Cris Moraes 17/10/2018
Uma história de Esperança
"Os Cadernos de Matumaini" é um livro que, inicialmente, chamou minha atenção pela apresentação feita pelo autor João Peçanha logo no seu início. Ele deixa claro que empenhou um grande tempo de estudo e de pesquisas para construir uma história cabível e sem erros em um futuro projetado duzentos anos à nossa frente. Tal empenho de sua parte nos situa em um mundo distópico, em que vários assuntos pertinentes ao nosso mundo atual são mostrados e discutidos com bastante sutileza sem, no entanto, perderem a sua importância ou a sua essência.
O autor nos insere no cotidiano de um mundo de distopias. E o faz com a tranquilidade de colocar o seu leitor no dia-a-dia das personagens, com as ações comuns de toda e qualquer pessoa que vive nesse mundo que poderá existir daqui a duzentos anos. Sem grandes estardalhaços; e com a atenção certa para cada fato que é narrado.
Somos convidados a acompanhar a história, os sentimentos e a personalidade de cada personagem, principalmente de uma mãe, que vive a angústia extrema de ter de escolher, entre os dois filhos, qual deles haverá de morrer. Há momentos em que acompanhamos muito suspense em toda a narrativa. Queremos saber o que ela vai decidir... Até chegarmos a um desenlace fantástico, surpreendente e perfeito para a história (minha opinião).
A história está bem contada, de forma leve, com parágrafos bem distribuídos e uma linguagem acessível, com pouquíssimos erros (creio que os poucos que aparecem sejam erros de digitação e nada interferem no contexto pleno da obra). O autor tem um cuidado muito especial com a linguagem e com a escrita e isso proporciona à narrativa uma dinâmica de agilidade do início ao fim, com uma fluência natural, sem ficar truncada em longas descrições ou partes muito cansativas.
Enfim, é uma história que fica grudada em nossa consciência por algum tempo, nos convidando mesmo a refletir sobre muitas coisas que permeiam nossa realidade e nossa vivência. É uma história de superação da inércia e do medo de tudo, até de viver e de morrer. É uma história de escolha e de como fazer uma escolha tão extrema e angustiante. É uma história de Esperança pela vida.
Parabenizo ao autor pelo livro! Recomendo a leitura, afirmando que este meu primeiro contato com a escrita de João Peçanha foi uma experiência muito gratificante e prazerosa.