Levantado do Chão

Levantado do Chão José Saramago




Resenhas - Levantado do Chão


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Aione 07/02/2018

Levantado do Chão é considerado um livro de transição na obra José Saramago, no qual, pela primeira vez, o autor apresenta o estilo literário que viria a consagrá-lo e a caracterizar sua narrativa.

Nele, conhecemos a história dos Mau-Tempo, família da região do Alentejo que nos é apresentada durante três gerações. Porém, não apenas a trajetória de seus membros é narrada, mas sim também a própria evolução de Portugal. Assim, conforme acompanhamos as mudanças na família, também vemos a transição do país, que, em menos de um século, passou de Monarquia à República e viveu anos de ditadura militar até conquistar a democracia, após a Revolução dos Cravos — evento que encerra o livro. Dessa maneira, cada geração representa uma diferente etapa dessa trajetória da nação, que passa da submissão ao questionamento até atingir o estágio de luta e revolução.

O interessante é que a história do país não é diretamente contada ou apresentada em um primeiro plano. Ela está lá, presente durante toda a narrativa de Levantado do Chão, mas de uma maneira indireta. Há apenas algumas passagens que fazem menção ao contexto sócio-político do momento, justamente para descrever as conjunturas das quais as personagens fazem parte, uma vez que elas afetam diretamente a vida dos Mau-Tempo.

Se há uma interligação entre a história das personagens e a do país, isso também ocorre entre elas e o espaço onde os eventos se desenrolam. As diversas menções à natureza e a caracterização do cenário como um todo metaforicamente dizem respeito às próprias personagens apresentadas. Assim, a linguagem poética de Saramago é um dos pontos mais notáveis de Levantado do Chão. Ao mesmo tempo, sua narrativa é também crítica e política, sendo a visão do autor e sua opinião sobre os fatos facilmente identificáveis na leitura.

Acho muito difícil não se sentir impactado pela escrita de Saramago. Há beleza em sua narrativa, que nos causa uma admiração imediata. Suas próprias estruturas complicadas, que mesclam narrativa e diálogos em um só período, contribuem para essa beleza e para a própria maneira do livro nos prender, já que nos força a ter uma atenção redobrada. Ainda assim, fiz uma leitura muito menos envolvente do que aconteceu em Ensaio Sobre a Cegueira, talvez pela temática e abordagem do segundo me interessar mais do que a de Levantado do Chão.


Independentemente disso, a experiência de ler Saramago é sempre válida e incrível. Levantado do Chão traz sua essência no próprio título: do chão, o estilo que viria a consagrar o autor se levanta. Do chão, o homem se levanta rumo à luta por seus direitos e por uma vida mais digna. E do chão, levanta-se toda uma nação.

site: http://minhavidaliteraria.com.br/2018/02/07/resenha-levantado-do-chao-jose-saramago/
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Debora.Vilar 11/04/2020

Sustentabilidade e família
Este romance conta a história da família Mau Tempo. Apesar do monótono cenário campestre, tudo transforma-se menos a miséria dos trabalhadores que lutam por seus direitos, e o latifúndio é testemunha ocular das assolações dos pobres.
A família faz o que pode para sobreviver, superando até os genes adulterado de realeza, a tendência ao vício, e a opressão da tortura. O latifúndio é quase um personagem, ali está a observar todo o desenrolar da luta por posse e poder, que nesse caso significam o mesmo.

Este romance mescla fatos sociais da História de Portugal, os fatos poderiam ser também de qualquer parte do mundo que estavam a par da Guerra fria. Nesta guerra ideológica, foi acima de tudo uma guerra de classes, no imaginário de muitos o que estava em jogo era a liberdade (ou a perda dela, com relação a bens materiais), mas na verdade o que se estava lutando era a igualdade de direitos cidadãos, de oportunidade para tomada de decisão ideológica inclusive (sair da tutela do patrão), e no contexto da obra da luta por igualdade em adquirir direitos trabalhistas flexíveis e de Saúde e Educação, o mínimo para o desenvolvimento humano.

