Resenhas -

Adonai 05/04/2021

E vai além
E se alguém se identificasse nas sensações, nas experiências e no relato de Amara? E se não, é certeza que sim. Tão mais real que muitos casamentos por aí, a autora vai traçando na sua narrativa as mais diversas pessoas que a procuravam e faziam o que queriam, muitas vezes sem algum cuidado com o outro corpo, e mais vezes ainda faziam o que talvez não tinham coragem de realizar em seus relacionamentos (talvez medíocres?).

É relato potente e tocante, com T maiúsculo de pu-Ta e com a qualidade literária e de escrita tão única de Amara Moira. É livro para ler, repensar e conversar sobre os variados pontos que toca e o quanto é necessário o seu olhar e os modos de ver esse mundo, um olhar de Amara.

Thamiris.Treigher 28/01/2022

Leitura extremamente necessária!!
Amara Moira, travesti e doutora em Letras, fala abertamente sobre sua experiência na prostituição em 'E se eu fosse pu(t)ra".

Esse livro fala de muitas coisas, mas traz, principalmente, aquelas verdades que ficam escondidas debaixo do tapete, aquela realidade que está na nossa cara mas que não enxergamos (ou melhor, não queremos enxergar).

Amara expõe como é a rotina na rua depois que se vê travesti e entra para a prostituição. Expõe como é ser (e ter) um corpo que não tem lugar, voz, espaço, afeto; um corpo que fica submetido à regras, normas, sombras, hipocrisias. Cutuca a ferida aberta da sociedade.

Uma verdade nua, crua e urgentemente necessária! Obrigada, Amara!!

Vanessa Garcia 10/12/2020

E se eu fosse puta
Esse livro contemplou inicialmente o nome: E se eu fosse puta, mas graças à reclamações, em sua segunda edição nos vem como: E se eu fosse pura. Gentes e mais gentes que queriam conhecer o livro e não tinham coragem de comprá-lo. Até roubavam para não passar no caixa, houve até quem encadernasse para esconder a capa. Isso porque a palavra PUTA na capa não podia frequentar a família brasileira, as livrarias do país.
Mas ficou assim com a rasura mesmo para parecer mais pecaminoso pela sua escolha do título.

Amara Moira, travesti putafeminina, autora do livro E se eu fosse puta, Doutora em crítica literária, (também colunista do Mídia Ninja) escreve sobre como era tratada como puta bem antes de se assumir como tal. Bastou a verem como travesti e já começou o assédio, do qual nunca se teve notícia.

Podemos ouvir da própria Amara relatos do seu dia a dia, dos gostos, dos cheiros, do desejo, da dor. Começou por vontade, mas a cada novo cliente que aparecia, a experiência da rua se tornava mais parecida com uma experiência de abuso, assédio, estupro. Escrever sobre se tornou a razão de continuar.

?É necessário desconstruir-se para ser capaz de gostar de gente como nós, é necessário coragem para nos tratar como gente?, escreve Amara.

Um livro para deixar de lado o discurso impregnado de salvacionismo barato e sair da bolha.

Importante: no livro há poemas de Amara e ilustrações da incrível Laerte!

?Por um mundo onde não seja preciso coragem nem desconstrução para amar uma travesti.?
Pág. 176.



ATENÇÃO!!!! O livro está de graça pelo Kindle Unlimited!!!

vicqs 01/02/2021

Porque e se eu fosse pura?
E não PUTA?

Uau, e o que esse livro fez comigo foi surreal, que sinceridade em tudo.
Conheci Amara através de aulas de um cursinho que eu fazia, me lembro de quando a vi pensei ?uau, isso vai ser irado?, Amara e super feminina, amo as dicas que ela dá, uma das melhores professoras que tive !!!

Esse livro é um relato e confesso que sentir muito amor e muita dor em cada palavra, um aprendizado!

Iara.Borges 22/03/2021

O livro é MT bom para refletir sobre como encaramos a prostituição, sobre os consumidores (me peguei pensando se alguém, q conheço poderia ser cliente dessas mulheres) e sobre a transforma. Ele é um cuspe na cara mostrando o quanto a sociedade despreza as mulheres trans, mas recorre a elas às escondidas e morre de medo da sua força . A leitura é muito envolvente e fluidas, as histórias rápidas nos fazem querer ler só mais uma e aí quando a gnt se da conta, o livro já acabou.

