Diário de um homem supérfluo

Diário de um homem supérfluo Ivan Turguêniev




Resenhas - Diário de um Homem Supérfluo


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Carla.Floores 17/01/2024

O oposto de supérfluo é vital.
Um filho único, criado exclusivamente em casa por uma mãe extremamente diligente e um pai rico viciado em jogo e submisso.
Quando Tchulkatúrin tinha doze anos o pai morreu e ele e a mãe se viram obrigados a mudar para Moscou.
Pobre, doente e à beira da morte, Tchulkatúrin consegue a oportunidade de passar seis meses na cidade de O*****. Onde conhece e se apaixona por Liza.
Daí em diante tem um desenrolar muitíssimo interessante.
Por estar à beira da morte, há uma transparência psicológica do protagonista. Como num fluxo de consciência. Mas aqui ele é criterioso em não narrar pormenores, e só deu tempo de narrar um fato curioso e digno de nota.
Essencialmente, o conto aborda temas como o impacto dos acontecimentos da infância a longo prazo, rejeição, dificuldade em interpretar a realidade ("quem disse que só o verdadeiro é real?"), sentimento de inadequação, vazio, inutilidade e o principal: a indiferença (chame de calo, se quiser) que é gerada a partir dos desgostos da vida.
"um dia a mais, depois outro, e nada mais será amargo ou doce".
Os trinta anos vividos por Tchulkatúrin talvez tenha sido supérfluo porque ele não teve mais tempo para provar o contrário. O oposto de supérfluo é vital. A vida que ele não pôde desfrutar.
"Durante todo o curso da minha vida encontrei constantemente meu lugar
ocupado, possivelmente porque procurei meu lugar na direção errada."
"Na presença da morte, todas as últimas vaidades terrenas desaparecem."
Um livro comovente!
Moringan 17/01/2024minha estante
Ótima resenha, Carla!
Fiquei muito curiosa para ler esse, agora.


Wercton 18/01/2024minha estante
Excelente resenha, adoro esse tema, já vou adicionar na minha lista.


Carla.Floores 18/01/2024minha estante
Que honra, gente! Fico feliz que gostaram e serviu ao propósito de instigar à leitura. Eu não abordei o contexto histórico da publicação da obra, mas é algo que devemos levar em consideração.


Jardim de histórias 18/01/2024minha estante
Sensacional Carla. É incrível a facilidade de Turgueniev de descrever desilusões amorosas, ele fala muito de si.
Adorei sua resenha.


Carla.Floores 18/01/2024minha estante
Quanta honra ter gostado da resenha, Leonardo! Obrigada por ter me inspirado a ler. Acabo de ler 'Relíquia Viva' e ali também ele mostra uma certa indignação quanto ao insucesso do relacionamento de Lukéria e Vassili. Naquela época, e pelo que vejo em vídeos de cultura russa, eles são educados para formar família como se apenas esse fosse o objetivo da vida. Qualquer coisa diferente disso, se não for caso de sacerdócio, configura fracasso e desonra. E a coisa é/era complicada devido aos costumes de etiqueta, aquela dança do acasalamento fria e formal. É muito interessante a forma como ele transparece isso nas obras. Tô xonada!


Jardim de histórias 18/01/2024minha estante
Opa, muito obrigado pela dica, Turgueniev é sempre uma dica interessante. Já está na lista de leitura. Atualmente estou debruçado em O Duplo de Dostoiévski. Sensacional.


Carla.Floores 18/01/2024minha estante
Quero ler tudo dele. Hehe
Acabo de narrar pro meu canal do Youtube (sem fins lucrativos) o conto e como não tem narrado no YT 'O Duplo', está na minha lista. Se não gosta de audiolivro, o conto tá apenas 3,00 no Kindle. Vale muito a pena! Do Dostô estou lendo e narrando 'Gente Pobre'. Me parece que essa atmosfera de pobreza, doença, rejeição e tragédia permeia os escritos russos. Credo, que delícia.




