Shortback 05/04/2011
O livro mais engraçado do mundo
Se eu fizesse uma lista de meus livros prediletos, ele estaria bem no topo.
Estou falando de Uma Confraria de Tolos (A Confederacy of Dunces), de John Kennedy Toole (1937-1969).
Gosto tanto desse livro que, sempre que encontro um exemplar dando sopa no Estante Virtual, compro e dou de presente a algum amigo ou parente. Virou um dever cívico apresentá-lo para o maior número possível de pessoas.
E olha que achar um exemplar em Português é bem difícil. Não lembro de ter visto nenhuma edição brasileira posterior a 1980. Uma pena.
Uma Confraria de Tolos é, junto com Don Quixote, o livro mais engraçado que conheço. Na primeira vez que li, tive ataques incontroláveis de riso.
As semelhanças com a obra-prima de Cervantes não param por aí.
O personagem do livro é uma espécie de Don Quixote do século 20, Ignatius J. Reilly, um nerd obeso, glutão, fedorento e desagradável. Reilly despreza a modernidade, ridiculariza a cultura pop e se acha o centro do Universo. Um delirante megalômano e fracassado.
A história se passa em New Orleans, nos anos 60. E a forma como Toole descreve a cidade, cheia de malandros, biscateiros, policiais desonestos e aposentados ridículos, é um primor. A cidade vira um personagem.
É difícil resumir a trama. A rigor, é só a história de Ignatius – que ainda mora com a mãe – procurando por um emprego. O que acontece com ele durante essa busca é o interessante.
Tão incrível quando a história de ignatius é a saga de seu criador, John Kenedy Toole.
O talento de Toole nunca foi reconhecido – pelo menos enquanto ele estava vivo.
Depois de ter o livro rejeitado por inúmeras editoras, Toole, que sofria de depressão, cometeu suicídio, em 1969.
Sua mãe, Thelma, disposta a provar o talento do filho, passou os anos seguintes enviando cópias do livro para editoras. Nenhuma se interessou.
Até que, sete anos depois, o conhecido escritor Walker Percy, cansado da insistência de Thelma, aceitou ler o manuscrito. Ficou tão impressionado que convenceu uma editora a publicá-lo.
Uma Confraria de Tolos foi publicado em 1980. No ano seguinte, ganhou o Prêmio Pulitzer de melhor romance.
Mesmo com o prêmio, o livro ainda é um “cult”. Nunca foi uma obra popular, apesar de ser citado como influência por gente bacana como o escritor chileno Roberto Bolaño.
(http://andrebarcinski.folha.blog.uol.com.br/)