livrosepixels 19/04/2023Ao infinito.. mas não tão além..Após ler e adorar a trilogia Firebird (apesar do romance molenga no meio da história), fiquei com muita vontade de ler coisas novas da autora. Assim conheci o livro Desafiando as estrelas, da série (ou seria trilogia?) Constelação.
Não vou mentir que esperara encontrar a mesma chatisse romântica que há no Firebird, mas para minha surpresa, isso não acontece aqui. Talvez até haja flerte entre os personagens, mas de forma bem sutil. Mas para minha decepção, o que estragou a história foi o excesso de personagens, histórias secundárias e uma falta de trama forte para unificar tudo isso.
De um lado acompanhamos a soldado Naomi Vidal, nativa do planeta Gênesis e que há anos luta contra a Terra por sua independência e reconhecimento. A Terra, por outro lado, ataca o planeta em uma guerra interestelar constante para manter a sua soberania. Inclusive, o planeta Gênesis só está habitável pois a Terra há muito tempo descobriu uma forma de criar portais para outros locais do universo, e criou o chamado Anel, que liga a Terra, Gênesis e outros planetas entre si. Enfim, guerra o tempo todo.
Em um ataque mal sucedido, Naomi acaba encontrando uma nave aparentemente abandonada perto do portal, e dentro da nave conheci Abel, um androide (ou robô, ou mecan, como preferir) ultra avançado, aparentemente "abandonado". Na visão de Abel, ele ficou para trás para salvar seus comandantes humanos. Mas ao longo da história ele vai descobrir que não foi bem isso.
Enquanto uma amizade surge entre os dois inimigos, e verdades vão sendo trazidas à tona, surge um plano que poderá libertar Gênesis de uma vez por todas das garras da Terra, mas para isso, Naomi terá de vir até a Terra para conseguir por o seu plano em prática.
Isso tudo não seria problema, um background normal até para a história. O problema é que no meio do caminho, na tentativa de expandir ainda mais esse universo criado (que é sim interessante), a autora vai jogando mais e mais coisas que vão tornando toda a trama confusa e lenta. Novas culturas, outros esquemas de sabotagem interplanetária, cientistas malucos, doenças mortais, enfim, acabou virando uma salada de ideias que, ao meu ver, não tiveram uma boa execução.
Além disso, a tranquilidade extrema e otimista de Abel me irritou na maior parte do tempo. Achei ele bem tapado, mesmo para um androide com configuração predisposta a aceitar ordens humanas.
No mais, é uma história interessante, mas que peca pelo excesso de worldbuilding. São quase quatrocentas páginas para uma narrativa que poderia ter sido mais dinâmica, ágil e concisa se jogasse fora umas 100 páginas de enrolação pseudo filosófica.
Foi a primeira leitura de 2022 e ainda não decidi se pretendo dar continuidade nesse universo.
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