@felnoites 01/12/2021

Leiam!
Esse livro é chocante! E não só pelo tema, que é a liberdade sexual, mas também pelos relatos tão crus e descritivos de cenas que permeiam a excitação e o preconceito. Sério, uma leitura que agrega muito um ponto de vista quase não abordado, com palavras reais e carregadas em uma vivência bem forte. A mim, esse livro foi muito pessoal, me abriu a mente mas também me deixou completamente desconfortável. Arte que toca, molda e tem o seu devido impacto. Além de tudo, uma escrita super primorosa, palavras que chegam a ser poesia em sua realidade nua e sexual. Leiam!

Grailson 19/04/2022

Relatando o cotidiano de uma travesti, o livro narra suas vivências e angústias, cada vez mais aprofundando-se em sua jornada profissional e emocional ao longo da leitura, sem romantizações, o livro descreve um pouco de seu trabalho e o modo como Amara lida com suas angústias e sentimentos conflitantes.
A leitura desconstrói diversos estigmas sobre prostituição e sobre o T da nossa sigla, que por muitas vezes é tão apagado, com toda certeza, leitura necessária.

becka 13/05/2020

LiBFem demais
É extremamente libfem, isso me incomodou em vários momentos. Só dei duas estrelas e não uma porque apesar disso, achei que a autora pontuou coisas interessantes e mostrou sua vivência, o que sempre me deixa mais interessada pelo livro. Mas de resto, a forma de se manifestar sobre, a romantização da prostituição e todo o resto me incomodou muito.

não gostei.

Alexsandro.Aleixo 21/04/2020

"As prostitutas vos procederão no Reino de Deus" - Mateus 21:31

NathyBean 28/11/2022

Quando pensamos entender o assédio, a transfobia e a prostituição que contornam nosso dia a dia, percebemos que só compreendemos minimamente daquilo que é disposto de informações na nossa própria bolha.

Kássio 24/04/2020

Um puta livro! <3
Eu tô impressionado e encantado com a honestidade e a crueza da escrita da Amara. É um livro extremamente potente, que dá voz ao grupo que talvez seja o mais marginalizado da sociedade: as travestis garotas de programa.
Tem relatos do dia a dia, ou melhor, noite a noite da profissão, algumas de suas vivências enquanto travesti também em outros espaços e situações, e eu fico lembrando da música AmarElo que diz "permita que eu fale, não as minhas cicatrizes", quando me deparo no livro com muitas reflexões sobre o que é ser esse corpo, estar nesse mundo e a realidade crua de sua vida, pra além de apenas as opressões que passa: "se isso é sobre vivência, me resumir a sobrevivência é roubar o pouco de bom que vivi". Obrigado, Amara, por esse livro.

Arthicus 23/09/2021

Pu(t)ra
Amara Moira, doutora em Letras pela Unicamp, professora de literatura e prostituta em Campinas, nos conta em sua biografia sobre seu processo de transição e alguns relatos, originalmente publicados em seu blog, sobre a vida como prostituta.  

 Inicialmente buscando prazer nesta área profissional, Amara nos conta sobre os perrengues, problemas e perigos desta vida. Sem glamourização. Uma verdade crua sobre estar na margem.

 Dito isso, fico em dúvida como escrever sobre este livro/julga-lo.

 O seu início com Amara contando sobre a sua escolha de começar a se prostituir em busca de prazer e, mais para o final, quando ela começa a falar mais sobre ser prostituta e travesti (a solidão do seu estado e como talvez nunca poderia encontrar amor), como a sociedade vê estas profissionais e a fazer denúncias sobre o comportamento de abusos dos homens que a procuram são os pontos altos do livro.

