O desejo de Lilith

O desejo de Lilith Ademir Pascale




Resenhas - O Desejo de Lilith


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Lucas 24/04/2022

Estava ok até a metade, mas depois...
Não sou de fazer resenhas negativas, mas sinto que preciso falar desse livro. O começo era legal, com seus mistérios e a investigação. Eu gostei do livro escrito em forma de diário, é um estilo que me remete a Drácula, um clássico do terror.

Então, assim, quando o livro estava só no mistério, estava ok, normal. Entretanto, quando tem a revelação dos elementos sobrenaturais... a qualidade caiu muito, afundou no abismo para ser mais preciso. Muitas coisas sem sentido, até risiveis. Sendo sucinto, só posso dizer que o "Manual dos imortais" e a cena da luta final foram bastante surpreendentes, negativamente falando.

Soube que o autor escreveu um segundo livro no mesmo universo desse livro, lá para 2015, mas não tenho interesse em ler.

site: https://www.amazon.com.br/Lucas-Vitoriano/e/B09S5LVD8F/ref=dp_byline_cont_pop_ebooks_1
GiSB 24/04/2022minha estante
O que você talvez não tenha gostado no livro, o elemento sobrenatural, é justamente o que o faz especial para um determinado grupo de leitores. Resumindo: o livro não era pra você ou você não seria seu público-alvo. O livro em si realmente não seja ruim ou bom, mas apenas inadequado a ti. O que você acha dessa possibilidade?


GiSB 24/04/2022minha estante
Gostei de sua resenha. Eu pude ter contato com o livro e me interessei por ele, sem maiores pretensões. Obrigado.


Lucas 24/04/2022minha estante
Acho que não foi isso, pois fantasia é o meu gênero favorito sabe? Na verdade, é a investigação uma temática que não me interesso tanto, mas eu gostei aqui. Eu não posso dizer muito o que eu não gostei na parte do sobrenatural sem dar spoilers, entende? Por mim, se tivesse ficado mais na parte de investigação teria sido melhor. Entretanto, você está certo, acho que o livro só não era para mim.




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Marsis 14/09/2014

Minhas conclusões para O Desejo de Lilith, por Tim Marvim
Para quem gosta de thrillers repletos de suspense e elementos sobrenaturais, não há melhor pedida, pois o livro é extremamente cativante e prende a atenção do leitor da primeira à última página. Embora este seja o romance de estreia do autor, temos a impressão de que estamos diante de um veterano das letras, tamanho é o seu domínio da técnica do romance. Escritor seguro, dono de um estilo admirável, Ademir Pascale demonstra todo o seu talento nesta pequena obra-prima, escrita numa linguagem acessível a toda gente.

A história inicia-se na cidade de Hortolândia, onde o detetive Rafael Monte Cerquillo começa a investigar o misterioso suicídio de um certo Jacinto Rodrigues, que escreve regularmente no jornal O Diário da Região uma estranha novela intitulada Death of the Soul, sob o pseudônimo de Mr. Sheol. Este suicídio é o ponto de partida para a trama, que se desenrola de maneira instigante e natural. Vindo morar em São Paulo, o protagonista acaba descobrindo que a palavra Sheol aparece 63 vezes na Bíblia, com diversos significados diferentes, como sepulcro, enterrado, sepultura, mundo invisível, habitação dos mortos, abismo e morte. Porém, o significado mais importante, Rafael Monte Cerquillo desvendará ao ler as anotações do Dr. Murial Sante, que também se suicidará de maneira misteriosa. Tal significado é imprescindível para o desenvolvimento do romance e liga-se a um segredo milenar, uma conspiração que põe em risco toda a humanidade. Aqui, o autor faz uma nova leitura do mito da Criação, deitando um olhar bastante inovador ao início do texto do Gênesis. Caim não seria filho de Adão e Eva, mas de outras entidades, chamadas Samael e Lilith. É possível que esta idéia provoque alguma polêmica entre as pessoas mais conservadoras, que seguem à risca o texto canônico. Todavia, Ademir Pascale conduz sua hipótese de maneira tão engenhosa e criativa, que não deixa dúvida alguma de sua verossimilhança e o leitor fica convencido de que ela poderia ter acontecido da maneira como é narrada no romance.

Livro muito original, tanto na forma (apresenta-se como um diário escrito por Rafael Monte Cerquillo), quanto na abordagem do assunto, rico em citações literárias e históricas que dão maior coerência interna à obra, O Desejo de Lilith de Ademir Pascale não fica devendo nada para romances mais famosos, como Anjos e Demônios de Dan Brown. Excelente obra. Recomendo.

E acredito que cada leitor deverá tirar suas próprias conclusões, não se baseando apenas em resenhas críticas ;)

Tim Marvim.
José Martino Escritor 16/03/2010minha estante
Li e adorei o livro O Desejo de Lilith, de Ademir Pascale. O romance prendeu minha atenção de tal forma, que o comecei a ler no sábado de tarde e acordei no domingo logo cedo para continuar a leitura. Recomendo a todos!!!


Mandark 01/04/2010minha estante
Vamos ver! Vc conseguiu despertar minha curiosidade. Vou ler também!


Rogerinho 02/08/2011minha estante
Gostei, vou ler com certeza!


Yassue 29/05/2013minha estante
Bem curioso e interessante.


Marsis 14/09/2014minha estante
Relendo o livro nas férias do trabalho. Excelente.


Marsis 14/09/2014minha estante
E nunca canso de reler ;)




Angelo Miranda 04/10/2012

O Desejo de Lilith, Ademir Pascale
Adquirimos uma obra literária por diversos estímulos, tais como: propaganda veiculada em jornais, revistas, sites, televisão e blogs literários, exposição na vitrine de uma livraria ou a leitura de uma resenha. Essa última, com o aumento de espaços para debates sobre livros na internet, tem gerado a meu ver bastante controvérsia.

Um leitor que se propõe a fazer uma resenha acaba sempre - conscientemente ou não - por julgar a obra mediante a utilização de critérios, alguns conhecidos e outros totalmente subjetivos. Isso gera resenhas que ora enaltecem ora rebaixam um mesmo livro. Portanto, tomar a decisão de comprar ou não um livro tão somente com a leitura de uma resenha pode ser perigoso. O que se configura num argumento fraco, numa prosa simplória para um leitor, pode ser maravilhoso e bem construído para outro. Daí a necessidade de também, antes de tirarmos o cartão para comprarmos uma obra, levantarmos mais informações sobre ele, como, por exemplo, o gênero literário do livro, a sua sinopse e, porque não, as informações da pessoa que o escreveu.

