Cidadã de segunda classe

Cidadã de segunda classe Buchi Emecheta




Resenhas -


256 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Bookster Pedro Pacifico 07/10/2020

Cidadã de segunda classe, de Buchi Emecheta - Nota 9,5/10
O título escolhido pela incrível autora nigeriana consegue definir bem a forma como Adah, a protagonista do livro, se sente na Inglaterra da década de 60. Muito embora Adah tenha nascido e sido criada na Nigéria, decidiu deixar o país e acompanhar os passos do marido em busca de uma vida mais promissora para si e para seus filhos. Mas o que a jovem não sabia é que naquele país a rotina seria de muita discriminação. A discriminação por ser estrangeira, negra e mulher.

E não bastasse a forma cruel com que a sociedade lhe trata, o ambiente íntimo familiar é ainda pior. Francis, seu marido, é o retrato daquele que suga até as últimas forças de sua companheira. O abuso psicológico e físico é algo constante na relação. E, mais que isso, a fragilidade e insegurança de Francis não consegue conviver com o fato de que é Adah quem sustenta a família com um trabalho, sobre o qual se somam os trabalhos domésticos e a criação dos filhos.

A força do relato sofrido da vida de Adah parece vir da própria história da autora nigeriana. Nascida em 1944, em Lagos, na Nigéria, Buchi Emecheta também perdeu os pais e foi dada em casamento ainda quando criança, também se mudou para uma Londres racista e xenofóbica e também foi vítima de um triste relacionamento abusivo.

A escrita é tranquila e, apesar do impacto e da crueza das passagens, consegue segurar o leitor. Ao longo do livro foram vários os momentos em que senti uma vontade de poder interferir naquela situação tão injusta, o que confirma a minha aproximação com a personagem.

Além dessa obra, já havia lido “As alegrias da maternidade” da mesma autora e a experiência com as duas obras foi muito marcante. Emecheta é uma daquelas autoras que, na minha opinião, merecem ainda mais destaque na literatura universal. Suas obras são uma denúncia de realidades muito frequentes, mas ainda pouco conhecidas. Por isso, se desejo que as palavras da autora possam ser espalhadas por todos os cantos, o que posso recomendar para vocês é que leiam seus livros! Recomendo muito!

site: http://instagram.com/book.ster
Lili 18/10/2020minha estante
Li por sugestão do Pedro Pacífico. Em muitos momentos me identifiquei muito com a autora, principalmente quando ela sente pena do marido que sofre muito por ter que ir trabalhar. Para ela trabalhar é algo que dá prazer, mas ao mesmo tempo lhe impõe grandes sacrifícios.


Ravs 20/05/2021minha estante
Tive contato com o livro através de seu instagram e diante da repercussão positiva, acabei lendo também!
Acho que nunca tinha me identificado tanto com um livro, como foi com esse. Viver em busca de sonho, alcançá-lo e ter que lidar com os outros efeitos dele é algo muito profundo.




Pri | @biblio.faga 18/07/2020

"O mal da ficção é que ela faz sentido demais.
A realidade nunca faz sentido." (Aldous Huxley)

