Canaã

Canaã Graça Aranha




Resenhas - Canaã


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Filino 13/03/2024

Para além do romance, diversas reflexões
Não é de se estranhar que os romances tragam consigo, de modo explícito ou nas entrelinhas, discussões que digam respeito à realidade em que estão inseridos. E "Canaã" o faz do primeiro modo. Através de Milkau e Lentz, bem como de outros personagens, são confrontadas visões de mundo opostas entre si - sobre os mais diversos assuntos: a raça e os povos (superiores ou dominados), que constituíam uma questão atualíssima na virada do século XIX para o XX; a particular comparação entre o caráter dos brasileiros e estrangeiros (notadamente alemães, que constituem personagens da trama); a burocracia e a corrupção da administração tupiniquim; o otimismo e a busca pela paz contra o direito do mais forte.

Há momentos bastante crus na história (e um deles de grande repugnância). Mas que, no fim das contas, foi consequência da vaidade, da avareza e da hipocrisia dos personagens que conduziram a tal estado de coisas.

É recomendável que o texto de Dirce Côrtes Riedel seja lido mesmo após o leitor percorrer essas páginas. Do contrário, haverá muitos "spoilers".
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Lucas1429 10/03/2024

Salva pelo final
Livro importante na literatura brasileira, Canaã conta a história de Milkau, alemão radicado no Brasil que vai parar no Espírito Santo, em busca de uma nova vida.

Uma vez na colônia alemã, nos arredores de Cachoeiro, conhece Lentz, filho de um general alemão e que se encontra solitário na colônia capixaba.

Daí se desenrola a história, dois recomeços e ideais opostos para o futuro do Brasil: país do futuro por si só, ou berço para uma europeização?

Nesse meio tempo, surge Maria, cuja história é tocante e traz luz ao livro.

A cena dos porcos é absurda de abismal.

O livro traz discussões filosóficas e políticas, contracenando xenofobia, interesses, o jeitinho brasileiro, política e filosofia através de seus personagens, traçando um retrato da região e das discussões ali na aurora do séc XX.

Não é um livro ruim, mas é arrastado. Fica bom no último terço, com o desenrolar da história de Maria. Até chegar lá, foi difícil entrar no ritmo.

As descrições do espírito santo e dos costumes alemães são legais, bem poéticas em alguns momentos.

Em suma, um livro difícil para iniciantes, que vale mais pelo seu apanhado final, mas que, embora curto, é bem maçante.

Tentei ler a versão original e foi inviável pelo português arcaico, daí migrei pra uma versão com um português mais próximo do nosso, feita apenas algumas décadas atrás.

Importante para conhecer mais de nossa literatura tupiniquim, muito embora no mesmo período, acredito que tenham autores melhores como Machado, cuja leitura é tão rica, mas mais atrativa.
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Emanuela.Godoy 21/12/2023

O romance ideológico nacional
Canaã de Graça Aranha é, mais do que tudo, um livro de sua época. Publicado em 1902, o texto é conduzido pelos principais debates propostos pelos homens do fim do Segundo Reinado e começo da Primeira República. Em suas folhas, a obra traz a discussão sobre o darwinismo social, as teorias raciais, o evolucionismo europeu e a questão da identidade brasileira. Os literatos da chamada geração de 70 se enxergavam como pedagogos da nação, assim, era uma condição ética dos homens de letras tratar dos assuntos de interesse nacional. Aranha é filho dessa escola, influenciado por Tobias Barreto, jurista e escritor extremamente preocupado em pensar a nação e o seu futuro. Canaã é considerado o primeiro romance ideológico nacional. Pré-modernista, recheado de descrições naturalistas, é regionalista e completamente preocupado com a sociedade de seu tempo. É, realmente, um documento histórico precioso.
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Marquim 18/08/2023

#5 - Canaã
Eu comprei este livro há aproximadamente um ano. Na época, eu tinha o intuito de ler, pouco a pouco, obras da literatura nacional das diferentes escolas literárias brasileiras. A obra de Graça Aranha apareceu, então, como uma daquelas consideradas importantes. Ou seja, teria de lê-la.

O autor conta a história, por assim dizer, da contribuição do imigrante para a formação brasileira. Deparamo-nos com Milkau e Lentz, os quais discutem problemas da mais variada ordem no decorrer de todo o enredo. No entanto, isso não conseguiu me prender...

Terminei a leitura de maneira muito lenta, tenho de confessar. De fato, não gostei da história. Se o avaliei com 2 estrelas e meia, isso se deve a força poética que o autor descreve várias cenas, tanto no que se refere a singeleza de uma imagem (quando Maria é envolta pelos pirilampos - uma das cenas mais bonitas que eu já li na vida) quanto na brutalidade de um acontecimento (o parto de Maria). A seguir, algumas frases da obra que me chamaram muito a atenção.