E foi justamente com a leitura de várias resenhas sobre o livro O Desejo de Lilith (Editora Draco), do escritor Ademir Pascale, que eu pude perceber o quanto elas são desencontradas. Claro, cada resenhista é um ser humano, e como tal, é um sujeito complexo, dotado de emoções, sentimentos, visões de mundo e gostos diferenciados. Assim, para alguns, o livro é bom. Já para outros, cabe somente uma crítica ácida, espantando um leitor que poderia se interessar pela obra, mas costuma pautar o que lerá apenas pela leitura de uma simples resenha. Independente de todas as resenhas e críticas que eu li sobre o livro, resolvi comprá-lo, pois muito antes das resenhas lidas, já havia me interessado pela sinopse.

A história gira em torno de um detetive de polícia, que após investigar o caso de um macabro suicídio, se envolve numa história que mudará completamente a sua vida. Na medida em que a investigação avança, o protagonista faz descobertas incríveis acerca do livro mais lido do mundo: a Bíblia Sagrada. Um total de 63 trechos distribuídos pelo livro sagrado revela a existência de um poderoso demônio.

O livro foi escrito em primeira pessoa e em formato de diário. É preciso ter paciência nos primeiros capítulos, pois não há muita ação, porém, esses primeiros capítulos são essenciais para o entendimento de toda a trama. A partir do capítulo 6, o livro começa a ficar mais interessante, com cenas de ação e trechos que chega até dar um medo, como por exemplo, um encontro "cara a cara" com um demônio.

Há um suspense, uma tensão conduzida tão bem pelo escritor até a revelação do tão aguardado desejo de Lilith. Após esse capítulo que contém a explicação do desejo explicado detalhadamente, senti que os capítulos seguintes não conseguiram segurar muito a trama. Em alguns pontos a história ficou meio sem rumo. Já em alguns, o escritor habilmente conseguiu se utilizar da revelação do desejo de Lilith para conectar a fatos ocorridos na Terra e quem passou por eles na década de 1990 irá encontrar uma grande semelhança.

O final é surpreendente e emocionante. O poder de descrição do autor nos faz imaginar perfeitamente a cena. Emociono-me ao sentir e observar esse poder da Literatura, de nos transportar para lugares e cenas que nós nunca vimos e despertar em nós variados sentimentos.

Como pontos negativos, levanto algumas incongruências que numa próxima edição poderiam ser corrigidas. Vale ressaltar que esses deslizes de modo algum atrapalham o bom andamento da história. Consertados, darão, com certeza, mais estreitamento com a realidade:

- O personagem principal ocupa um cargo de detetive e tempos depois é demitido da polícia. Esse cargo no Brasil, na década de 1970, época em que passa a história não existe (o cargo similar é de investigador) e, além disso, em cargos policiais o regime é estatutário e não CLT, ou seja, o funcionário público não é, de forma alguma, demitido. Pode-se haver uma sindicância em alguns casos, que demora anos, até o funcionário ser retirado de uma empresa pública;

- O início da trama se passa em Hortolândia na década de 60 e 70, mas o município somente surgiu em maio de 1991, quando se emancipou de Sumaré;

- Num trecho o protagonista entra facilmente no apartamento de uma pessoa que havia morrido. O local está interditado para perícia, mas mesmo assim o personagem entra sem nenhum problema. Quando verifica que há algumas pessoas se aproximando do apartamento, ele se joga de alguns andares. Cai, não sente muita dor e sai andando um pouco tranquilo pelas ruas de um bairro de São Paulo. Acho que esse trecho poderia sofrer modificações para deixar a cena mais próxima da realidade;

- O vocábulo que se refere ao planeta Terra foi grafado diversas vezes de maneira errônea. Quando o autor se referia ao nosso planeta, escrevia a palavra "terra". Nos últimos capítulos, houve a grafia correta "Terra".

Portanto, gostei muito da história, principalmente nos capítulos em que há a citação de trechos da Bíblia para embasar personagens e encaminhar a trama. Esse aspecto demonstra que o autor é bastante conhecedor dos segredos que há por detrás desse livro tão antigo.

Ah, destaco também o bom e interessante posfácio escrito por Roberto de Sousa Causo, profícuo autor de ficção científica. No texto, o autor comenta as opções feitas por Ademir Pascale para o seu livro em questão.

O livro é o romance de estreia de Ademir Pascale, escritor conhecido por ter organizado muitas antologias e o fanzine TerrorZine. Tempos depois ele também lançou outro romance intitulado Encruzilhada, publicado pela Editora Literata. Não há dúvida que eu estou ansioso para comprá-lo e lê-lo.
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Rafa 05/05/2012

Resenha - O desejo de Lilith - Ademir Pascale
Diferentemente de tudo o que já li, o primeiro romance de Ademir Pascale me surpreendeu.

O desejo de Lilith é contado em 1ª pessoa pelo detetive Rafael Monte Cerquilho, ele está numa investigação para desvendar o mistério que ronda na morte de Jacinto Rodrigues, um autor renomado que escrevia coisas macabras, na realidade ele psicografava por um espírito do mal chamado Seol, por fim, ele não aguenta mais tanta pressão e acaba se suicidando. Esse foi o primeiro caso contado no livro.

Mesmo sendo mandado embora do seu posto de detetive, Rafael continua investigando. Primeiro com a procura de um estudioso para lhe ajudar na investigação, o velho Murial Sante, no qual possui algumas fichas de vários casos idênticos desse thriller, logo depois acontece coisas estranhas como o aparecimentos de anjos caídos e a quase morte de Rafael...

O personagem Rafael disse que suas palavras poderiam não ter coesão, já que tudo tinha em mãos era uma loucura, um demônio possuir um ser humano, e fazê-lo se matar é coisa de lunático...

Os personagens que mais gostei foram o travesti Suzetti e um barbudo roqueiro, eles sempre estão presentes na história e dispostos a ajudá-lo quando ele precisava, foram essenciais para o fim do thriller.

O livro tem 126 páginas e 12 capítulos curtos, no formato de diário, achei a diagramação perfeita, linda, com os capítulos curtos fez da leitura prazerosa e muita gostosa de ler. O único problema foi só achar um pouco de ação quase acabando o livrinho.

A história se passa em São Paulo e Hortolândia, concentrando mais no primeiro, descrevendo os locais por onde passava.

Amei essa capa, ela revela como deve ser a Lilith, mãe de Seol, o espírito assassino que vem apossando de várias de pessoas inclusive Jacinto, que se suicidou.

Tenho que dar honras quanto ao conteúdo da escrita de Pascale, é que ele escreve tão bem e faz citações tão lúcidas quanto ao que o personagem está passando, que é quase impossível não envolver-se com a história.

Será a história verídica ou uma simples ficção, como muitos pensam, eu acredito que seja verdade, pois muitos detalhes da Bíblia podem ser comprovados por um estudo detalhado.

