Rih-S 27/01/2019
TRADU DO TRECHO EXCLUSIVO DA EDIÇÃO DA BARNES & NOBLE - POV DO KENJI
Gente, o trecho que vou colar aqui não é o liberado já desse livro, mas sim o capítulo extra da versão exclusiva de Restaura-me para os que compraram na Barnes & Noble (EUA).
Colando aqui porque é no ponto de vista do Kenji (e porque já tinha colado outro cap liberado de Restaura-me lá na resenha do livro).
Segue:
________Capítulo Extra do Kenji ______
“Filho de uma-”
Engulo o resto das palavras, minha mandíbula apertando dolorosamente enquanto suprimo a vontade de gritar. É claro que essa merda acontece comigo. É óbvio que acontece. Eu tenho que ir e topar com o meu dedão do pé exatamente no momento errado.
É antes do amanhecer, todos estão dormindo, e eu só precisava de um pouco de ar. O problema é, eu e Castle e Adam e o resto de nós ainda estamos ficando nos alojamentos de treino de Warner no subterrâneo, e não há outro jeito de sair de lá que não seja pelos aposentos pessoais dele. E o único meio que nós conseguimos encontrar para essa situação estranha funcionar foi idealizar alguns parâmetros: o nosso grupo todo concordou que estaríamos lá embaixo até a meia-noite e não sairíamos aqui para cima de novo, não importa o quê, até depois do nascer do sol.
Nesse momento, estou quebrando as regras.
Mas não estou tentando ser um tarado, eu juro. Só estou tentando cair fora dessa prisão por um minuto. Não quero estar encarando nenhuma merda dessas agora mesmo. Não quero. Não quero olhar para os corpos adormecidos deles. Realmente não quero saber o que ele e Juliette fazem entre quatro paredes.
Ugh.
A dor no meu dedão só está piorando e agora parece que a coisa toda está latejando. Eu xingo de novo, quietamente, sob a respiração, e espero.
Estou perfeitamente parado - e invisível - no meio do quarto de Warner e Juliette e rezando pra que ninguém tenha me ouvido tropeçar .
Minha sorte não é boa.
Warner se senta, piscando rápido e olhando ao redor. Os sensos desse garoto são afiados. Tento não respirar. Tenho plena certeza de que se ele me pegar no meio do quarto dele o encarando, meio pelado na cama com Juliette, ele irá enfiar uma bala na minha testa com suas próprias mãos.
Fecho meus olhos apertado, na esperança de que ele irá voltar a dormir.
Mas quando abro os olhos ele está levantando, e a única boa notícia aqui é que pelo menos o cara está usando roupa íntima. A péssima notícia é “meeeeerda” eu provavelmente deveria simplesmente fugir correndo, não deveria? Mas aí ele iria me ver abrindo e fechando a porta e-
Maldição.
Essa foi uma ideia estúpida. Não tenho ideia do que fazer.
Warner pega um robe em cima de uma cadeira próxima e o coloca, amarrando-o à sua cintura, e por um segundo tudo o que consigo pensar é “é óbvio que Warner veste um robe”. O cara não pode simplesmente rolar pra fora da cama e pegar uma calça como o resto de nós. E então ele está andando na minha direção, quase como se conseguisse me ver, e de repente estou assustado. Sinto meu estômago dar uma cambalhota nervosa enquanto ele se aproxima, e agora ele está em pé na minha frente, olhando através de mim, para a parede bem atrás da minha cabeça, e eu estou, tipo, genuinamente perdendo a minha calma. Estou tentando e falhando em pensar numa desculpa decente quando-
“Você tem exatos dez segundos pra me dizer o que você está fazendo aqui, Kishimoto.”
“Merda.”
Ele estende o braço às cegas, agarra meu braço e o vira para trás das minhas costas, e eu arquejo. A dor é intensa.
“Me larga,” eu sibilo.
“Cinco segundos.”
“Antes que você faça o quê? Me mate?”
Na real, consigo vê-lo cogitar isso. Observo-o olhar para trás, bem rapidamente, para a cama dele - para a J, deitada lá, olhos fechados, totalmente inconsciente - e ele suspira. “Venha comigo,” ele diz por fim.
