Aisha Andris @AishandoBooks 23/03/2019
Uma história divertida, apaixonante e com alguns toques de ação
Como Não Perder o Duque é um livro que me interessou desde que li a sinopse. Achei a premissa muito interessante e fiquei curiosa para ver como as coisas se desenvolveriam. Os personagens me lembram um dos clichês modernos mais utilizados: Richard é a perfeita versão vitoriana do CEO arrogante e frio que, no lugar de se contentar em viver apenas dos rendimentos pagos pela coroa ao seu ducado e do lucro das suas – com certeza – várias propriedades, arrisca-se também no comércio, área na qual é muito bom, inclusive; e fica balançado ao conhecer Lara, nossa linda e batalhadora (embora não pobre) mocinha, que precisa lutar para manter a família (a tia e ela são uma família, afinal) e sair da quase falência na qual seu tio a deixou antes de falecer, isso enquanto mantém um sorriso no rosto e continua a fazer aparições em bailes e compromissos sociais como toda boa jovem dama em busca de um marido – rico e titulado, de preferência (não que ela faça questão do segundo requisito). Mas espera um pouco, manter a família, em pleno século XIX? Pois sim, meu povo, e é nesse ponto que as coisas se tornam bem diferentes dos romances de época que usualmente encontramos por aí.
Lara não é apenas uma jovem debutante em busca de um casamento vantajoso, como tantas outras que conhecemos, mas também uma mulher de negócios; ainda que esses sejam um tanto quanto diferentes, para não dizer escusos (embora tenham a conivência da coroa inglesa, aparentemente). E a julgar pelo que li, me parece ser brilhante neste aspecto, já que, quando começamos a ler, ela já recuperou parte do prejuízo deixado pelo tio. Me passa a impressão de ser excelente com números, uma grande negociadora e uma estrategista capaz, mesmo não sendo a responsável principal pela parte prática do negócio: recuperar cargas interceptadas por piratas e contrabandistas ou, em outras palavras, roubar de volta o que o ladrão levou. E qual não é a coincidência quando Richard tem uma valiosa carga de sedas surrupiada e deseja recuperá-las de qualquer modo, mesmo que para isso tenha que abrir mão de parte de sua inabalável moral e solicitar os serviços de uma “empresa” exatamente como a de Lara, que, aliás, é a melhor no ramo. É a partir daí que começa a nossa história.
Essa vida dupla da Lara dá muito pano para manga, já que o Richard é certinho demais e certamente não aprovaria o que ela faz, mas também é o que, indiretamente, faz com que ele se interesse por ela, já que, de outro modo, ela dificilmente conseguiria falar (e tá aí uma coisa que a Lara gosta de fazer: falar, falar e falar) de negócios e outros assuntos que o interessam mais do que o clima, mexericos ou moda feminina. E esse interesse se intensifica quando ela o salva de ter que dar atenção a outras damas – enfadonhas, para dizer o mínimo; e insuportáveis, para jogar a real – e o faz frequentar outros bailes para poder encontrá-la novamente, para alegria de sua mãe. E aí está outra personagem maravilhosa: eu me diverti horrores com a duquesa viúva e suas armações, óbvias, mas eficientes, para convencer o filho a se casar, e com Lara, de preferência, a quem ela aprova com louvor, ainda que não seja a escolha mais adequada para esposa de um duque; é uma mulher ardilosa e de temperamento forte, que foge um pouco dos padrões da matrona casadoira comum, embora consiga manter as aparências perfeitamente bem. Acho que só perde pra Lara e pra Joanne no quesito personagem interessante (ah sim, não vou falar quem é a Joanne, porque é um spoiler grande demais, mas quem ler, com certeza vai concordar comigo que ela é incrível).
Esse livro rende cenas muito engraçadas, que me divertiram horrores, todavia também é apaixonante, com seus personagens e situações fora dos padrões, mas bastante fiéis à época em que a história se passa (claro que são feitas adaptações para que tudo faça sentido, mas estou para conhecer um autor que não as faça). A escrita da Lygia é muito gostosa de ler, ela sabe realmente envolver o leitor e deixá-lo curioso para saber se as coisas vão dar certo e de que forma vão acontecer. Os personagens me cativaram bastante e logo fizeram eu me apegar a eles. Toda a trama é muito bem desenvolvida e amarradinha, sem deixar pontas soltas que eu tenha notado. E ainda, de cara, entrega dois personagens que eu quero muito que tenham livros próprios, embora não necessariamente como casal, já que nenhuma indicação é feita nesse sentido: Brandon, melhor amigo de Richard e o típico nobre que não planeja se casar (tem coisa mais deliciosa do que vê-los morder a língua?), ai ai, como amei esse homem; e a Rosamund, cuja relação com o Richard é bastante nebulosa e me deixou curiosa para conhecê-la melhor.
Fica aqui minha recomendação, acho que todo apaixonado por romance de época – e que não faça questão absoluta da parte hot da coisa – vai amar essa história tanto quanto eu amei.
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