Descobrir o desejo de Lilith foi muito fácil, por essa parte me decepcionei, já que li o livro por essa causa, o desejo dela está na nossa realidade, só o nome que muda. Só falta você descobrir.

A narrativa do livro é tão envolvente que parar a leitura fica muito difícil, por isso eu adorei o livro, tanto por isso quanto para o final, que ficou espetacular, eu recomendo pra todos que adoram thriller.


http://abre.ai/lilith
Marsis 14/09/2014minha estante
O livro é ótimo. Gostei da resenha.




Carol 05/12/2011

RESENHA: O desejo de Lilith, por Terra das Fábulas
MAIS INFORMAÇÕES NO LINK: http://terradasfabulas.blogspot.com/2011/09/o-desejo-de-lilith.html

Está ai um livro que me surpreendeu muito, eu imaginava ler uma coisa, recebi outra completamente diferente.

A começar pela estrutura da edição, o livro é muito bem impresso, tem sua narrativa na forma de um diário, oque acaba por dar uma bela dinâmica na hora de ler. No início de cada capítulo, temos alguma citação, seja de um livro, ou letra de música, ou apenas alguma frase de efeito de alguém famoso, oque também confere a ele uma "climatização" para as descrições que vem a seguir.

A história se passa na década de 70's e caminha para diversas décadas, onde o autor do diário, Rafael Monte Cerquilho, simplesmente começa a escrever como foi que ele foi parar na atual situação deploravel em que se encontra, até o instante em que começa a narrar exatamente oque está acontecendo na sua atualizade.

Trata-se de um romance investigativo, ou não? A estruturação em diário vez com que o enchergasse de várias maneiras. Oque mais me impressionou, foram as várias citações da bíblia ao longo do livro, confesso que não tive a coragem de conferir cada uma, mas algo me diz que elas provavelmente são de verdade. Palmas para o autor, pesquisou muito bem na hora de criar um romance extremamente verossímil e coeso, e também merece reconhecimento por saber utilizar tão bem a realidade para construir uma história de ficção.

Dinâmico, empolgante, eu realmente me surpreendi com as sensações que a história me deu. Não classificaria esse um romance de terror, já que não me senti com medo, ou assustada, ou tensa de qualquer forma, apenas verdadeiramente empolgada para saber oque é que iria acontecer a seguir.

E infelizmente, não consigo pensar em nenhuma maneira de contar mais sobre a história sem dar nenhum spoiler significativo, portanto, se quizerem saber oque de fato é o desejo de Lilith, leiam!
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JotaFF 02/09/2010

O desejo de Lilith de Ademir Pascale foi uma das, se não a primeira publicação da editora Draco em 2010.

A trama começa em Hortolândia, interior de São Paulo, em 1977, quando um detetive investiga o suposto suicídio de um escritor. A investigação levanta hipóteses sobrenaturais, e uma conspiração histórica começa a se formar. A partir daí a história se transforma radicalmente envolvendo anjos, demônio e imortais com direito a uma participação especial de Jesus Cristo.

Nada contra histórias com reviravoltas chocantes, nem com tramas bizarras. Quem não gosta de uma boa conspiração com consequências bizarras? Tudo é válido quando o autor consegue envolver os leitores e fazer com que eles, assim como as personagens, aceitem e compreendam os acontecimentos. Infelizmente não é o que ocorre aqui.

A narrativa em forma de diário, é anacrônica demais. Apesar de ambientada no fim dos anos 70 (ao menos a primeira parte), fora uma lista de acontecimentos conhecidos envolvendo aqueles anos, não convence na hora da ambientação. Depois de um certo ponto as coisas vão acontecendo fora de uma cadência natural. É visível a mão do autor forçando os acontecimentos.

Uma lista de coincidências nas horas certas tiram o interesse de quem gosta de uma Conspiração onde os as coisas se resolvem pelo intelecto de quem a investiga, mas de uma hora para outra tudo é simplesmente revelado, diminuindo o interesse na leitura.

Spoilers

Quando o personagem principal se torna um imortal, as coisas ficam ainda mais sem nexo. Não explica o porque do vilão esperar tanto tempo antes de tentar liberar Lilith de sua prisão, e também não se explica porque Jesus Cristo ficou tanto tempo sem fazer nada.

Fim do Spoiler

Muitos furos na trama já foram apontados, como o fato de não existir o cargo de detive dentro da polícia, ou a a discrição da arquitetura de uma igreja, mas tudo isso poderia ser deixado de lado se houvesse coerência na trama. (Como alguém sente o calor do motor de uma moto estando dentro de um carro?)

Talvez O desejo de Lilith teria melhores resultados se focasse a trama na investigação enquanto ela ainda estava em Hortolândia. Infelizmente só recomendo para aqueles que quererm saber como NÃO conduzir um história.

(postado também em http://tocajota.blogspot.com)
Rodolfo 23/06/2011minha estante
Peraí, o crime acontece em 1977 em Hortolândia? Como assim? A cidade foi fundada em 1991! Eita!




Antonio Luiz 11/08/2010

Zé do Caixão descobre Dan Brown
Um dos piores livros que já me caíram nas mãos. A primeira parte, na qual um policial investiga um suicídio e se envolve na trama, que deveria ser relativamente realista, mostra muita falta de verossimilhança e de conhecimento dos temas relevantes para o enredo. A segunda parte, na qual ele se transforma em imortal e deveria ser um voo de fantasia, é absolutamente ridícula e pedestre. E o final é vergonhoso.

O protagonista e narrador se chama Rafael. Todo o livro é apresentado como a transcrição de seu diário, encontrado numa biblioteca. Começa a aventura como “detetive-chefe” da polícia civil de Hortolândia, SP. A função é chamada neste estado de “inspetor”, mas isso é o de menos. Atrás de explicações para um suicídio em sua cidade, ele vai à capital atrás de um “pesquisador da Bíblia” que poderia ter informações relacionadas ao mistério. Encontra-o, mas dias depois também o suposto erudito se suicida.

O segundo suicídio, ocorrido num prédio de apartamentos de classe média do Itaim Bibi no início de 1978, é investigado pela Polícia Federal. É um contra-senso, pois esta só investiga crimes relacionados a terrorismo ou tráfico de drogas ou que envolvem o interesse da União, como contrabando, corrupção e sonegação. O autor não faz nenhuma tentativa de explicar isso.

O pior é que o detetive de polícia entra no prédio como um ladrão para levar documentos do falecido – e quando os “policiais federais” se aproximam, joga-se do quinto andar – nada menos – para fugir deles, quando tinha razões perfeitamente plausíveis para pedir informações sobre a investigação ou para participar dela. Machuca-se um pouco, mas, absurdamente, não quebra nada – e de forma ainda mais absurda, vê-se num “beco escuro e malcheiroso”. No Itaim Bibi, bairro de alta classe média?