No inicio desse mês (dia 08), a Suprema Corte Americana decidiu pela legalidade da ingerência do empregador (com objeções religiosas ou morais) quanto à politica de controle de natalidade de suas funcionárias, confirmando a constitucionalidade da lei que permite ao empregador negar a cobertura do plano de saúde das medidas contraceptivas por eleitas pelas empregadas.⁣⁣
⁣⁣
Segundo a porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany, a decisão foi comemorada como “uma grande vitória para a liberdade religiosa e a liberdade de consciência”.⁣⁣
⁣⁣
Como dizem por aí que a arte imita a vida, Adah, a protagonista do romance de Buchi Emecheta, é subjugada de incontáveis maneiras ao longo da narrativa, mas o uso da maternidade como ferramenta de controle me chamou a atenção e (sempre) me deixa desconcertada. ⁣⁣
⁣⁣
No romance, o marido, dentre outras práticas, impede o uso dos métodos contraceptivos, pois, ao seu entender, são utilizados apenas por prostitutas, logo, foi impossível não fazer o link com a notícia acima mencionada, pois me parece inconcebível que atualmente ainda se faça o uso indevido da fé e costumes para cercear a liberdade feminina conquistada a tão duras penas.⁣⁣
⁣⁣
“Cidadã de segunda classe” foi escrito no ano de 1974, e se trata de um romance autobiográfico, com alguns elementos ficcionais. Nele, a escritora narra sua infância em Lagos (Nigéria), e todas as escolhas e os percalços que levaram até seu estabelecimento em Londres.⁣⁣
⁣⁣
A escritura de Buchi é potente, fluida, dolorosa e muito real. Sua protagonista reflete força, sonho, doação, fome pela vida, uma vontade inspiradora de ir além e trilhar os próprios caminhos; mas também escancara a solidão da mulher negra, duplamente “escravizada”, pelo gênero e pela cor da pele, situação, no livro, ainda potencializada pelo status de imigrante, pelo papel de mãe e pela falta de apoio de seus conterrâneos.⁣⁣
⁣⁣
Adah vivendo em um país estranho, sem amigos e familiares, se viu julgada (e subjugada) pelo (pasmem!) seu atrevimento em ter um bom emprego (ela trabalhava em uma biblioteca), um bom salário e ainda insistir em criar os próprios filhos, enquanto os demais tiveram que colocá-los para adoção para uma família branca. Afinal, quão chocante é uma mulher que persevera e não se deixa abater, forjando o seu lugar no mundo.⁣⁣
⁣⁣
Por fim, destaco o filme “Que horas ela volta?”, que também fez excelente uso do termo “cidadã de segunda classe”, o que muito me marcou, pois semeou em minha mente questionamentos sobre quanto realmente somos realistas com nós mesmos, se analisamos criticamente o modo como nós nos portamos, especialmente na forma como tratamos as outras pessoas ao nosso redor.⁣⁣
⁣⁣
Recomendo ambas as experiências: duras, fortes, críticas, e, principalmente, necessárias.⁣⁣
⁣⁣
~ Quotes:⁣⁣
“Seja esperta como a serpente e inofensiva como a pomba.”⁣⁣
⁣⁣
“Para ela, escrever era como escutar boa música sentimental. Não estava interessada em saber se o livro seria ou não publicado; só lhe importava o fato de ter escrito um livro.”

site: https://www.instagram.com/biblio.faga/
comentários(0)comente



Fer Paimel 23/01/2023

Luta pela sobrevivência
Literatura africana tem sido um dos grandes prazeres que descobri ao me aventurar e me desenvolver mais como leitora. Buchi Emecheta foi uma precursora entre as autoras e autores nigerianos e não sem motivo.

Esse livro é, em grande parte, autobiográfico, o que torna a leitura muito mais interessante. É uma escrita pura e que não amacia nenhum contexto. A autora choca com sua verdade, mesmo essa não sendo sua intenção... isso faz com que a leitura seja ainda melhor, porque, muitas vezes, na intenção de impressionar ou chocar demais, os autores perdem a noção e a escrita fica sobrecarregada de momentos que são para ser marcantes. Neste caso, é a vida da autora, o que faz do drama mais crítico, mais envolvente e mais comovente, sem dúvidas.

Enquanto uma mulher livre, acho tão difícil imaginar os desafios que Buchi passou, como imigrante negra na Inglaterra mais ou menos nas décadas de 1950-1970. Casada já aos 16 anos, em um relacionamento evidentemente abusivo, e mãe muito cedo na vida, é incrível como a história dela consegue dialogar com a realidade de tantas brasileiras, que também são categorizadas, por muitos, como "cidadãs de segunda classe".
É uma leitura marcante, que não atenua, em momento algum, a dureza da realidade da vida de Adah, nossa grande protagonista.

Enxerguei grande diferença na maneira como Emecheta descreveu a maternidade neste livro em comparação com o "As Alegrias da Maternidade". Descobri que neste segundo livro, escrito depois do "Cidadã de Segunda Classe", ela colocou na história um tanto da sua decepção como mãe, em contraponto ao seu olhar mais afetuoso e preocupado neste primeiro livro.
Já falei demais e não quero dar spoiler, mas vale muito a leitura! Não dei nota máxima simplesmente porque demorei para engatar na leitura e porque, embora tenha me emocionado com a história, não foi aquele vínculo que tirou meu chão. Pretendo, porém, conhecer mais a literatura nigeriana; a de Buchi principalmente.
comentários(0)comente



Dri 28/04/2023

Cidadã de segunda classe
Minha nossa, mas a Adah não teve um segundo de paz na vida e a coitada não tinha nem 22 anos ainda e já sofreu tanto.
Vida sofrida, aquele marido desgraçado, vagabundo, nojento, miserável e tudo o que há de ruim. Mulher só sofre mesmo, única escapatória da vida horrível que ela vivia foi tentar se casar e no fim o casamento serviu de pesadelo, dói ainda mais saber que foi baseado na própria vida da autora, triste.
comentários(0)comente



Boneca sem manual 11/10/2020

Cidadã de segunda classe é uma aula sobre interseccionalidade. Com uma narrativa simples e comovente, Buchi Emecheta nos faz torcer por Adah.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
iarakessia 25/02/2024minha estante
esse livro é um heartbreak mesmo ? acho q todos da Buchi




juliapassos14 24/06/2021

"Cidadã de segunda classe" relata a história de Adah, uma jovem nigeriana, que perdeu a família ainda jovem e se viu fadada a um casamento infeliz, violento e abusivo.

