spoiler visualizarCris.Vidal 19/02/2023
O vazio de inúmeras possibilidades
Eu sinceramente gostei da leitura, apesar que é típico do autor deixar em aberto os finais, é o tipo de livro que você aproveita lendo sem compromisso e se vê lendo por horas sem perceber ou você odeia e acha enrolado de mais.
"? Isso porque a sua essência é uma alegoria, uma parábola. E alegorias e parábolas não devem ser explicadas em palavras, devem ser engolidas."
Me deixou super curiosa todo o mistério envolto do homem sem face, se Mariê é realmente filha ou não do Menshiki, e quais os mistérios que sondam o Menshiki e suas intenções, você sente que todos os personagens tem seus segredos.
A relação do protagonista com sua irmã mais nova que faleceu cedo. Senti que todas mulheres que sondam o protagonista tem algo parecido com sua falecida irmã, como se ele buscasse traços de sua irmã nelas, como um vazio que ela deixou com seu falecimento.
Sobre o Comendador e sua função em torno da trama, só trazendo mais questionamentos pro protagonista, tem também o quadro "o homem do Subaru Forester branco" que creio refletir sobre o próprio protagonista, e o mistério por trás do quadro "o assassinato do comendador" que tanto intriga o protagonista.
Por fim, o livro retrata bastante sobre o vazio, o branco que também faz parte da arte nihon-ga, e no livro todo você sente esses espaços em branco, seja na viagem até ele procurar um rumo na vida, ou morar na montanha isolado de tudo, o luto pela sua irmã que partiu tão cedo...
"não havia nada desenhado no tecido branco, mas não significava que ele estava vazio. Ali se escondia o que deveria vir à tona. Ao apertar os olhos, era possível visualizar inúmeras possibilidades, que aos poucos se materializavam em uma única pista promissora. Era um momento que eu sempre gostava: o momento em que a existência e a não existência se misturavam."