E piora. O detetive estropiado pega um táxi para voltar a seu hotel, mas não tem dinheiro no bolso. Para fugir sem pagar, pula do táxi em movimento, machuca-se mais um pouco, não consegue se levantar e é brutalmente espancado pelo taxista, que também espalha seus preciosos documentos. Sem reagir, dar carteirada, ou mostrar o distintivo – e isso se dá em plena ditadura militar! Não que o escritor pareça ter a menor consciência disso...

O detetive acaba por ser ajudado por desconhecidos, os “Black Angels”, cujos nomes, todos de “anjos cabalísticos” bem conhecidos, revelam desde já sua natureza para o leitor minimamente escolado. Consegue voltar ao hotel , onde é encontrado pelo chefe da polícia Hortolândia que “acompanhado de dois soldados” (sem cabimento, pois se trata de polícia civil) foi pedir explicações a Rafael, que deixara de se comunicar. Encontra-o em estado lamentável, “demite-o” no ato e o ex-detetive vai receber a “rescisão”, como se fosse um balconista demitido de uma loja. É não ter a menor noção de como funciona o serviço público em geral e a polícia em especial – sequer a noção de que é preciso pesquisar sobre aquilo que não conhece e é importante para a história.

Nem se fale, então, dos aspectos “bíblicos” e supostamente eruditos. A ideia central de que “Sheol” – literalmente “cova” em hebraico, termo usado para se referir à morte nos textos bíblicos ou a um submundo dos mortos (semelhante ao Hades grego) no judaísmo pós-exílio – é um codinome para “Caim” é um completo absurdo, mas mais disparatado é o primeiro “especialista” consultado pelo detetive se abismar quando é perguntado sobre o significado da palavra, como se fosse um segredo. E o segundo “especialista”, a julgar pelas anotações resgatadas pelo ex-detetive, trabalhava exclusivamente com traduções da Bíblia para o português, em vez de recorrer aos textos originais, hebraicos, aramaicos e gregos.

Os acontecimentos que se seguem nos meses seguintes à demissão do detetive constituem as páginas menos lamentáveis do, digamos assim, romance. Rafael, falido, refugia-se num prédio invadido na “Praça Ramos” (de Azevedo), sem luz e água.

Não há nada parecido nessa praça, enquadrada pelo Anhangabaú, o Shopping Light, o CBI Esplanada (um prédio comercial de alto padrão, que abriga escritórios da Klabin, o instituto FHC e importantes associações comerciais) e o Teatro Municipal – este rodeado, por sua vez, de prédios comerciais de variadas categorias.

Mas perdoemos isso. E também o posfaciador Causo, que diz que o local está “nas imediações” da Catedral da Sé (a distância é de mais de um quilômetro). O que ameniza o sacrifício de ler o texto é que há algumas cenas convincentes da vida em prédios assim – que realmente existem em outras partes do centro de São Paulo – e Rafael tem a solidariedade de vizinhos de corredor. Um travesti e um “roqueiro” cabeludo de jaqueta de couro preta o socorrem nos momentos difíceis. Esse momento de simpatia por homossexuais, pelos pobres e pelos excluídos é a única coisa de bom em todo o livro.

O que se segue, porém, é constrangedor. Rafael é atacado pelo vilão Caim em pessoa e salvo pelos seus vizinhos, que então se revelam como “anjos caídos” do grupo que o socorrera no incidente com o taxista – e explicam ao ex-policial, agora um marginal cabeludo como eles, que o toque de Caim o transformou em um “imortal”. E então, o autor estraga tudo. As explicações dos anjos caídos sobre sua luta milenar com Caim são pueris e incoerentes e o que vem depois é pior ainda. Abandonai toda esperança de um desenvolvimento interessante, ó vós que chegastes a este ponto. O único consolo é que a ruindade do texto chega ao ponto de torná-lo involuntariamente cômico para o leitor com senso de humor – o equivalente literário de um filme trash à maneira de Zé do Caixão, Alan Smithee, ou ainda pior.

Para que não se pense que o resenhista está exagerando, vão aqui alguns trechos:

“Para piorar a confusão em minha, [sic] Lameque disse que o travesti Suzetti também era um dos anjos caídos e que seu nome real era Ieialel. Ele tinha nascido anjo e era mais antigo do que o próprio Qayin. Seu pecado foi ter sido enganado pelo querubim Samael e, juntos, terem criado uma política que ia contra as ideologias do Criador: não seguir ordens e punir severamente os seres humanos por qualquer tolice que cometessem.” (pág. 85)

“O escritório dos Black Angels ficava em uma travessa da Avenida Brasil, em uma rua ao lado da Igreja Nossa Senhora do Brasil, obra de requintada arquitetura gótica, simplesmente magnífica”. (pág. 90)

Um mínimo de conhecimento de história da arte – ou uma visita ao Google, pelo menos – teria poupado ao autor o vexame de chamar de gótica essa igreja neocolonial, imitação do barroco tardio, na esquina com a rua Colômbia. Mas o auge do ridículo se encontra no “manual do imortal” que é então revelado ao recruta. Seguem algumas amostras desse texto impagável, que se estende das páginas 91 à 93:

“... o anjo caído disse: ‘Este é o manual dos imortais, escrito em sírio-aramaico há alguns milênios pelo nosso amigo Ieialel, o anjo traído por Samael. A linguagem é arcaica, pincelada de muitas metáforas e significados que não fazem mais sentido nesta época, mas como grande conhecedor dessa língua extinta, adaptei as regras para a nossa época, numa linguagem mais compreensível’. (...)

Transcreverei abaixo as milenares regras do anjo caído Ieialel - a antiga Suzetti - neste diário:

Procedimentos que todos os imortais devem seguir:

1 - Seguir todas as regras do Manual do Imortal, escritas pelo segundo anjo caído, Ieialel (...)

5 - Para os recentes imortais: um prazo de 100 anos para escolherem de que lado pretendem lutar: o lado do bem ou do mal. (...)

13 - A organização Black Angels terá vários líderes, entre eles: Yesalel, Sitael, Achaiah, Hacamiah, Reyel, Omael e Mebahiah. Cada um será designado para liderar um setor dentro da organização (...)

Omael: zelador do bem-estar dos anjos caídos, da saúde dos corpos dos mortais que foram possuídos pelos imortais, além de ser nutricionista, liderando e trabalhando na variada e complexa alimentação de todos os imortais, juntamente com outros cozinheiros e chefes de cozinha.

Mebahiah: responsável por cuidar do visual dos imortais, para sempre mantê-los na moda, independentemente do local e da época. (...)

15- Deus e Samael estabeleceram o acordo de manter o equilíbrio, dando o livre arbítrio para cada ser vivente escolher o seu lado, o Yin e o Yang. Mas Qayin, filho de Samael e Lilith, quebrou o acordo seguindo os conselhos de sua mãe. (...)