"Quem não esteve em repouso absoluto não viveu em si mesmo" (p. 28).

"Não meço o tempo - respondeu Milkau -, porque não sei até quando viverei, e agora espero que este seja o quadro definitivo da minha existência. Sou um imigrado, e tenho a alma do repouso; este será o meu último movimento na Terra..." (p. 44).

"A beleza é assassina e por isso os homens a adoram mais..." (p. 63).

"A felicidade é o esquecimento e a esperança." (p. 86).

"A dor é boa, porque faz despertar em nós uma consciência perdida; a dor é bela, porque une os homens. É a liga intensa da solidariedade universal. A dor é fecunda, porque é a fonte do nosso desenvolvimento, a perene criadora da poesia, a força da arte. A dor é religiosa, porque nos aperfeiçoa, e nos explica a nossa fraqueza nativa." (p. 213).

Enfim, a obra não deu muito certo para mim.

Vamos ler, galera!
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bibicortez 23/07/2023

Esse clássico estava na minha estante fazia um tempo, comprei pro vestibular da UEMA e no final nem fiz a prova, mas resolvi ler o livro e gostei. Achei que o autor para ressaltar as maravilhas do Brasil descrevia muito as paisagens o que pra mim se torna um pouco chato, mas ainda sim é interessante e aborda vários tópicos que até hoje são relevantes: a nossa síndrome de cachorro vira-lata kk (só gosta do que é internacional e menosprezar o nacional) e as questões de como funciona o nosso governo/política em que as relações não são feitas de forma legal, mas de acordo com amizades e acordos extrajudiciais.
De modo geral, senti que essa é uma obra ainda mais profunda do que eu posso imaginar e gostaria de ter discutido com meus professores de literatura na época do colégio, eu tive profs incríveis que imagino que poderiam ter tirados várias dúvidas que tive durante a leitura, mas depois vou ver resenhas explicativas para tentar absorver o máximo desse livro. Não irei dar spoiler, mas o final me deixou em choque.
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jamilly__m 26/02/2023

CANAÃ ? A terra prometida?
Não a livro mas difícil de se fazer um resenha do que este. Nesta obra que NÃO é um romance encontramos dois rapazes alemães que se tornam ótimos amigos. Tendo em mente ir para uma nova terra onde querem alegria e recomeçar a vida. Essa ótima historia que é um tanto complicada para se ler é um história emocionante com ótimos pesamentos e ideias que são desenvolvidos entrem os dois personagens principais, temos uma parte triste e emocionante ligando o seu modo humano quando Maria aparece na historia.
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Ricardo 02/02/2023

Histórico, denso e interessante
Como foi escrito em 1902, funciona como um túnel do tempo para "sentir o clima" do que era a sociedade brasileira imediatamente após a abolição da escravidão.

O preconceito sofrido pelos ex-escravos e também pelos imigrantes europeus se faz presente, assim como a corrupção no sistema político e judiciário. Um certo saudosismo pela escravidão também está explícito em uma passagem, o que indica que este existia na mente de algumas pessoas da época.

O romance se ambienta no estado do Espírito Santo, e traz uma geografia realista do lugar. Todos os povoados mencionados são reais: Cachoeiro (hoje Santa Leopoldina), Santa Teresa (mesmo nome até hoje) e Jequitibá (hoje Santa Maria de Jetibá).

O realismo geográfico se deve ao fato de que o próprio Graça Aranha conheceu pessoalmente todas essas colônias que se formavam naquela época e que hoje são pequenas cidades na região serrana do Espírito Santo.
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Lohah 31/12/2022

Eu só li porque foi uma leitura obrigatória para um vestibular, mas acabei gostando bastante, é um livro bastante reflexivo, e crítico.
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isaias.rd 27/10/2022

Li pra uma disciplina e gostei mto. É bem diferente dos outros livros de época que já li, bem filosófico. Interessante como o autor conseguiu "prever" algumas questões que só seriam conhecidas mundialmente na 2ª Guerra mundial, bem depois do lançamento do livro.
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Isabelly389 10/09/2022

Canaã??
Considerado o primeiro romance ideológico nacional, Canaã (1902) se constrói ao redor da metáfora bíblica da Terra Prometida. Retratando a imigração alemã no Espírito Santo, a narrativa nos leva a conhecer Milkau e Lentz, alemães que se estabelecem às margens do rio Doce, e cujas ideias se antagonizam. Permeada por conceitos naturalistas e pertencente à fase Pré-Modernista da literatura brasileira, Canaã tem uma narrativa rica, objetiva e densa, firmando seu espaço como obra indispensável para o leitor de todas as épocas.
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Nivia.Oliveira 26/08/2022