Ju_allencar 26/02/2024

Eu me apaixonei pela pessoa errada ??
Eu pensei que o livro seria tipo mais pesado, um homem em leito de morte decide escreve suas últimas palavras. O que esperar disso? Mas o que recebemos é um novelão das 18:00 sobre um trisal. Achei bem de boas a leitura, vale a pena ?
Pazibonum 27/03/2024minha estante
O autor é bom? Me interessei num outro livro dele que vi um colega lendo


Ju_allencar 27/03/2024minha estante
É sim, a escrita é fluida e fácil de entender.




Marcelo 16/02/2022

Mais um russo sensacional!
O Diário de um Homem Supérfluo é uma obra incrível! A narrativa da vida de Tchulkatúrin, contada em forma de diário, quando o personagem descobre que está a beira da morte é cheia de questões existenciais e ao contrário do que o título possa sugerir, o Homem Supérfluo não apenas é extremamente interessante, como mostra o retrato de uma pessoa que poderia se o próprio autor (sem mais spoilers...rs).
Não é a toa que seja sempre citado como tendo relação com a obra O Homem do Subsolo, de Fiódor Dostoiévski, pois os personagens principais realmente guardam uma grande relação entre si.
Marcelo Rissi 23/03/2022minha estante
Eu tenho esse livro. Está na fila aqui. Depois dessa sua ótima resenhar, essa obra vai entrar na lista de prioridades, meu amigo!


Marcelo 24/03/2022minha estante
Obrigado pelas palavras, meu amigo! Estou ansioso para saber quais as suas impressões sobre a obra.




Itamara 23/12/2021

Sobre se sentir inútil
?O médico acabou de me deixar. Finalmente obtive uma resposta categórica! (...) Sim, eu vou morrer em breve, muito em breve.?

Publicado em 1850, ?Diário de um homem supérfluo? nos apresenta as confidências de Tchulkatúrin, que prestes a morrer decide contar suas desventuras da juventude e o amor não correspondido pela jovem Liza.

Apesar de ser um livro curtinho, a história desperta diversas reflexões não só ligadas ao contexto histórico da Rússia, mas também sobre questões mais subjetivas e que fazem parte dos mistérios humanos de todos nós. Nosso narrador, que se autodenomina como um ser supérfluo, sofre demasiadamente de um vazio em sua existência: não possui uma boa carreira, não é amado, não tem forças para lutar. Ainda que pertença a uma classe social privilegiada e seja dotado de uma certa inteligência, Tchulkatúrin se sente um inútil, inferior àqueles que o cercam. Todo esse sentimento vivido pelo personagem é fruto não só do desprezo da amada, mas também do relacionamento um tanto conturbado com os pais enquanto criança. Em ambas as situações, a concretização da felicidade parece estar sempre na mão dos outros, não dele mesmo. É uma temática bem profunda e no livro é perceptível esse clima denso de sentimentos conflituosos durante todo o tempo.

Lendo algumas informações sobre o texto, encontrei uma entrevista do tradutor Samuel Junqueira e algo que me chamou a atenção foi sua comparação quanto ao fato de Tchulkatúrin sofrer dos mesmos males do homem contemporâneo, ainda que a história seja do século XIX. A sensação de solidão, impotência, não pertencimento, incapacidade diante de tantos desafios ou situações até corriqueiras.

Interessante destacar ainda a importância de Turgueniev para a literatura russa, sendo considerado o nome mais importante de sua época e responsável por influenciar outros autores como Dostoiévski. O protagonista aqui citado é uma espécie de modelo para muitos que viriam depois, sobretudo quanto a esse aspecto psicológico mais aprofundado e de um herói sem qualidades.
Muito bom!
Cristiane 19/01/2022minha estante
Muito boa sua resenha.


Itamara 19/01/2022minha estante
Obrigada, Cristiane ?




Bruno Palmeiras 13/07/2022

Grande Turguêniev
Confesso que não sou fã de romances curtos, acho q geralmente não há tempo da história se desenvolver em poucas páginas, mas este me surpreendeu. Turguêniev conseguiu, em poucas páginas, transcrever um retrato da sociedade russa autoritária do período Nicolau I e toda a superficialidade na qual a elite da época vivia.
Camila 13/07/2022minha estante
Legal!