O Manual do Imortal é um tesouro que se equipara à Arca da Aliança ou ao Santo Graal”.

Não é mesmo uma preciosidade? Se Woody Allen tentasse criar uma sátira sobre um incompetente tentando imitar Dan Brown, faria com mais estilo, mas não seria mais hilário.

O que vem a seguir,nas páginas 97 e 98, mostra quão mesquinhas e egoístas são, no fundo, as aspirações por trás do longo discurso sobre solidariedade, mistérios bíblicos, Bem e Mal, Anjos e Demônios:

“Depois de ouvir os preciosos procedimentos do Manual do Imortal ditos pelo anjo caído e mentor Yesalel, retornei às 2h da manhã ao velho apartamento para pegar alguns pertences. Acordei Lameque e Ieialel e contei a eles onde estive, além de agradecer a Ieialel pelo excelente manual (...) Yesalel me deu um bom dinheiro para que eu pudesse vir até meu apartamento pegar os meus pertences e depois retornar de táxi até a Black Angels. Como o dinheiro que ele me forneceu daria para me manter tranquilamente por mais de um mês, convidei Lameque e Ieialel para um almoço com direito a vinho importado para comemorarmos minha imortalidade. Sem hesitar, eles aceitaram (...)

Estou hospedado em um hotel luxuoso, digno de reis, situado na região dos jardins, próximo à Avenida Paulista (...) Yesalel me encaminhou ao setor financeiro da Black Angels e apresentou o encarregado, o anjo caído Hacamiah. Na presença de outros dois anjos caídos, pediu que me auxiliassem no preenchimento de alguns papéis para dar procedimento à abertura de uma conta corrente em um banco, pois me seria fornecido um salário mensal equivalente a 30 vezes o que recebia anteriormente, quando era um simples detetive de polícia. Preenchi outros papéis e, dos que me lembro, um era para a aquisição de um Lincoln Continental Mark V da cor vermelha, outro para encher o tanque quando bem entendesse e outro era para o luxuoso hotel onde estou hospedado por conta da Black Angels.

Após o encontro com Hacamiah, Yeialel me encaminhou para o setor do anjo caído Mebahiah. Era um setor diferente dos outros que tinha visto dentro da organização, cheio de manequins, espelhos, revistas de moda, estilistas, manicures, cabeleireiros e roupas de todos os estilos e cores possíveis.

Mebahiah era um anjo peculiar. Usava roupas alegres e de fino trato, diferente dos outros anjos caídos que abusavam do preto. Sai [sic] de lá com um visual completamente diferente. Mebahiah bem que tentou cortar meus cabelos compridos, mas não deixei. Então, depois de muita insistência, deixei que fizesse relaxamento e depois escova, e até que ficou bom. (...)

Depois de um breve e delicioso coffee-break oferecido pelo anjo Omael, fui levado ao setor do anjo Reyel, que me inscreveu em alguns cursos internos da organização, iniciando com aulas de inglês, português, literaturas, etiqueta, culinária nacional e estrangeira, yoga e tai chi chuan. Depois de concluídos eu passaria para a segunda etapa.

Estou feliz, apesar do medo da novidade de ser imortal e vinte anos mais jovem”.

Se ao menos o protagonista tivesse tirado algum proveito de suas aulas de “literaturas”... Mas como sugere esta amostra, o livro é, no fundo, sobre a fantasia vulgar de ganhar de graça todas as comodidades e luxos de que pode gozar um multimilionário ou um alto executivo de transnacional (até onde alcança a imaginação de um autor de classe média), sem trabalho ou responsabilidades.

Tudo é dado de graça, não só sem motivo, como contra qualquer lógica, pois se trata, supostamente, de uma sociedade secreta cuja existência e atividades são mantidas há milênios sob o mais absoluto sigilo. Teria sentido alguém que quer permanecer discreto desfilar com um Lincoln vermelho por São Paulo? E, como se verá, todos os “anjos caídos” passeiam em Lincolns e, quando não, em motocicletas Harley-Davidson...

Qual o sentido de todo esse luxo (palavra incansavelmente repetida no livro, por páginas e paginas) e, mais que isso, de ostentação grosseira de novo-rico (ou mesmo de marginal enriquecido por meios duvidosos)? Alimentar a fantasmagoria de uma ascensão social instantânea, sem trabalhos, riscos, conflitos ou um preço espiritual, pode-se suspeitar. E que permita, além do mais, provocar à vontade a inveja dos mortais comuns, é claro. Seguem-se estas pérolas de sabedoria e espiritualidade:

“É bom ser imortal, pois não tenho mais as velhas preocupações com a saúde, muito menos com a morte”. (pág. 102)

“É incrível, mesmo sendo imortal, tenho prazer em fazer compras”. (pág. 105)

Mas como o protagonista não pode passar as trinta páginas que restam até o fim do livro simplesmente realizando seus sonhos de consumo, encontra distração em ser perseguido por Caim. Não se explica, em parte nenhuma do livro, por que esse ser bíblico e multimilenar, com poderes capazes de abalar o mundo, perde seu tempo possuindo pobres coitados e brincando de pega-pega com os “anjos caídos”, sem que uns ou outros saiam de São Paulo. Por fim, na página 106, protagonista e antagonista se encontram, conversam e tomam café juntos:

“Afinal ele tinha, sim, um ponto fraco, e em parte era igual aos seres humanos: perverso como poucos e sentimental como muitos (...) Já no terceiro cafezinho, o que ele falou, chegou a mexer um pouquinho com meus sentimentos(...)

‘Sabe qual foi o meu maior pecado? Tentar agradar o criador com oferendas. Meu irmão Abel sempre foi melhor do que eu em todos os aspectos. Ele era mais inteligente, mais bonito, mais querido. Sou imortal e muito mais poderoso para os humanos, mas não passo de um condenado das trevas, submisso aos desejos de minha mãe, escravo de suas ordens. Sim, gostaria de ser livre, assim como você e os outros anjos caídos, mas a realidade é essa e já estou acostumado a ela. Possuir, enlouquecer, trucidar e exterminar os humanos, é isso o que sei fazer, somente isso.”’

E mais uma vez, presenciei o demônio chorar, só que desta vez não escondia suas lágrimas e não tinha vergonha de expor seus sentimentos para mim (...)

(...) Você paga a conta? Pois esse pobre cavalo que estou possuindo não tem nem uma moeda’ (...) ‘Não vou deixar de possuir os humanos e muito menos de enlouquecê-los e matá-los, mas como estou grato pela sua preocupação e sugestão de libertação, algo que já tento fazer há milênios, vou reduzir as mortes’.”

