spoiler visualizarNatalie e Vivian @avidezliteraria 04/11/2018
James é um soldado britânico, especialista em explosivos, cuja vida se resume ao exército. Sem família e sem laços que o prendem, seu dever com seu País é tudo que conhece. Ao ser enviado para os Estados Unidos para ajudar em uma operação secreta, sua vida mudará de uma forma drástica.
Amira é uma muçulmana que vive na América, e nunca acatou as exigências e imposições de sua religião. Após uma tragédia pessoal, ela entra em luto, e não aceitando o que aconteceu, decide honrar a memória de quem se foi lutando para combater o mal que existe no mundo.
James descobre que sua missão será treinar um militar e uma civil para se infiltrarem em uma célula terrorista. E ao conhecer seus novos alunos, a figura vestida dos pés a cabeça de preto, com somente os olhos visíveis, atrai sua atenção e aos poucos consumirá seus pensamentos. A medida que as aulas progridem James terá três certezas: que por mais que ele se esforce o tempo é curto demais para ensinar tantas coisas, que ele não faz ideia de onde está e para quem trabalha, e que a mulher que está treinando claramente não tem condições de continuar na missão.
Em um cenário tenso, onde um erro custará uma vida, e com os ânimos elevados, James e Amira terão a luz da noite para conversar e formarem um vínculo. E na escuridão, os dois serão sinceros, falarão sobre seus medos, seus traumas e seus fantasmas. Com o tempo correndo contra eles, com uma missão extremamente perigosa para não dizer suicida, James e Amira terão uma chance, ou o vínculo construído ficará relegado ao luar?
Posso começar dizendo que a escrita de Jane Harvey é brilhante. É fácil de perceber o quanto a autora pesquisou e se empenhou para escrever o livro. James foi muito bem construído, existe todo um contexto do soldado que não sabe quem é sem seu trabalho, que tem que viver com os horrores que presenciou e que deixaram marcas e tem que seguir em frente e não se deixar abater. A jornada do personagem me cativou.
Mas o grande erro para mim está na classificação do livro como romance. Os teasers, a sinopse, todos apontam para uma estória de amor. Sinto muito, não concordo. O livro não é sobre amor. Nem sobre religião. Muito menos sobre guerra. O livro é sobre a vida de James, sobre o que ele viveu, sobre o que o moldou, passa por um trecho contando um período de sua vida (a trama do livro) até mostrar como isso o afetou e como ele está atualmente. A estrela do livro é ele, somente ele.
Amira não me ganhou em nenhum momento. O sofrimento e o luto fazem o ser humano fazer coisas que normalmente não faria, mas ela querer bancar a super espião altamente treinada foi difícil de aceitar. Ela para mim foi uma mulher perdida na dor, que viu sua família sofrer e não soube o que fazer. Foi mais fácil agir do que sentir. A decisão dela depois dos acontecimentos de continuar o trabalho do irmão e novamente ser colocar em perigo não me causou empatia. Ela foi egoísta, mimada, manipuladora e burra. O modo como usou James e depois o dispensou cimentou meu ódio pela personagem.
Clay foi um ótimo coadjuvante, amigo, leal e solicito. Seu sacrifício foi inspirado pela amizade e pelo amor. Um ótimo personagem.
Como já disse acima, o livro é sobre James. Sobre sua trajetória. Se irei ler o próximo livro e a conclusão da estória? Certamente. Mas somente por querer saber o que acontecerá com ele. Sinceramente esperava mais. Mas credito essa impressão pelo equívoco na classificação. O romance passou longe. Mas como drama, foi bem escrito.