spoiler visualizarIgor_Resenha 30/12/2023
A continuação de uma obra incrível !!
O autor, Valerio M. Manfredi, assim como no primeiro livro, consegue captar a essência épica das obras homéricas. No entanto, diferentemente do primeiro volume, neste, o herói Odisseu inicia seu período de declínio. Já longe dos dias gloriosos da Guerra de Tróia, nos quais era respeitado pelos maiores reis aqueus. Agora, já não consegue nem mais controlar seu destino (devido a fúria do rei dos mares, Poseidon) e seus homens (que ignoram suas ordens e massacram o rebanho do deus Sol, Hélio).
Além disso, no primeiro volume, Odisseu se mostra justo e sábio. Tentando evitar derramamento de sangue desnecessário e fugindo dos feitiços das belas mulheres (que causaram a perdição de vários homens - incluindo Páris). Contudo, neste segundo volume, o personagem abdica desses valores ao atacar Ísmaro (terra do povo Cícone - aliados de Priamo) e ao se deixar seduzir por Calipso (com quem fica por 7 anos antes de voltar ao mar novamente). Somado a tudo isso, a feiticeira Circes adiciona uma culpa a mais no seu repertório....o de ter sido o responsável por profanar o Templo de Atenas, em Troia. Então, a pegada dessa segunda parte da obra é muito mais de "anti-heroísmo" do que do "heroísmo" marcante na primeira parte.
As provas e desafios na viagem de volta para casa de Odisseu já são relativamente conhecidas. Mas, Valerio consegue expandi-las levando o leitor a ter uma visão mais profunda e emocionante, uma vez que é o próprio protagonista que narra a história. Contudo, é no final da saga que o autor demonstra todo seu poder criativo fazendo com que vários pontos do primeiro livro façam sentido e sejam concluídos.
Devo admitir minha ignorância e reconhecer que não entendi muito bem o último capítulo e o Epílogo (vale uma releitura para melhor compreender). Mas, a obra de maneira geral é muito interessante.