Depois da heroica e generosa façanha de pagar três cafezinhos para Caim, o protagonista volta ao que interessa: luxo e compras.

“O jeito de Mebahiah é muito semelhante ao da falecida Suzetti, com a diferença de que Suzetti não era tão requintada e chegava até a ser engraçada. Mebahiah é um figurinista e estilista, com um forte sotaque francês. Os traços do seu rosto são delicados, seu andar e seus gestos são como plumas (...)

Tomamos chá enquanto conversávamos sobre moda. Mebahiah recordou dos velhos tempos, da época bizantina e das extravagantes roupas na cor roxa, e também das perucas e rendas usadas pelas mulheres e homens da idade moderna. Vi seus olhos brilharem quando falou que conheceu e elaborou o figurino do Rei Luis XIV de Bourbon, o Rei-Sol (1638-1715), moda que perdurou por cerca de 150 anos (...) Após o chá e a aula de moda, aproveitei e visitei outros anjos, pois desejava iniciar os cursos de aperfeiçoamento”. (página 109)

Na página 114, descobrimos mais um segredo multimilenar: como o Diabo conseguiu seus chifres.

“Samael, o mestre do inferno, segue suas próprias regras e jamais quebrou o acordo que selou com Deus, mas sua própria ex-amante e esposa o leva à loucura, semelhante a algumas mortais. Fontes disseram a Ieialel que Samael não mantém relações conjugais há quase dois milênios, depois que flagrou Lilith de conversas e carícias com um tal Bar Abbas”.

“Fontes disseram” soa a imprensa marrom. Vale notar também que, embora notavelmente simpático à homossexualidade, o texto é de uma misoginia impressionante, sem mostrar qualquer consciência disso. Nem a Igreja medieval foi tão radical no seu desprezo ao sexo feminino. As únicas três mulheres que aparecem (muito brevemente) ao longo de todo o romance estão possuídas por Caim e todo o mal provém não do Diabo ou do pecado original, mas da primeira mulher, Lilith. Até o senhor do Inferno é descrito como um sujeito cordato, que respeita seu pacto com Deus e tem acordos de cavalheiros com os “Black Angels”.

Chega-se ao ponto de negar a Mary Shelley a autoria de sua obra mais conhecida, “Frankenstein”, para atribuí-la ao marido Percy, considerado, nas “fichas” das páginas 62 a 72, como uma das celebridades possuídas por Caim em épocas em que o arquivilão parecia mostrar mais gosto, inteligência e amor-próprio. Outras são Vlad Tepes, a condessa Báthory, John Milton, Thomas Chatterton, Robert Louis Stevenson, Aleister Crowley e Jim Morrison. Chega-se a pensar que o autor, sendo incapaz de fazer melhor, quer lançar a suspeita de que qualquer escritor ou artista que se revele mais hábil e inspirado deve ter parte com o diabo. Até Platão, conta-nos em outra passagem, plagiou Caim...

Na página 114, somos brindados com mais consumo e novos “segredos”:

“Passei a virada do ano com Lameque. Infelizmente, ele não me deixou beber excessivamente, apenas conversamos e ceamos carne de carneiro assada na brasa com molho de hortelã (...)

(...)O primeiro mortal transformado em imortal era uma mulher, nascida em meados do ano de 1200, numa aldeia chamada Rennes-le-Château (...) O segundo mortal transformado em imortal nasceu no Japão no ano de 1568 e foi um grande companheiro do xogum Tokugawa Leyasu [sic] (...) Minha história seria mais uma acrescentada à lista dos poucos mortais que se tornaram imortais.

Como podem notar, a vida de um imortal não é agitada, nem imagino o que terei que fazer para me distrair eternamente”.

Se ele não sabe o que terá de fazer para se distrair, imaginem o leitor, diga-se de passagem. Mas continuemos:

“Sai [sic] com meu Lincoln para espairecer, mas com o hábito de sempre. Não conseguia relaxar (...)

Foi nessa noite acidentada que um motoqueiro se aproximou de mim com sua Harley-Davidson. Quando senti o calor do motor e ouvi o ronco do escapamento, o motoqueiro virou para mim com seus olhos demoníacos, revelando Qayin, o milenar demônio. Meu coração acelerou e o calor tomou conta do meu corpo de tal maneira que tive que tirar a camisa às pressas. Travei os dentes com tanta força enquanto o demônio acelerava ao meu lado que senti um deles explodir dentro da boca, causando um sangramento que escorria pelos lábios”.

Esta é uma forte concorrente ao título de cena de perseguição mais absurda da história da literatura. É isso mesmo, pode conferir o replay: o herói está dentro de um Lincoln, sente o calor do motor de uma moto lá fora, tira a camisa enquanto acelera para fugir... e explode um dente.

Seguem-se mais alguns exemplos de um estilo felizmente inimitável:

“Para continuar o relato da minha inconsequência, lembro-me perfeitamente quando acelerei a 150, 180, 220 na Avenida Paulista. Eu teria tentado acelerar ainda mais não fosse pelas rodas traseiras do meu Lincoln, que começaram a emitir um som estranho. A carcaça inteira do automóvel começou a tremer de tal maneira que minhas mãos mal conseguiam segurar o volante luxuoso.

(...)Yesalel disse que eu poderia ter perdido o meu corpo no acidente e que deveria seguir o exemplo deles, que mantem o mesmo há séculos, excluindo Ieialel, que sempre se envolvia em confusões e já perdera 2 mil corpos. Bom, acredito que Ieialel deveria saber o que estava fazendo, afinal foi o autor do importante Manual do Imortal.

(...) Sitael, o chefe da segurança da Black Angels, resolveu colocar dois Cavaleiros Templários como meus guarda-costas. Nem preciso dizer que odiei. Eles estão sempre atrás de mim em todos os lugares aonde vou, menos no toalete, pois isso não aceitaria de maneira alguma. Qayin não se intimida e sempre aparece, mas durante esses meses eles não se enfrentaram, já que seria insano tentar enfrentar Qayin. Os corpos que usa não são dele, mas de pessoas inocentes ou não tão inocentes assim(...)”

Nas páginas 120-121, o autor tentou encaixar a narrativa na história recente do Brasil. Infelizmente, não se deu ao necessário trabalho de pesquisá-la.

“DIÁRIO: 14 de junho de 1992

O Brasil passa por uma séria crise financeira, e o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello já é praticamente certo. Adultos e jovens saem às ruas para protestar, e num dia desses me juntei a eles. Essa manifestação se deu em plena Avenida Paulista (...) Não sei se os demônios sabiam o que realmente faziam, mas eles faziam parte dos caras-pintadas que agitavam pela saída do presidente (...)”

