@esttrelante 26/12/2021
Às vezes, a vida tem dessas ...
Em "Cowboy sem vergonha", João e June foram personagens secundários que com suas características cômicas ganharam destaque e o nosso afeto. Um jovem doce, ingênuo e gentil misturado a uma mulher movida a engrenagens, com personalidade forte e (quase) fria não dava para esperar outro resultado.
Distintos, porém mais fáceis de encaixar do que peças de quebra cabeça.
Tiveram um longo, tórrido e inconstante romance. Ambos se surpreenderam com a avalanche de sentimentos desenvolvidos e laços construídos entre eles, e após um ultimato, houve uma escolha, decisões difíceis e uma longa jornada em direções opostas.
Esse conto super curtinho mostrou como é difícil perder parte do coração, como é difícil lidar com as consequências e peso das nossas decisões, como é difícil o gosto do nunca. Não se engane. Não se iluda. E não espere que, assim como em um conto de fadas, tudo vai se resolver magicamente e que só o amor basta. Porque não basta. Ninguém pode ou deve viver esperando, em expectativa, tão pouco viver algo ou em algum lugar que não lhe cabe. E então, a vida segue e exige que você siga também. Ela exige que você viva, seja lá como for. E, às vezes você tem que sufocar o sentimento que te sufoca para ter a oportunidade de viver a vida.
Após anos, June está profissionalmente estabelecida e realizada, João com uma bela família formada e um pedaço de chão para chamar de seu, e ambos sentindo no peito faltar um pedaço. Houve esse reencontro, eles necessitavam de mais uma conversa, mais um olhar. Sinceramente, me vi dividida em regozijar pelo fervor e intensidade desse reencontro e lamentar por Mirna.
Pobre Mirna.
Uma personagem sem rosto e forma, mas que ganha nossa compaixão por ser (sem saber) condenada a amar um homem sob a sombra de um amor do passado. Nunca saberemos se ele pode ou não amá-la completamente, apenas torcemos que João supere e faça seu melhor.
Não me gerou revolta as decisões dessa última noite, talvez um pouco de julgamento pela canalhice ( eu sei, todos sabemos, não foi certo. No entanto, sabemos também que João vai ter que conviver com o peso dessa noite, além do peso do 'nunca' e deu dó do bichinho), embora eu não possa afirmar que diria não se tivesse nos braços do amor da minha vida. Sendo assim, restou apenas tristeza e resignação, porque, afinal de contas, a vida REAL tem dessas e nem mesmo uma estrela cadente pode aliviar a dor do arrependimento por ter virado as costas para o seu (possível) final feliz.
Mesmo com um fim iminente e uma carga de tristeza arrasadora, foi bom saber que ambos estavam bem, de certa forma realizados. Algumas vezes, na vida real, estar bem deve bastar. Tem que bastar.
Do outro lado do drama, teve mais uma dose de Dante e Mia, que eu amei. Ver a família aumentando, as conquistas dos dois naquelas terras, a felicidade, os filhos pestinhas que eles tiveram. Foi gostoso poder compartilhar um pouco mais do final feliz desse casal. O Leão e a Loba são o único alento dentro do desmoronamento do destino ...