Enfim o tempo passa, mas a luta pelo trabalho digno, direito a saúde e propriedade como garantia para manter-se com bem estar e sustentar uma família mesmo que a de Mau Tempo vai ficando na utopia se não lutar com sangue de determinação.
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Gabriel Castro 07/05/2020

As vezes cansativo, as vezes intenso
Saramago com seu jeito único de escrever descreve várias gerações da sociedade rural portuguesa, junto disto traz dilemas familiares e acontecimentos corriqueiros
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Matheus 07/11/2020

A luta por levantar-se atravessa décadas e gerações
Levantado do Chão foi o primeiro livro do Saramago que li, talvez por isso eu tenha achado um pouquinho difícil, não só pela forma de escrita do autor, mas também pela dureza da trama.

A história acompanha os dramas de gerações da família Mau-Tempo através de décadas do século XX em um latifúndio português. No entanto, Levantado do Chão não é apenas sobre essa família em específico, mas sobre a difícil vida dos trabalhadores rurais, sobre luta de classes e sobre a difícil vida de homens e mulheres que encontram juntos a coragem e força para lutarem por dignidade e pelo que lhe é de direito. A obra ainda tangencia alguns temas como as relações e opressões de gênero e a divisão sexual do trabalho, ou como o papel da Igreja muitas vezes servindo para adestramento e imobilismo da classe trabalhadora.

O cenário e os personagens são uma ótima proposta, mas é a escrita de Saramago que torna tudo ainda mais interessante e poético. Seja no momento de desvelar a origem dos olhos azuis no DNA da família ou quando ele opta por narrar uma cena de tortura sob a perspectiva de formigas. São particularidades que torna a narrativa tão imersiva e intensa.

Levantado do Chão é lírico e realista, é dolorido e belo, é uma obra política obrigatória para todos aqueles inconformados com um mundo em que muitos vivem presos ao chão para que poucos gozem de uma vida digna.
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Erika 12/05/2019

A força da ação
Um mapa de reconhecimento do que nossos antepassados superaram para estarmos aqui. E cadê as feministas de bandeira para levar esse livro embaixo do braço? Um dos livros de mais difícil leitura do portuga por conta do revezamento história x estoria; mas sensacional como tudo que ele fez.
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Babi.Dias 22/02/2018

Um dos melhores livros do Zé ?
Debora.Vilar 11/04/2020minha estante
com certeza!




wmoreira 07/05/2021

Projeto Saramago
Resolvi ler todo o Saramago. Já li alguns antes, de modo esparso, agora quero ler na sequência em que apareceram. Falo apenas dos romances. Este, Levantados do chão, é o terceiro. E é aqui que se mostra o Saramago como o conhecemos, com sua literatura engajada e sua construção textual bastante peculiar. Conta a história de uma família, os Mau-Tempo, e sua lida infindável e sofrida contra as desgraças da exploração pelo latifúndio. Para mim, a transição entre um capítulo que fecha com a morte de um personagem e o outro que abre com sua neta, ainda bem jovem, já nas agruras do trabalho pesado, sintetiza a dureza daqueles dias. Leitura que exige muita concentração e que vale o esforço pela poesia que revela.
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Klelber 14/06/2021

Um dos melhores
Saramago descreve a narrativa de forma tão poética. Da gosto de pegar os livros dele. Esse fala da revolução que acontece em Portugal, da queda do regime de Salazar. Termina de uma forma tão melancólica, me deixou pensativo...
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JorgeFerlimnet 21/06/2023

Um livro ótimo, mas lido em um momento muito conturbado da minha vida, o que não me deixou curtir tanto. Mas o li e me emocionei várias vezes. Saramago é Saramago, não adianta!
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Gláucia 08/07/2011

Levantado do Chão - José Saramago
O livro narra a saga da família Mau-Tempo, formada por operários da terra e é uma crítica feroz à relação de exploração entre latifundiários e seus empregados. Não é do meus livros preferidos do autor mas mereceu 4 estrelas pelo primor de linguagem, se assemelha a música. Me fez lembrar um pouco Germinal de Zola, perfeito.
Baixando 15/03/2013minha estante
Baixar o Documentário - José Saramago ? Levantado do Chão - http://goo.gl/8Dpiy




Tórtoro 17/09/2010

“SARAMARGO” : LEVANTADO DO CHÃO

“Também do chão pode levantar-se um livro, como uma espiga de trigo ou uma flor brava.”