Seguindo minhas leituras de modernistas, foi a vez de Canaã de Graça Aranha. E para representá-lo eu escolhi a escultura da modernista Maria Martins, denominada “A estrada; a sombra; longa demais; estreita demais.”
Por que esse livro foi moderno se foi publicado em 1902? Porque o autor propõe um romance para debater ideias, algo inusitado na época.
Assim, o livro inicia com a chegada de dois imigrantes alemães numa fazenda do Espírito Santo (inclusive as descrições das paisagens são belíssimas!). Cada um num pólo, iniciam um debate sobre a miscigenação de culturas, a migração, a europeização e a decomposição dos brasileiros (um pouco enfadonho, apesar do tema ser interessante). Talvez pelo fato de o autor ter sido juiz, ele deixa as falas dos personagens categóricas, mas como viveu no local, tudo parece verídico.
Vencida essa barreira, você vai conhecer o drama mais dramático (sim, vou manter o pleonasmo!) da maternidade que já li, baseado num fato real. Maria, vai carregar o peso mariano: eleita, julgada e sofrida; passa a viver literalmente um Apocalipse!
Como vê, a referência bíblica não está só no título, Canaã, a terra prometida dos israelitas, numa alusão ao nosso país onde “a terra que tudo dá”. Contudo, toda promessa carrega consigo a ilusão de não haver angústia... É isso que nos conduz até o final dessa história essencialmente brasileira e atual.


site: https://www.instagram.com/niviadeoliver/?hl=pt-br
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Clio0 14/07/2022

Esse é um dos livros em que a composição da capa original mais detrata do que aprimora e facilita a venda, pois não é sobre algum malfadado romance, mas sobre como a religião modifica ou não os parâmetros sociais.

Em especial, Canaã busca retratar as diferenças entre a fundação de uma colônia alemã e as colônias portuguesas. Para isso temos Milkau e Lentz que, detentores de ideologias opostas, esmiúçam os particulares das famílias, das produções culturais e da religião.

Essa última é a que merece mais atenção, pois o autor faz questão de descrever as bases do luteranismo em oposição ao catolicismo vigente e é com o primeiro que temos o traçado da segunda parte da trama - uma reformulação da história de Maria pela sociedade formada.

O que antes apresentava um quê de maravilha se torna então uma crítica expositiva em que vemos que não obstante as diferenças ocasionadas pelo cisma religioso e outros pontos culturais, aquela pequena colônia ainda corrompia, julgava e oprimia a figura da mulher.

Um dos pontos mais interessantes da obra é ver a evolução de Graça Aranha em sua escrita, a forma gradual como vai transformando uma leitura descritiva e filosófica em algo alegórico. O final, por exemplo, onde há um tribunal, basicamente não oferece nomes aos Poderes lá representados... quase todos os personagens vão se despersonalizando e assumindo apenas os epítetos de suas profissões ou modos-de-vida.

É uma leitura que foge ao já conhecido e repetido "Engenho" da literatura nacional.

Recomendo.
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Marvko 14/06/2022

Um retrato do Brasil recém republicano.
"Canaã" é um livro muito denso. Não é profundo no sentido de ser indecifrável; todas as intenções da obra são captáveis para um um leitor atento. Seu valor se dá na forma como Graça Aranha explora questões nucleares da identidade nacional do Brasil, com grande riqueza filosófica e sociológica. Aborda temas como a miscigenação, as classes sociais, o racismo, o patriarcalismo e machismo, o patriotismo, a corrupção, dentre outros. O autor se vale da sua experiência como jurista no interior do Espírito Santo, onde entrou em contato com a cultura local e colônias alemães, e pelas suas viagem para a Europa. Assim, Graça Aranha, escritor de grande bagagem cultural e intelectual, conhece e analisa o Brasil como ninguém.

Dito isto, todas as críticas de que o livro menospreza o Brasil, superestima os alemães, etc, não se sustentam. Só diz isso quem não entendeu o livro. É verdade que a leitura pode ser arrastada em certos momentos, mas isso não se deve a um defeito do livro, e sim ao fato que os leitores de hoje (eu incluso) não estão habituados a uma linguagem mais rebuscada, descritiva e enigmática como a de Graça Aranha, cheia de alegorias e figuras de linguagem. Para quem sabe apreciar, é uma escrita bonita.
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Tay 29/05/2022

Fui obrigada a ler pela UEMA
A prova da Uema escolheu esse livro como leitura obrigatória. Inicialmente achei extremamente chato. O livro é até bem escrito, mas o conteúdo não me satisfaz. Você acompanha o processo de imigração europeia, sobretudo a Alemã. Você vê o racismo absurdo existente entre os próprios Brasileiros e os estrangeiros.
O patriarcalismo, o machismo, a xenofobia e principalmente o racismo. Revirei os olhos várias vezes ao ler a obra. Esperava mais. Não gostei.
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