A história prende do começo ao fim, com Adah, pouco a pouco, aprendendo a questionar o porquê de ser uma cidadã de segunda classe (único e exclusivamente pelo fato de ser mulher e negra) e, finalmente, tomando as rédeas de sua própria vida.
comentários(0)comente



Vania.Evangelista 17/06/2021

Ser mulher e negra é um ato de resistência.
Emecheta nos conta a história de Adah, se passa na Nigéria da década de 60. Desde criança Adah é um personagem forte, que não deixa a sociedade patriarcal da Nigéria e a sociedade racista da Inglaterra limitar seus objetivos e sonhos. Os obstáculos impostos pela terra natal de Adah também se fazem presentes no país em que ela escolheu viver, pois ela precisa lidar com o racismo, a xenofobia, a dominação do marido e a violência doméstica.
Adah cresceu em uma cultura totalmente patriarcal. Desde cedo, as meninas são ensinadas que as mulheres devem ter filhos, precisam ser compreensivas e sempre devem ceder aos desejos do marido, mesmo se estiverem em uma relação abusiva. Emecheta assumiu o compromisso de corrigir os estereótipos a respeito da mulher nigeriana e africana, expondo a realidade diária e a opressão imposta pelas normas sociais.
Esta é uma obra autobiográfica com elementos ficcionais, e em alguns pontos você não sabe onde começa ou terminar o que aconteceu na vida da autora ou da personagem. As obras de Buchi Emecheta fornecem ao leitor uma visão capital das lutas sociais e culturais vivenciadas pelas mulheres de sua terra natal, bem como em território estrangeiro.
comentários(0)comente



Gabriella 02/11/2023

Adah
Passamos o livro todo esperando a reviravolta na vida de Adah. Daquelas reviravoltas que mudam o rumo da vida e, finalmente, da a Adah o que ela merece enquanto mulher, mãe, profissional. Mas o livro é um retrato, quase que biográfico, da vida da autora Buchi Emecheta. No livro aprendemos como é a vida real é para mulheres negras imigrantes nos anos 50, aprendemos como é a vida de uma cidadã de segunda classe
comentários(0)comente



04/06/2021

Duro de ler, mas necessário.
Segunda experiência com a autora nigeriana. Mistura de biografia e ficção que dão um nó na garganta. A luta de uma mulher independente mas que tem sua autonomia tolhida pelo marido e pela sociedade.
comentários(0)comente



Bertha 24/02/2022

Uma leitura bastante brutal sobre racismo, maternidade e o papel da mulher na sociedade africana....
comentários(0)comente



Manuela do Prado 26/08/2021

"Seja esperta como a serpente, mas inofensiva como a pomba"
Dona de uma história de vida marcada por dificuldades, pequenos milagres e, como a própria Buchi diz, empecilhos advindos da "psicologia do seu povo", Cidadã de Segunda Classe é um livro de teor autobiográfico, contudo as vivências da autora ganham voz através da personagem Adah.

Vítima de uma cultura que a despreza simplesmente pela condição do seu sexo, Adah tem ainda a infância marcada pela perca precoce dos seus pais, falta de amor e pela marginalização. A fim de se livrar das garras dos únicos parentes que lhe restam, mas que, porém, lhe dão um tratamento subumano, a nossa protagonista casa-se muito cedo, contudo o que inicialmente parecia ser uma espécie de fuga, acaba por se configurar apenas como uma troca dos grilhões machistas aos quais Adah já estivera presa toda uma vida.

Escolarizada a duras penas e inebriada pela possibilidade de uma liberdade propriamente dita, Adah se traveste de meios para se mudar para Inglaterra, local que, no período, era sinônimo de oportunidades e mudança de vida para muito nigerianos. Ao chegar na Europa, Adah se depara com muitas dificuldades, algumas já previstas por nós, enquanto leitores, como o racismo, por outro lado Emecheta nos coloca contra a parede aos nos conduzir ao relato de uma emigrante negra que, chegando num país europeu, encontra muito mais descriminação pelos seus próprios conterrâneos que pelos caucasianos nativos.