 Em contrapartida, os relatos dos programas em certo ponto, por mais que sejam vindos da realidade e não ter como fugir disso, começaram a parecer repetitivos e tornaram a leitura um tanto cansativa. Ainda mais que eles são a carne e os ossos do texto. Também, como falei antes nesta resenha, a escrita não é glamourizada como outros livros eróticos, e acredito que no final de seu trabalho Amara não buscava isso, mas há em seu discurso algo quase que glamourizado por estar escrevendo estes relatos. Durante o texto ela comenta sobre como alguns são retirados do seu então blog e há de se pensar se de fato alguns pelo menos não fosse pela glamourização da ideia de ?se prostituir?, ainda mais que, em certo momento, Amara crítica a crítica voltada a indústria pornográfica.

 Tendo falado tudo isso, gostei de conhecer Amara. 

 Após ler o livro fui atrás e descobri os seus TedTalks que acabei os achando ainda mais instigantes para abrir conversas e ver desta realidade e sobre a mulher Amara Moira. Eles são fáceis de se encontrar no Youtube e aconselho a vê-los se você já leu o livro, ou ainda está em dúvida.

shelukessonarry 25/10/2021

O livro mais difícil que já li, mas também mais importante
Com seus (autodenominados pela autora) ?Diários de uma travesti?, Amara Moira nos retrata como foi sua vida de mulher trans que se tornou profissional do sexo para obter sua renda.

Esse livro é surpreendente, li por recomendação de um amigo, e esperava algo completamente diferente, algo mais indireto, acadêmico, e fui completamente surrupiada. É uma porta para este mundo no qual muitas pessoas não convivem e nunca foram, e não guarda segredos nem faz cerimônia: é tudo cru, na cara e sem eufemismos, porque essa experiência de vida não tem eufemismos. É violenta, é brutal e é forte.

Preciso dizer que meu estômago torceu enquanto eu lia, e inclusive tomei a decisão de ler uma boa parte do livro de uma vez só para terminá-lo, pois eu não tinha mais cabeça para ler. Eu ainda tinha esse ponto de término, depois do qual eu passasse, as sensações ruins acabariam. Mas e pra quem vive disso?

Nem tenho muito o que avaliar, já que Amara foi revolucionária por não ter papas na língua, além de trazer essa visão desmaquiada e sincera para o leitor. Apesar de eu querer mais capítulos como o último com a Amara atual falando, a Amara pós-experiência e que discursa e argumenta, sua fala não teria o mesmo impacto se eu não tivesse lido seus relatos anteriormente.

Tudo isso prova que é uma experiência única de leitura, não só porque cada pessoa trans tem uma experiência diferente, como também porque é real, aconteceu - e essa consciência leva a leitura para outro patamar.

Fiquei extremamente irritada com certos leitores que acusaram Amara de romantizar o trabalho da profissional do sexo. A autora nos dá diversas facetas de seu relacionamento com a situação, além de deixar bem claro que era a única forma de se sentir desejada. Se um argumento como esse te desmotivou a ler esse livro, o ignore e vá ler! É uma experiência única e diferente das outras como em qualquer comunidade - quem a taxa de romantização, teve falta de interpretação.

Recomendadíssimo (+18)! Gostaria de ver mais coisas da autora daqui pra frente (:

Sadraque 28/12/2020

O livro é interessante por tratar de forma escancarada o dedo de uma Travesti prostituta. Talvez por isso algumas pessoas mais puritanas não gostem. Pelo mesmo motivo, outras pessoas lerão entusiasmadamente.

Lud 19/12/2020

Caramba, o que dizer deste livro? Confesso que me senti bastante desconfortável em boa parte da leitura e acho que isso é uma coisa boa, pois esse livro nos escancara justamente uma realidade que não estamos habituados a enxergar, não da maneira que a autora nos coloca, do lado da travesti, da prostituta. Não foi uma leitura fácil pra mim, mas me fez repensar muitas coisas e só por isso, já acho um livro necessário, pra gente parar de desprezar pessoas das quais a gente simplesmente não conhece as dificuldades, não consegue compreender como é estar nesse lugar e, basicamente, por quem não costumamos ter empatia. Então, é sim uma leitura desconfortável, mas tem assuntos que não dá pra abordar de outra maneira que não pelo desconforto. Recomendo.