Na realidade, o movimento pelo impeachment de Collor começou em julho. A primeira manifestação na qual apareceram os jovens caras-pintadas deu-se em 11 de agosto, na Paulista. Mas a descrição das multidões parecem remeter ao grande ato público em São Paulo de 18 de setembro – que, na verdade, foi no Anhangabaú.

Chegamos – pois não há mal que sempre dure – ao fim da história. É 17 de janeiro de 1995, data cujo acontecimento mais notável, conforme registraram os jornais, foi um terremoto em Kobe, Japão. O narrador-protagonista nos garante, porém, que o sismo foi provocado por Caim, que depois de ter passado milênios se distraindo com travessuras, por fim tenta libertar sua mãe Lilith, aprisionada em uma caverna desde o início dos tempos – prodígio ao qual os “anjos caídos” assistem inermes. Mas aí chega a cavalaria.

Minto. É Jesus em pessoa, a segunda da Santíssima Trindade, que desce dos céus, contém Caim e o liberta da servidão à mãe. Jesus salva? Não. O protagonista, o mundo e Caim, talvez. Mas nem Ele consegue salvar o livro.

E o protagonista continua sua boa vida, agora com ainda menos trabalho. Caim agora é “do bem”, Lilith está definitivamente aprisionada e só sobraram alguns demônios pés-de-chinelo espalhados pelo mundo. Inexplicável que o mundo tenha continuado a ir tão mal desde 1995, a ponto de produzir romances como este.
Maranganha 22/03/2010minha estante
Tinha curiosidade em ler o livro só pela propaganda no e-mail, mas, depois das atitudes do autor, desisti. Ia comprar, cheguei a ver o livro numa livraria, mas desisti assim que comecei a receber e-mails do autor me enchendo o saco com problemas que ele tem com um crítico arrogante. Se um é arrogante na crítica, não é problema meu, mas se ele é imaturo ao recebê-las, não envolva outras pessoas.



Gostei muito da resenha, apesar de não tê-la achado tão imparcial assim, mas está bem escrita, e deveria estar publicada em um blogue.


Albarus Andreos 22/03/2010minha estante
Bem, resolvi me cadastrar no Skoob ontem, por conselho de uma amiga (Fernanda do Viagem Fantástica). Sempre tive uma posição muito pessoal de que ficar na net participando de blog, fazendo campanha para promover o livro, ou que recorrer ao Orkut e ficar "de amiguinho" de gente que não conheço só para ver se compram meu livro ou se fazem campanha por mim, é muito artificial e facilmente perceptível. Meu tempo livre, prefiro passar com meus filhos, e gosto muito mais de ler. A escrita foi uma contingência, e só escrevo porque li muito antes e nem isso me dá segurança de estar realmente maduro para o ofício. Acho, sinceramente, que ler deveria ser pré-requisito para qualquer um que quisesse escrever, antes. Conhecimento de mundo é fundamental ao um escritor. Deve-se conhecer desde corte-e-costura à arquitetura, de biologia à história da religião, de culinária à informática, minimamente que seja, e o espírito pesquisador do indivíduo deve estar sempre em alerta. Qualquer dúvida pergunte, consulte, verifique ANTES de escrever. Depois que já está nas páginas impressas de um livro, aí não tem mais jeito.



Só vim parar nesta resenha do Calife porque recebi e-mails do autor do livro para ver o que parecia ser um "disparate" e um "massacre", contra sua obra, mas, sinceramente, fico do lado do resenhista.



Escrever se aprende! E depois vem ainda o talento (algo como o estilo, a inspiração, a teimosia, a habilidade que têm as pessoas que estão fazendo algo que querem fazer, e não o fazem por obrigação, mas por prazer de ver o que fazem bem-feito, sem pensar no lucro ou em outro objetivo senão o próprio fim de seu intento)... Não há nada pior que ler um livro onde o escritor não tem a habilidade para contar a história que quer. Onde usa fatos, geografia, tecnologia e até objetos sem saber minimamente do que se tratam. É lamentável!



O que posso dizer é que a consistência do relato e do testemunho (mais que uma resenha) do resenhista me salvaram de desperdiçar meu dinheiro. Uma resenha serve para isso também, e se o resenhista estiver sendo muito cruel e injusto, os comentários que vão aqui, no final, servirão para que leitor menos avisado escolha uma posição, ou a do autor criticado, ou a do crítico. Isso é excelente para a própria literatura, como arte! Para a literatura fantástica nacional então, nem se fala. Críticas sérias e bem construídas são a base para a melhora da qualidade editorial. O que me atinge principalmente num mau livro, é que não posso ler o tanto que gostaria. Tenho muito mais livros para ler do que o tempo me permite, e se contar direito, até meus noventa anos, terei lido uns 2000 livros. Se você se der conta de que existem obras magníficas e outros livros inestimáveis que deverão ficar de fora de minha lista, como é então que vou admitir gastar meu tempo (e meu dinheiro) com obras tão sofríveis, como parece ser o Desejo de Lilith? Simplesmente não posso arriscar...


Diego Piovesan 22/03/2010minha estante
Não li o livro.

Gostei da resenha, achei muito bem explicado o ponto de vista e com bastante informações que "engordam" o argumento do resenhista. Porém, ao mesmo tempo, não achei que a resenha foi totalmente imparcial.



Indiferente de resenha, contradições ou então ao livro em si, concordo com o Maranganha, toda a vontade de ler o livro se foi a partir do momento em que autor passou a enviar diversos e-mails sobre links de pessoas criticando o livro dele. Afinal de contas, não escrevemos para o umbigo e é fato que pessoas irão amar e outras irão odiar, cabendo ao autor conviver, aceitar e resgatar as críticas positivas que poderá utilizar no próximo livro, o que não é demonstrado pelo autor que, ao meu ver, está irritado pois alguém não gostou do livro.


Andrew 23/03/2010minha estante
Incrível como a obra revela sobre a alma do autor. Provavelmente ele é um sujeito que sonha em vender milhões de livros para, assim, poder deixar de ser classe média e viver com grande luxo e conforto. Mas sinto que ele não devia alimentar tais sonhos escrevendo. Algumas pessoas simplesmente não nasceram para o sucesso.


Andrew 26/03/2010minha estante
Legal. Este texto foi publicado na Carta Capital: http://www.cartacapital.com.br/app/coluna.jsp?a=2&a2=5&i=6336


Pefico 27/03/2010minha estante
Ha! Não li o livro mas me amarrei na resenha!


Thata 03/08/2010minha estante
Eu tinha curiosidade de ler o livro, mas graças a essa resenha, não preciso mais. Muito obrigada, Antonio.


Josué de Olivei 03/08/2010minha estante
Valeu pela detalhada resenha. E, respondendo à galera - não que a pergunta tenha sido feita a mim, é que sou intrometido mesmo -, nenhuma resenha de qualquer espécie de obra é imparcial. Nenhuma.


