Camila 15/01/2019Tantas estrelas quanto eu puder darSe existe uma coisa que me incomoda nos sick-lits é a forçação do tema e, não me entendam errado, essa é uma tendência que eu amo (ler ou escrever), especialmente pela carga dramática.
Acontece que o drama, intrínseco ao gênero, tem sido usado deliberadamente por muitos autores por aí com o descarado propósito de chamar a atenção...
~Não que eu esteja julgando~
_cof_
...Muitas vezes sem o menor cuidado de pesquisar o assunto a fundo.
Daquele jeito que a gente vê de longe que é uma forçação de barra, sabe?
É claro que não é preciso muito esforço para notar que esse não é o caso de DRE. Em especial quando a gente sabe que a autora manja do tema, já que viveu na própria carne as experiências da protagonista.
Legal, que lindo.
Só que esse não é o ponto alto do livro.
A Marina não só descreveu um assunto que conhecia para trazer lágrimas e entreter quem quer que estivesse do outro lado (não que haja mal algum nisso), ela não só trouxe visibilidade a uma doença que poucos (incluam a mim nesse pacote) conheciam qualquer coisa a respeito, além do nome.
É, não foi só isso, não.
A concretização desse livro não é só uma questão de enredo emocionante, ou personagens reais, ou o surgimento de uma nova voz na literatura nacional.
Esse livro é uma lição.
E não apenas sobre esclerose múltipla.
Mas sobre como a vida pode ser muito mais do que a gente pensa, e ao mesmo tempo... muito... menos.
Sobre como a gente nunca sabe se vai estar vivo no final do dia, se vai estar, sequer, andando.
Se nossos pais estarão lá nos esperando.
Sobre como guardar mágoas não faz o menor sentido.
Sobre como as pessoas que mais nos importam podem não estar lá quando mais precisamos.
Como elas podem não sair de lá, mesmo quando tentamos.
Como não interessa o quão ansiosos sejamos, continuamos sendo passageiros, e o que realmente importa é o que fazemos com o tempo que temos.
Sobre como existem caras para quem realmente vale a pena entregar nosso coração.
Sobre como cada single lágrima que a gente derruba pela personagem um dia caiu do rosto de uma garota de verdade que, apesar de tudo, vê na própria vida um propósito.
Só por isso (e por tudo isso) esse livro merece tantas estrelas quanto eu puder dar.