José Saramago


Acaba de falecer, com repercussão na mídia mundial, o escritor português, Prêmio Nobel de Literatura – 1998, José Saramago, que chamou o Papa Bento XVI de “cínico” e disse que a “insolência reacionária” da Igreja precisa ser combatida com a “insolência da inteligência viva” .
E disse mais, quando esteve presente à capital italiana para divulgar o livro O Caderno: “que Ratzinger tenha a coragem de invocar a Deus para reforçar seu neomedievalismo universal , um Deus que ele jamais viu, com o qual nunca se sentou para tomar um café, mostra apenas o absoluto cinismo intelectual” desta pessoa.
Controvérsias à parte, ler Saramago é, para mim, sempre uma experiência adoravelmente amarga.
Viver com ele a saga dos Mau-Tempo é viver a vida quase real — não as da nova novela da Globo — de uma família de trabalhadores rurais da região do Alentejo, no sul de Portugal, em cujos limites se passa o romance, desde o começo do século.
Trata-se de uma denúncia vigorosa da exploração do desemprego e da miséria e, ao mesmo tempo, da tomada de consciência política por parte do trabalhador rural: o aprendizado da luta pelo direito ao trabalho, pelas oito horas de jornada e pela posse útil da terra.
Pontuado por acontecimentos históricos de três quartos de século, esse romance consegue tecer um painel da burguesia fundiária (Lambertos, Albertos, Norbertos, Dagobertos, Bertos ...) , à medida que vai compondo a “biografia” dos Mau-Tempo (Domingos, Lara, João , Joaquim, Sara, Antônio, Faustina, Gracinda , Amélia ...) e da própria história de Portugal no século XX.
A família Mau-Tempo faz lembrar a família Buendía , dos Cem Anos de Solidão , de Gabriel Garcia Márquez , e a obra Os Sertões , de Guimarães Rosa, sem que Saramago renegue as suas mais autênticas raízes lusitanas, indo buscar inspiração no que de mais positivo a literatura portuguesa tem produzido ao longo dos séculos.
O padre Agamedes representa, na obra, a Igreja Católica Apostólica Romana e, como tal , é o tempo todo ironizado e criticado duramente por sua postura hipócrita e conivente com os poderosos latifundiários, ficando as beatas representadas na figura de Dona Clemência e a sua distribuição de comida aos pobres, às quartas e sábados.
O chefe quadrilheiro, José Gato, é comparado ao nosso Lampião (pag. 126) e o calvário de Germano Santos Vidigal parece homenagear a todos os torturados pelas ditaduras do mundo, inclusive os torturados pelo regime militar durante a década de sessenta/setenta , no Brasil: imagens terríveis testemunhadas por formigas que levantam o nariz , como cães.
João Calvedo , inspetor Paveia , algozes de João Mau-Tempo e representantes do DOI-CODI lusitano de Saramago, contrastam em atitude com o gesto cristão do casal Ricardo Reis e Ermelinda , na acolhida ao João comunista, que paga pelo preço de ter-se encontrado com Manuel Dias da Costa, líder revolucionário que viaja de bicicleta, e por ser amigo de Sigismundo Canastro.
Enfim , como afirmou Saramago, esse livro é um simples romance, com gente, conflitos, alguns amores, muitos sacrifícios e grande fomes, as vitórias e os desastres, a aprendizagem da transformação, e mortes. É um livro que quer aproximar-se da vida, e essa seria sua mais merecida explicação.
São trezentas e sessenta e cinco páginas, uma para cada dia do ano, e que fazem sonhar, nessa época de Natal, um mundo melhor.


ANTÔNIO CARLOS TÓRTORO
ancartor@yahoo.com
www.tortoro.com.br

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gabisneubert 30/09/2022

É um livro difícil
Ler Saramago é sempre uma experiência única. Já me acostumei com a narrativa dele (e amo!), mas sempre exige mais atenção para compreender bem o enredo e absorver os detalhes. Sinto que nesse livro eu precisei me esforçar bem mais pra entender do que os outros que já li, mas valeu a pena cada minuto. Acompanhar as gerações da família Mau-Tempo foi maravilhoso e doloroso na mesma medida, de um jeito que só o Saramago conseguia desenvolver. Levantado do Chão, para mim, é um livro que conta sobre esperança, resistência, família e ancestralidade. Chorei e sorri com os Mau-Tempo, me vi horrorizada com a crueldade da pobreza e dos regimes totalitários, assim como me encantei com os momentos de alegrias tão genuínos que foram narrados, como no nascimento da Maria Adelaide.
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RAVAGNANI 01/03/2009

Político....
O tom político de Saramago. Bom, porém menos que Evangelho Segundo Jesus Cristo.
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