“Ah, não. Que tal eu só, hã, sabe, voltar pra cama e-”
“Pra fora,” ele diz. “Lá pra fora. Agora.”
“Que droga, cara, okay, caramba. Calma lá.”
Não é até que estejamos no corredor do lado de fora da porta dele que finalmente desligo minha invisibilidade. Cruzo os braços e olho pra longe, para a parede, para o teto, qualquer coisa.
“O que você estava fazendo no meu quarto?”
“Eu não estava lá pra te ver pelado, se é o que você está perguntando.”
Ele apenas me encara. Sem senso de humor, esse cara.
“Como você soube que era eu?” Digo pra ele. “Você consegue me ver?”
“Eu já te expliquei isso uma vez,” ele diz impacientemente. “Consigo sentir sua presença. Não sei como isso funciona, exatamente, mas suas emoções parecem ocupar espaço físico. Consigo senti-las. A forma delas.”
“Esquisito.”
“O que você estava fazendo no meu quarto?”
“Eu só estava tentando ir lá pra fora,” eu falo. “Juro.”
“E você tinha que ir agora? Sua necessidade de escapar não podia esperar mais 45 minutos para o sol nascer?”
Eu trinco a mandíbula. Desvio o olhar de novo. “Não preciso me explicar pra você.”
“Você acha que pode vir perambulando pelos meus aposentos pessoais-”
“Ei, eu não perambulei merda nenhuma, okay? Eu não fico perambulando."
“Você,” ele diz, os olhos flamejando, “perambulou pelos meus aposentos como uma entidade invisível e agora tem a audácia de me dizer que não tem que se explicar? Há quanto tempo você tem feito isso?” ele diz furiosamente. “Você está me espionando? À nós?”
Na real, reviro os olhos. “Meu Deus, mano, por que você é uma rainha do drama, tipo, literalmente o tempo todo? Por que infernos eu iria querer bisbilhotar você e a J no meio da noite? Ela é minha amiga. Você é um psicopata. Nenhum de vocês dois faz o meu tipo, okay?”
“Estou esperando por uma explicação.”
“Só estou com umas merdas na cabeça, okay?” Eu balanço a cabeça. Estudo a parede. “Eu só- Eu estou com um monte de coisas na cabeça.”
Warner parece relaxar, mas apenas um pouquinho. Analisa meu rosto. Me estuda profundamente.
Faz eu me sentir estranho.
“Tipo o quê?” ele diz, e as palavras soam estranhas vindo dele.
Olho para a cara dele. Olho de volta para a parede. “Tipo- só coisas, okay?”
“Você está envergonhado.”
“Como é?”
“Por que você está envergonhado?” ele diz.
“Não estou envergonhado,” eu falo muito rápido. “Não tenho nem ideia do que você está falando.”
Warner inclina cabeça pra mim. “Você está tendo” - ele franze o cenho - “Desculpa,” ele diz sem remorso, “Não percebi que você estava num relacionamento.”
Meus olhos se alargam. “O que diabos é você?” eu digo, meio assustado, meio impressionado. “Algum tipo de vidente?”
Warner parece irritado. “Suas emoções são extremamente transparentes,” é tudo o que ele diz. E então suspira. “Agora está evidentemente óbvio pra mim que você está tendo problemas com a sua vida amorosa.”
“Bem, merda,” eu falo, e solto uma respiração. “Você está perto, sabe? Não cem por cento, mas, wow, você está bem perto.”
Warner ergue as sobrancelhas.
“Não se preocupe com isso”, eu digo pra ele. “Só quero ter certeza de que você sabe que não estou tentando espiar vocês dois. Na verdade, eu realmente, realmente não quero saber o que vocês dois fazem no privado.”
Warner quase sorri. “Você frequentemente me parece profundamente imaturo, Kishimoto.”
Mostro o dedo do meio pra ele. “Bom falar com você.”
Ele estreita os olhos pra mim. “Essa é a primeira e a última vez que vou te perdoar por invasão.”
“Bem, então é bom que nós finalmente estaremos recebendo nossos próprios quartos amanhã, não é?”
A cara de Warner desanuvia. “Sim. Graças a Deus por isso.”
“Posso ir agora?”
Ele balança a cabeça.
Eu lhe dou uma saudação zombeteira. “Tchau, esquisitão.”
“Até logo, idiota.”