Bia Machado 03/01/2012minha estante
Ótima a resenha. Acertei quando fiquei com um "pé atrás" quando li a sinopse da história. Mas uma pergunta não consegue calar na minha cabeça: como é que uma editora como a Draco publica algo assim? Não é uma crítica, só queria tentar entender, pois penso que uma leitura crítica deveria "peneirar" livros como esse...


Daniel 16/11/2012minha estante
Ora, tem gente falando que não vai ler por causa da resenha, veja bem, tem resenhas que falam bem do livro e resenhas que falam mal do livro. Outros dando opinião sobre um livro que só leu uma resenha na internet, não é assim, se não quiser não leia, mas não jogue a desculpa em uma coisa feita por outrem. O que você gosta pode não ser o que o resenhista gosta, tudo é diferente.
Vejo isso de uma forma lamentável à nossa literatura.


luiz 15/12/2013minha estante
Antonio Luiz, sua resenha foi melhor que o livro, na parte em que a Harley persegue o Lincoln, perdi até o folego(de tando rir). So me diz uma coisas: Este diário foi escrito pelo policial civil que serviu na época da ditadura?


fabianelima 26/04/2014minha estante
Me apaixonei por essa resenha. Quero me casar e ter filhos com essas resenha.


Henrique M. 04/08/2014minha estante
Lamentável também é o autor se referir às travestis como OS travestis. Péssimo.


Eric M. Souza 07/08/2014minha estante
"como é que uma editora como a Draco publica algo assim?"

Bia, pense um pouquinho a respeito e encontrará a resposta. A Draco já me dispensou sem sequer ler a sinopse, simplesmente por não me conhecer.




Paulo Sutto 16/04/2010

interesante
Escrito de modo bem claro mas baseado em pesquisas sobre o assunto, o autor cria um clima que prende o leitor.

Muito bom a narrativa, uma história envolvente.

Achei que o autor se perdeu um pouco no meio da história, e no final deu uma vijada muito louca.

Digamos que é interessante.

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Ro 26/03/2010

Recomendo
Para os que apreciam o gênero gótico, um prato cheio, para os que não apreciam, não leiam. Como estou na primeira opção, adorei.
Viajei nas primeiras páginas e pude sentir os sentimentos do protagonista Rafael; amargo, pensativo e curioso. Uma vida difícil, cheio de tropeços e acontecimentos sobrenaturais. Rafael, um experiente detetive, vai aprendendo aos poucos que pode ser amparado por pessoas humildes, mas descobre coisas que vão além da imaginação. Adorei as epígrafes no início de cada capítulo e adorei o capítulo bônus, muito criativo. O acabamento do livro é excelente, acredito que seja um dos mais bonitos da minha estante. Enfim, uma obra difícil de encontrar, ainda mais numa época que escrevem tanto sobre vampiros. Mas também adoro os morceguitos.
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Andrew 25/03/2010

Ganhei esse livro de presente, já temendo o que eu encontraria. E o que li não foi nada animador. Trata-se de uma clara mistura de O Código Da Vinci com Belas Maldições, do Neil Gaiman, mas aqui não há o ritmo frenético do primeiro nem o humor do segundo. Começa de forma pedante, com o chatíssimo dia-a-dia de um detetive da polícia, e depois piora, indo para uma trama sobrenatural que envolve demônios. Este até poderia ser o mote de um romance interessante, mas a seriedade com que é levado e a pouca pesquisa realizada pelo autor tornam o texto burocrático e patético. Senti muita vergonha alheia ao ler algumas passagens, e nem me motivo a abrir novamente o livro a fim de procurá-las para postar aqui. Alguns momentos até servem de comédia involuntária, mas isso não faz valer a pena gastar seu dinheiro ou mesmo seu tempo.

Update: Hoje caiu em minha mãos um conto chamado Mr. Sheol, do mesmo autor, que supostamente foi a "inspiração" para o romance. O que posso falar? Bem, pelo menos é curto. Mas os mesmos problemas do romance já podem ser vistos por lá, a começar pela inverossimilhança. Para se ter uma ideia, a história tem um jornal de cidade pequena que possui muitos leitores graças a uma série de contos de terror que um sujeito publica, chegando-se ao cúmulo de o proprietário do jornal ter erguido um "império" graças ao sucesso da série de contos e, consequentemente, da vendagem de seu jornal. Olha aí mais uma vez a falta de pesquisa: a venda em bancas de um jornal (principalmente de cidade pequena) não representa nem 0,5% de sua renda, já que o dinheiro maior vem dos anúncios publicitários. Talvez se o autor tivesse ouvido as críticas na época em que publicou esse conto, teria evitado o fiasco de O Desejo de Lilith. Mas parece que ele só quer saber de ouvir elogios.
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Everton 18/03/2010

Surpreendente
Já conheço o trabalho do autor Ademir Pascale e já sabia o que encontraria nesta obra rara: um trabalho bem feito, um quebra-cabeça sem igual. Na minha opinião é um dos melhores livros lançados dos últimos tempos.
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@lecobastos 27/04/2010minha estante
"Na minha opinião é um dos melhores livros lançados dos (sic.) últimos tempos."



Só se for na sua rua.




José Martino Escritor 16/03/2010

Excelente Livro!!!
Li e adorei o livro O Desejo de Lilith, do escritor Ademir Pascale. O romance prendeu a minha atenção de tal maneira, que o comecei a ler no sábado de tarde e acordei no domingo logo cedo para terminar a leitura. Recomendo fortemente a todos que gostam de aventuras e mistério.
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Valdemar 15/03/2010

URGH!

Fazia muito tempo que não lia algo TÃO ruim. É incrível!
Você começa o livro acreditando que na matade pode melhorar, quando chega na metade você concluí que é impossível deixar aquilo ainda pior, chega no final, você se surpreende. O autor conseguiu um feito incrível em piorar esse livro com aquele maldito final.

Na parte em que é dita a função de cada anjo-caído...eu nunca li algo tão ridículo quanto aquilo.

Sem contar erros históricos, que um maldito google da vida resolveria. Carros, motos, vestuário e etc SUPER ESTRANHOS para um livro ambientado em São Paulo.

Os demônios parecem mais um grupinho de pit-boys do que qualquer outra coisa.

Mas céus, eu ainda não consigo acreditar naquele final! ¬¬
Horrível.

Mas tem seu lado bom; a capa. Somente isso. Capa muito bonita, pena que o livro não foi da mesma altura.
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Beca 19/03/2010minha estante
Oi tudo bem?? li sua resenha, não vou ler, bom provavelmente não... huuuum vc pode me contar o final??? =D


Adriana F. 21/03/2010minha estante
ahahahaha Concordo com Beca... agora também quero saber o final!!! Pode me contar por mensagem, não me importo! hihihihi




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