Hewe 18/12/2018“Pensava que de nada adiantava correr, quando sempre se há de seguir pelo mesmo caminho, fechado, da nossa personalidade.”
Andrea vai a Barcelona para começar seus estudos universitários. Imagine esta protagonista, tão jovem, com a ilusão de começar uma nova etapa em sua vida em um lugar novo ao lado de membros da sua família que são completamente opostos a ela, todos singulares e mais ancorados em seu passado do que vivendo o presente.
É impossível não estar do lado da protagonista e desejar que tudo acabe bem para ela, assim como é impossível não ser cativado pelo que está acontecendo naquela casa, sentindo sempre a tensão que só os infortúnios podem acontecer.
É uma estória dura, bastante negativa, lenta, com personagens atormentados e um ambiente sórdido em que a protagonista vive sem se rebelar contra as aberrações e injustiças que ocorrem diante de seus olhos. Os personagens são bem construídos e há excelentes diálogos. Tamanha frieza me deixou com o sentimento de não ter chegado a lugar nenhum, sem encontrar ao longo do romance qualquer evento que o torne único. O que é único aqui, é a forma como a autora escolheu relatar a trágica vida cotidiana em um cenário pós-guerra.
Considerada uma das mais importantes obras literárias espanholas do século XX, Nada foi escrito em 1944 quando Carmen Laforet tinha apenas 23 anos. A autora tomou como base a própria vida para criação de seus personagens, chegando a sofrer repressão artística pela família em suas obras conseguintes. Nada é um romance autobiográfico, de modo que o mundo cruel descrito por Andrea, protagonista e narradora, deve estar muito próximo da realidade vivida por Laforet - um pesadelo marcado com sangue e lágrimas.
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