inexplicável quanto ela, Joanna Burden, digna descendente de uma linha de ianques perdida no sul profundo, fervorosa defensora dos direitos civis dos negros libertos e vítimas por sua vez da hostilidade da comunidade de Jefferson ( cidade fictícia criada e localizada por Faulkner perto de Memphis), terá dedicado a maior parte de sua vida a apoiar a emancipação da comunidade afro-americana abandonada à sua sorte desde a derrota no sul de 1865.

Assassinato sem outra razão possível além de razões enraizadas na psicologia e traumas e humilhações sofridas por Joseph Christmas no contexto de extrema violência racial vigente nos estados do Sul, aqui o Mississippi nativo do escritor, onde seu personagem havia nascido, apenas para ser rejeitado e abandonado pelos brancos de sua mãe família. Clima de violência finalmente incentivado pela onda de puritanismo que varreu o país, levando, entre outras coisas, durante a década de 1920 à Lei Seca, a era de ouro dos contrabandistas, do crime organizado e da Ku Klux Klan.

O romance de Faulkner pensado de forma mais “clássica” em seu formato. A obra expõe a violência da sociedade retratada, puritana, racista, não aceitando a alteridade nem entre raças nem entre os sexos, baseada no ódio do outro e, em última análise, o ódio a si mesmo. Um livro que marca, realmente.

Faulkner, considera que não há como fugir de nossos papéis no mundo, atribuídos a nós por quem e pela terra que nos produz e o indivíduo ao tentar fugir acaba por se isolar, ainda que a possibilidade de redenção sempre pareça perto de nós, como uma estrela.
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Aline 21/05/2022

Sensacional
Os temas abordados por Faulkner neste livro, racismo extremo e fanatismo religioso, foram pra mim bem difíceis de encarar, principalmente sabendo que essas situações não são ficcionais. De fato aconteciam no período narrado. Estou ainda tentando entender o que moldou a pessoa que se tornou Christmas, um dos personagens principais. Se foi o caráter mesmo, ou o meio em que ele foi criado. Serão necessárias algumas releituras. Livro recomendadíssimo
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Camila Faria 15/04/2022

As histórias de dois personagens trágicos e fortes (cada um a sua maneira) se cruzam nessa narrativa ambientada no sul dos Estados Unidos, na década de 30. Lena Grove é uma jovem grávida, que percorre o país sozinha e a pé em busca do pai da criança, que prometeu buscá-la quando se estabelecesse numa nova cidade, mas nunca deu notícias. Joe Christmas é um homem que se passa por branco aos olhos da sociedade, mas que desconfia ter origem negra. Um homem que frequentemente usa a violência para fugir de seus conflitos internos, especialmente contra as pessoas que tentam mudá-lo. Fiquei impressionadíssima com a construção dos personagens nesse livro icônico do Faulkner. A gente vai desvendando os detalhes das vidas de cada personagem, num primeiro momento, pelo que os outros tem a dizer sobre eles ~ mas descobre ao longo da narrativa que as aparências escondem preconceitos e ódios, que nada é tão simples quanto parece ser. O passado tem um peso quase real, que mantêm todos presos a antigos traumas, em rumo a uma decadência que parece inevitável. Paradoxalmente, o livro tem uma aura de poesia e de esperança ~ e o final divide opiniões: alguns enxergam redenção, enquanto outros identificam uma certa dose de ironia e as cicatrizes imutáveis dos conflitos raciais e sociais.

site: https://naomemandeflores.com/os-quatro-ultimos-livros-33/
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O'Prado 08/01/2022

simples, hermético? Sinto q'era e continua sendo ótimo...
"Talvez a memória conhecendo, o conhecer começando a lembrar; talvez desejo até, pois cinco é uma idade muito nova para ter conhecido desespero suficiente para ter esperança" pg 126.

Sondando seres desgraçados, ainda assim esperançosos, começando com Lena Grove, moça grávida e desamparada que percorre milhas com caronas de carroças atrás do homem que a abandonara, uma existência que cruzará com a de rev. Hightower, caído em desgraça diante a comunidade pela morte de sua cônjuge agoniada e adúltera, e então há o protagonista, que move avanços e recuos no tempo da narração, o mestico Joe Christmas, que encontrou a benção e o martírio no ódio e indiferença de compaixão alheia, aceitava de bom grado a violência estrangeira, mas não sua empatia.
Faulkner sempre funciona comigo, além da simplicidade bucólica dos ambientes e das figuras, é belo e refrescante de se ler, fresco porque transmite naturalmente boas descrições, bons diálogos, e as "sentenças" do autor pra mim não são jogadas ao vento, foi irrelevante o uso de métodos acadêmicos de leitura pr'aquilo que chamam de "fluxo de consciência", autores como Faulkner, Woolf, Broch, sabiam que o melhor era fazer como queriam sem subestimar seus leitores.
"" Ele entra imediatamente, com aquele novo ar nascido a meio caminho entre segurança e desafio." E acho que você vai descobrir que odeia mais quando eu não tropeço do que quando tropeço", diz Byron. "" pg 272

Bom, a vontade é pôr todo trecho do romance aqui, cada parágrafo, descrição, diálogo, é um trabalho esplêndido, excelso, com o perdão do arcaísmo.
Reli pela 3° vez uma narrativa que não me cativava desde o contato com a Ilíada, aos 7 anos, é isso, um grande prazer, uma potência de memória perpétua.
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Debyh 31/12/2021

Luz em Agosto chegou para mim como uma incógnita, eu só sabia que era um drama e que o autor tinha ganhado o Prêmio Nobel de Literatura, e era isso que eu sabia da história. Então me surpreendi com um drama carregado de pessoas que só estão vivendo suas vidas, mas que enfrentam preconceito da sociedade, seja por sua descendência ou por outro motivos.
Lena está grávida, porém mesmo assim está atravessando várias cidades em busca do pai de seu filho, e então conhecemos mais pessoas que estão tentando viver da maneira que conhecem, temos Joe Christmas, que não está no melhor momento e Byron Burch que mesmo não tendo muito envolvimento com os acontecimentos, se envolve mesmo assim. Uma história com pessoas que sofrem por serem quem são, e por terem sido ensinadas erradas por toda a vida.
Completo: https://euinsisto.com.br/luz-em-agosto-william-faulkner
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