Andrezinho2 13/07/2022

Meu deus que tristeza
Top 3 livros mais tristes que já li, juro. Livro curtinho, mas é de uma profundidade muito grande? e quando você se identifica com algumas coisas... bom, vou falar disso na terapia
Joao.Gabriel 14/07/2022minha estante
E ej que falei de Carta ao Pai do kafka na terapia KKKK




Cinara... 09/08/2021

Quando a felicidade depende apenas de outro.
"Devo dizer que, embora não haja dúvidas de que eu seja um homem supérfluo, não o sou por vontade própria; estou doente, mas não consigo suportar nada que seja doentio... Não tenho nada contra felicidade vergonha inclusive procurava alcançá-la por todos os meios... Desta forma, não há nada de extraordinário no fato de eu sentir tédio com qualquer outro mortal."

Me lembrou tanto Noites Brancas do Dostoiévski como também me lembrou O Sofrimento do jovem Werther.
Esses homens que não vêem vida se não estiverem com aquela única mulher, aquela visão de não futuro se não for apenas com aquela dita cuja que não quer nem limpar os sapatos em seus lenços... ?
Thiago.Calvet 11/09/2023minha estante
Forte essas passagens.




Priscila (@priafonsinha) 28/12/2018

Excelente!
Escrito em 1850, foi um marco na literatura russa, pois nessa obra foi usada pela primeira vez a figura do "homem supérfluo": um homem geralmente jovem, nobre, culto, mas totalmente incapaz de colocar aquilo que sabe em prática, de agir, seja por culpa de sua criação ou do sistema em que vive. Essa característica de "supérfluo" foi usada depois por outros autores.

São 70 páginas escritas em forma de diário, por um homem de 30 anos prestes a morrer e que decide contar um pouco de sua vida e de sua incapacidade de nela viver. Facinho e divertidissimo, dá pra ler em um dia, tranquilamente. Recomendo, e Editora 34 sempre excelente!

"Quando se está tudo bem para um homem, seu cérebro, como se sabe, opera muito pouco."
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Riane.Maia 21/04/2024

Sobre se sentir uma pessoa dispensável
Quando iniciei o livro achei que se tratava sobre um sujeito exibicionista, porém conforme o livro foi avançando percebi que o conceito de "Supérfluo" proposto era o de "Desnecessário", e foi aí que o livro ficou realmente interessante para mim.
Quem nunca se sentiu sobrando na vida, deslocado e desnecessário?! infelizmente o fim do protagonista se deu cedo e ele nunca conseguiu se sentir relevante.
Adorei o livro e e vi varias vezes no personagem. a escrita e a tradução são excelentes. Quero ler outros livros do autor.
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Vilamarc 26/02/2019

Desabafos sentimentais
Pegando carona no posfácio:

Se alguém, diante da morte, em uma carta comovente a um amigo ou a quem ama desesperadamente, com a eloquência do coração e um sofrimento genuíno, transmite sua angústia, teríamos algo verdadeiramente poético. Mas para falar de e para si mesmo com disparates de humor injustificado, quando a morte já está no limiar, torna-se algo inverossímil e logo entrega uma invenção, uma mentira do escritor. Pag.80.

Claramente Turgueniev quer construir e discutir o conceito de homem supérfluo na literatura russa, retirando-lhe o carater socio-político e ampliando para questões familiares e de formação.
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Rafaela (@exlibris_sc) 29/03/2019

Intenso, melancólico, frágil... Um tesouro na literatura russa que antes eu desconhecia. Para quem leu Goethe ou Dostoiévski, esse livro você irá gostar. .

site: https://www.instagram.com/p/BuJY5H-HvOF/
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Heidi Gisele Borges 24/06/2019

Publicado em 1850, "Diário de um homem supéfluo" começa com Tchulkatúrin lamentando tudo e porque logo pode morrer. “O certo é que morrerei em breve”, diz. Ele está doente e então decide contar para si mesmo sua própria história.

O homem tem em torno de trinta anos. No primeiro dia de seu diário, conta sobre o amor e descaso dos pais. A mãe era "carinhosa, mas fria". Então "esquivava-me de minha mãe e amava com ardor meu degenerado pai". Descobrimos no ótimo posfácio de Samuel Junqueira, que também assina a tradução, que era assim também na vida do autor.

Tchulkatúrin é apaixonado pela jovem Elizavieta Kiríllovna, ou apenas Liza, mas o destino, ou a falta de decisão, ou a coragem no momento errado, ou tudo junto, o atrapalha e o transforma num homem indesejado.

Me encantam os detalhes das obras de Turguêniev. As pessoas e os sentimentos expressados de forma tão real e viva (até mesmo uma pessoa supérflua) que continuam verdadeiros até hoje.

"Este é o dilema do homem supérfluo em geral: não ter a coragem definitiva para dar o passo que lhe é tão necessário." Não se faz atual?

"O diário de um homem supérfluo" (Dnievník lichnego tcheloveka, Editora 34, 96 páginas, 2018) transformou uma época. Sobre ser supérfluo, "o escritor também foi o responsável por cunhar a expressão que designaria as gerações anteriores." Outra palavra que da mesma forma fixou um termo foi niilista, em Pais e filhos. Uma grande obra que sempre está nas listas dos clássicos que devem ser lidos.

É importante destacar, hoje, que o homem, no caso, é o ser humano.

Ivan Turguêniev (1818-1883) nasceu em Oriol, na Rússia, e começou a escrever essa novela em 1848 e em 1850 a revista Anais da Pátria o publicou, porém várias partes foram cortadas pela censura. Apenas em 1856 o autor reescreveu sua obra.

"Enquanto vive, o homem não sente a própria vida; depois de algum tempo, como um som, ela se torna audível para ele."

site: http://www.becodonunca.com.br/
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Danilo 18/03/2020

Homem inútil
O “Diário” se trata de um pequeno livro escrito em forma de passagens em um diário de um homem que diz estar perto da morte. A partir daí, ele nos apresenta um pouco de seu passado enquanto se autodenomina “supérfluo”. Aqui, cabe ressaltar o significado que nosso personagem atribuiu a essa palavra, diferente do que a maioria poderia imaginar (um homem superficial); na verdade, trata-se de um homem inútil, dispensável. É curioso notar que a palavra original em russo foi cunhada pelo próprio autor do livro, Ivan Turguêniev (o mesmo que popularizou o termo niilismo na Rússia), refletindo a existência desse novo tipo de homem na Rússia extremamente autoritária de parte do século XIX. Este “homem supérfluo” era em geral um nobre, com muitas capacidades intelectuais e ativista, porém que não agia quando era necessário lutar por seus ideais e pelos seus sentimentos.
No seguimento do livro, já resignado diante da iminente morte, o personagem Tchulkatúrin nos conta uma parte importante de sua vida, quando se apaixona por uma jovem numa pequena cidade. É interessante como as emoções do personagem se confundem com o fim da estação mais fria na Rússia, com os dias mais frios coincidindo com os dias em que há mais ciúmes e inveja no relato do Diário.
O livro, apesar de pequeno, traz uma história que ilustra bem o significado de um homem supérfluo da Rússia, além de explorar a psicologia e as relações humanas, revelando as futilidades e falsidades existentes na Rússia da época, muitas das quais ecoam até hoje em nossa sociedade. Além disso, a edição da Editora 34 conta com uma tradução agradável e um excelente posfácio que provê ao leitor o contexto necessário para entender melhor a obra. Sendo assim, “Diário de um Homem supérfluo” é uma ótima porta de entrada para a Literatura Russa.

Avaliação: 4/5
Editora 34, 96 páginas, 2019

site: @mangue.literario
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Fabiana 29/03/2020

Leitura Rápida mas Completa
História duplamente triste tanto no presente quanto no passado! Turguêniev nos dá uma história tão completa que não parece que o livro tem menos de 100 páginas.
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Marcia.Britto 14/04/2020

Um aprendizado
O que me ajudou muito foi o texto de apoio que fica no final da obra, nesta edição da 34.
Desconhecia que o "homem supérfluo" era "tema" da geração da época e que quando a obra foi publicada, teve muitos cortes de censura.
Das obras deste autor, ainda gosto mais de "O Primeiro Amor", por isso não estou dando 5 estrelas, mas posso dizer que gostei muito do livro!
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