Pilantrinha 31/03/2021
Palavras são de fato importantes quando a capa fala por si só?
Leisa é o tipo de autora que te pegou por um livro e você acaba lendo os outros procurando a sensação que veio naquele em especial. Nessa brincadeira eu acho que já li tudo dela, e sempre acaba sendo bastante divertido. Ela escreve bem, e isso é um fato. Tem um estilo engraçado onde quase tudo é levado ao extremo, e por isso as obras tendem para um drama intenso, algo de rasgar o peito. Quando funciona é muito bom, e quando falha é... cômico.
Como eu comecei falando, me prendi a Leisa por outro romance, Meu Romeu, que achei uma história real e é isso. Os dramas faziam sentido, era o tipo de “absurdo” que passa nos encontros e desencontros diários, simplesmente acontece. Quando eu conheci essa série (que só mais tarde descobri se chamar “Masters of Love”, e eu achei uma belíssima decisão não traduzir, porque ninguém nesses livros são mestres em porra nenhuma e sem tradução é mais fácil não ver) vi que o apelo aqui seria outro. Personagens masculinos além do incrível, inalcançáveis, celebridades.
No primeiro livro a gente tem esse cara que é um “garoto de programa que não faz programas”, vendendo encontros românticos não-sexuais para mulheres da alta sociedade. A premissa era legal, mesmo que a história não marcasse tanto. Aqui, no incrível Professor Feelgood, temos uma premissa esquisita. Um homem “invisível”. Fotos sem camisa mostrando um corpo espetacular (que novidade nesse gênero, me impressionei muito) mas sem o rosto, com legendas baseadas em poemas crus, reais, sobre suas experiências de términos e sexualidade. Basicamente um “cortei o cabelo meninas, gostaram?”, usando um cara musculoso.
Falo isso porque a autora tenta o tempo todo deixar claro que o que chama a atenção para o Professor são seus poemas, mas ela mesma se perde nisso. Quando um homem lê os poemas e “não se impressiona”, ela usa a explicação mais preguiçosa possível “ele é homem, não reagiria da forma esperada”. Porque a forma esperada aqui eram TODAS as mulheres que liam algo do professor ficarem coradas, excitadas, ofegantes, o que traz de volta um ponto lá de cima. Leisa gosta de exagerar, e quando erra a mão fica essa presepada.
Poesias, pessoal. Poesias. Elas podem causar essa excitação, esse furor, essa vontade? Claro! Em todo mundo? Eu deixo essa para quem for ler. A premissa desse livro é fraca, o que é triste porque a história é muito boa. Se não existisse o “Professor Feelgood”, que é tão bom escrevendo que precisa ter um apelo do corpo para fazer sentido, e fosse só outro cara estupidamente musculoso e anormalmente bonito, que é bem comum desse tipo de história, seria tão mais crível. Os dramas deles são legais, tem lógica, e tudo se perde no personagem celebridade com 3 milhões de pessoas no Instagram, que é pouco explorado e só serve para a autora usar de muleta quando precisa resolver algum problema.
Em determinado momento parece que a Leisa só ficou com preguiça, tem traumas e dramas resolvidos do nada, o que sai muito da realidade. Além dos “plot twists”, que deixam alguns furos de lógica que eu nem vou entrar, vamos passar de bobo que fica mais fácil.
“Então, depois desse bombardeio você ainda vai ter a coragem de dizer que o livro é bom”. Vou. Não é um livro incrível, é possivelmente o mais fraco da Leisa, mas é divertido. Se você ignorar alguns pontos, vai ser uma experiência legal, além dele não te exigir praticamente nada. Mesmo no momento mais dramático você não vai estar se derrubando em lágrimas (mas se estiver, parabéns). Saí de uma ressaca no meio da pandemia com essa obra, então só por isso já sou grato. Boa leitura!