umbookaholic 26/11/2018Uma leitura rápida e divertida!Não tem como começar esse post de outra forma, que não seja falando da escrita do autor. Eu, Alex, sou acostumado -- e dou preferência -- a ler livros descritivos, onde o autor leva tempo pra contar as coisas e se preocupa com cada mínimo detalhe, descrevendo lugares, texturas e sensações; diferentemente disso, o autor é rápido e conciso, indo sempre direto ao ponto. Ele não é do tipo de autor que fica dando voltas e mais voltar pra chegar num ponto comum, ele te conta o necessário pra que você fique ambientado e entenda tudo o que vai acontecer por ali.
Durante a leituras, as primeiras 50, 60 páginas muito rápido! Em uma investida, eu já estava imerso na história, levemente afeiçoado ao até então protagonista. A escrita do autor ajuda muito a causa uma boa primeira impressão no caso do livro, o que é bem legal.
O universo criado pelo autor é um tanto quanto peculiar. Misturando diversas crenças e mitologias, Beffa vai criar um universo único, que aguça muito a nossa curiosidade. No começo do livro todo o sistema de magia parece ser bem aleatório; no meio do livro, o autor vai inserir mais elementos, o que vai fazer com que pareça que nada tem sentido; já mais pro final, o autor vai te dando as últimas peças de quebra cabeça e tudo começa a se encaixar perfeitamente. Tem uma personagem que sabe pouco (quase nada) sobre esse mundo, então o autor faz uso dela pra nos explicar algumas coisas, então é através dos capítulos dela que nós vamos começar a obter algumas respostas.
Vamos falar sobre a edição? Dissidentes: Golpe de estado está sendo publicado pela Luva Editora com uma edição linda, em capa dura, com ilustrações e uma diagramação impecável! Quando o livro chegou aqui, eu fiquei chocado com a qualidade, já que eu nunca tinha visto uma publicação dessa editora e, normalmente, as pequenas editoras vêm com edições mais simples.
Ao longo do livro, o autor vai usar sua história pra fazer algumas críticas à nossa sociedade atual, tanto ao nosso governo quanto a questões mais antigas, como racismo. Algumas são mais discretas e sutis, já outras são bem expostas. A mais exposta acontece por volta da página 100 e eu, particularmente, achei muito "escrachado". O autor coloca alguns discursos que ouvimos nesse período de eleições em certos diálogos, mas eu achei que ficou fora de lugar e muito gratuito. Nada disso foi um incômodo grande, mas achei pertinente mencionar aqui. :)
O livro conta com diversos personagens durante a trama, mas três deles se destacam: Elísio, André e Áshia, que assumem o papel de protagonistas, então o autor vai dar a eles a função de contar a história; ou seja, o livro é narrado em primeira pessoa por três personagens diferentes. Isso é legal por que, de certa forma, nos aproxima deles, mas, por outro lado, eu senti um pouco de dificuldade pra entender quem era quem. Eu tive a impressão de que o autor não conseguiu mudar o tom, a voz, de cada um deles. Em alguns capítulos no meio da história, eu tive que reler, já que vinha imaginando com a voz de outro personagem.
Gostei do final do livro, que me deixou com um gostinho de "quero mais", apesar da sensação de estar perdido durante 30% do livro. Achei a escrita do Beffa muito boa e estou ansioso pra ler mais coisas dele!
site:
https://www.umbookaholic.com/2018/11/dissidentes-golpe-de-estado.html