A força de Adah para assegurar um futuro com boas perspectivas para os filhos numa cidade sem amigos e precária, ou mesmo inexiste, rede de apoio, sua sensibilidade e empatia para com os outros, assim como sua fé na cura de um casamento violento (sexual, psicológico e fisicamente falando) nos põe frente sentimentos de inspiração, tristeza, angústia e, em alguns momentos, também felicidade.

A mistura da perspectiva genial de Adah sobre o comportamento humano e a graciosidade da escrita de Emecheta fazem com que este livro seja para todos. Embora tenha falecido em 2017, a história de Buchi nos conduz àquela sensação de torcida pelo sucesso de alguém muito querido.

Recomendo demais este livro e mal vejo a hora de ler outras obras desta autora.

site: @viveprale
comentários(0)comente



Toni 13/06/2021

Uma aula sobre a grandeza feminina
Em " Cidadã de Segunda  Classe,  Buchi Emecheta retrata de maneira libertadora e contundente o quão infinitamente a mulher pode se revelar um ser superior, quando comparada ao "bicho" homem, bastando para isso considerarmos no contexto da obra alguns sentimentos que naturalmente afloram na personagem Adah, quando provocada, como por exemplo a sua generosidade,  coragem,  e capacidade de amar incondicionalmente,  mas sobretudo,  quando observamos a sua grandeza em ser resiliente. Tais circunstâncias permeiam a obra do início ao fim e é refletida na personagem,  cujas adversidades vivenciadas são tão inconcebíveis que despertam no leitor, não raras vezes, um sentimento de indignação gerado pela abordagem atemporal destes temas que geralmente desencadeiam  polêmicas,  seja o preconceito racial,  a xenofobia, ou/e  sobretudo o machismo, este revelado principalmente na personagem  Francis,  por quem o leitor acaba, ao longo da narrativa, nutrindo  sentimentos nada nobres, alimentados pela forma inescrupulosas que a personagem  lida com seus desejos.

"[...] Quando ele apanhou a última folha ela viu..., a capa alaranjada  de um dos cadernos  de exercícios,  onde escrevera a sua história,  e a realidade explodiu em sua mente, Francis estava queimando a sua história(...). A história  na qual estava apoiando seu sonho de se tornar escritora."

Embora muito bem escrito e tramado o texto traz alguns momentos enfadonhos, no momento em que dar margem ao leitor quase de prever o que virá em seguida, pelas repetidas concessões feitas por Adah frente aos abusos constantes recebidos daquele que deveria ser seu  companheiro.

"Adah torcia para que a longa estada de Francis na Inglaterra o transformasse. Afinal,  a razão para eles virem para a Inglaterra fora  avançar  nos estudos! Sem dúvida ele passaria por mudança"

Problema esse imediatamente superado por um desfecho aberto, porém delineado de uma tensão envolvete, guardando para o leitor a percepção do que deve ser o fim,  se consolidado com um ponto final, ou simplesmente um círculo.

"A voz agora estava muito próxima e chamou-a outra vez. Uma voz de homem,  grave demais para ser de seu Pa e gentil  demais para ser de Francis."
comentários(0)comente



Matheus656 03/10/2021

Catastrófico
Achei horrível, odiei a escrita, o livro é cheio de referências à Bíblia na narrativa e tudo soa muito repetitivo. As palavras são simples demais e o tempo todo a autora dispersa para outros temas totalmente alheios ao assunto principal dos capítulos, me deu a sensação de estar lendo um livro escrito por uma autora amadora, infelizmente. A história é extremamente válida, mas a forma que foi contada foi tão ruim na minha opinião que tirou todo o brilho.
comentários(0)comente



Carol Rippel 07/01/2022

As pessoas não mudam a menos que elas queriam mudar.
Eu li esse em sequência a alegrias da maternidade, gostei bem mais do primeiro. Sinto que passei o livro todo esperando algo acontecer e esse algo não aconteceu. Ao mesmo tempo a leitura é fluída, gostosa, chocante, triste e revoltante. Um bom livro pra olhar pra si também e pela forma com que criamos relações, aceitamos relações e esperamos que as pessoas se transformem no que a gente espera delas. Vale a pena, mesmo não sendo tão incrível como o Alegrias da Maternidade.
comentários(0)comente



256 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR