Valério 07/10/2015
Vendaval
Nelson Rodrigues explora, como sempre, a fraqueza humana.
Pinta, com tinas fortes, nossos maiores defeitos.
Explora a natureza humana, em seus aspectos mais asquerosos.
Assim, não há como não ler uma de suas obras sem sentimentos de repulsa, de indignação.
Está tudo lá: Traição, incesto (à exaustão), safadeza, pornografia, desejos inconfessos e anormais, homossexualismo, tragédia.
Especificamente em "Engraçadinha", título pelo qual a obra ficou famosa (O extenso título do livro é "Asfalto Selvagem - Engraçadinha, seus amores e seus pecados), parece que Nelson colocou quase todos os dramas sexuais possíveis em um livro.
Verdadeiro vendaval emocional.
O personagem central, Engraçadinha, sofre com a carne fraca e cheia de desejos, especialmente nos anos de sua juventude.
O amor normal não lhe serve, só o que é diferente, bruto, desafiador.
E não é diferente com sua filha, Silene, que surge na segunda parte do livro "Engraçadinha, seus amores e seus pecados. Depois dos 30).
Mais madura, dessa vez Engraçadinha, embora não livre de seus desejos e ardência, sofre ao ver sua filha padecendo com o mesmo instinto e ganância sexuais.
Não à toa, tanto Engraçadinha como Silene despertam o furor masculino em qualquer lugar que pisam.
E não há como estar no caminho de duas fêmeas como essas sem provar o gosto do sofrimento.
Talvez esse seja o maior perigo de mulheres maravilhosas.
Podem ser a chave de seus maiores prazeres e felicidade.
Mas, da mesma forma, também podem ser a fonte de suas maiores torturas e sofrimentos.
Dominam sua vida, para o bem ou para o mal.
Há o dito popular (e até na Bíblia): Uma mulher pode levar o homem ao paraíso. Ou à ruína.