spoiler visualizarIsis.Alves 19/03/2021
Resumo
Quem me roubou de mim?
Pe. Fábio de Melo
O sequestro da subjetividade.
Do direito de exercer o mais belo dom recebido de Deus: a liberdade interior
Em nome do amor cometemos crimes hediondos.
Aprisionamos
Condicionamos
Cerceamos esperanças
Despersonalizamos
Impomos fardos
E esses crimes estão inconscientemente socializados.
Realidade: despreparo pessoal, fruto de nossa incapacidade de dispensar tempo a nós mesmos, empurrando aos braços de outros que viveram a mesma negligência.
Sequestros são iniciados assim.
São consequências naturais de um jeito de ser e de viver, por isso estão tão frequentes.
Cada vez menos nos dedicamos ao artesanato da construção afetiva, ao conhecimento que nos aproxima e favorece vínculos que nos enriquece.
Identificamos um retrocesso, uma involução.
Como se perdêssemos a capacidade de compreender quem somos
Como se estivéssemos vivendo um afastamento do que é realmente humano, uma indisposição a nos mesmos.
A tecnologia deixou de nos servir, nós é que passamos a servi-la.
>> o sequestro da subjetividade é a privação de nós mesmos:
- De ser quem somos
- De pensar por nós mesmos
- De exercer nossa autonomia
- De tomar decisões e exercer nossa liberdade de escolha
Esses sequestros são comuns e sutis, altamente destruidores, fragilizam e impossibilitam o ser humano de viver a realização para a qual foi feito.
Pode acontecer em todas as instâncias de relacionamentos.
Basta que as pessoas se percam de seus referenciais, que se distanciem do verdadeiro significado de proteção, que confundam amor com posse, que abram mão de suas identidades e que se ausentem de si mesmas.
Símbolo vs Diabólico
Símbolo une. É um desdobramento do discurso poético. Ultrapassa a inteligência do mundo e consola com o descanso que só a poesia por nos conceder.
Diabólico quebra. Distância as pontas. Não favorece o conhecimento, mas o dificulta.
A ação de Deus alcança a totalidade o que somos. O seu amor ultrapassa todas as dimensões de nossa existência. Quando dizemos que a proposta de Jesus é que vivamos libertos de tudo o que nos escraviza, estamos propondo a quebrar o poder de tudo que nos diaboliza. Assim, a vida cristã consiste em ser um referencial de análise para todos os relacionamentos que estabelecemos.
Se Deus nos quer livres, se sua ação Amorim nos antecede em nos mergulhar nessa vocação a liberdade, devemos viver de maneira que tal liberdade seja possível.
Vida humana é uma constante experiência de travessia. Êxodos, deslocamentos, superação, constante transição. Nunca ficaremos prontos
Ser pessoa consiste em dispor-se de si e dispor-se aos outros. Pertencer-se para doar-se.
?Horizonte de sentido? é o território onde não nos sentimos estrangeiros.
Sentido é tudo aquilo que favorece a coerência, liga, orienta e estrutura.
É a partir desse horizonte de sentido que pensamos, agimos, amamos, desejamos, vivemos.
Os significados que aprendemos a amar que qualificam nossa existência.
Quando nos referimos a significados, estamos tratando de realidades materiais e imateriais. Quarto que dormimos e pessoas que nos rodeiam.
O horizonte de sentido é a conjugação desses valores.
A cidade que moramos, a história vivida, a casa que nos abriga, os lugares que frequentamos, os amigos que amamos, as crenças. Tudo isso compõe o nosso horizonte de sentido.
Quando uma pessoa é sequestrada, o primeiro rompimento é com a materialidade de seus significados.
Ela mergulha num profundo estado de solidão - uma ?ausência de si mesma?.
Ao se afastar de seu mundo particular e de tudo que ele representa, o sequestrado sente-se privado de ser ele mesmo.
Esse profundo estado de ausência pode se agravar com o tempo e evoluir para o que chamamos de ?esquecimento do ser?.
Identidade - ela diz sobre nós mesmos. A nós e aos outros.
Ao identificar-se, a pessoa se posiciona a partir de limites e possibilidades. Afirma o que é e o que não é.
A conjugação harmoniosa desses dois conceitos (possibilidades e limites) é que nos encaminha a realização humana, a satisfação de ser que somos. O reconhecimento dos limites favorece o desenvolvimento de possibilidades.
Nem sempre que identificamos essa dimensão positiva do limite. Requer maturidade para interpretar os nãos da vida, os nãos que precisamos dizer a nós mesmos, ou os nãos que a estrada nos fez reconhecer.
Amor e cuidado são caminhos que se encontram. São caminhos que nos levam ao fortalecimento de nossa identidade.
Quando esse amor e cuidado são negados, ficamos à mercê de nossas inseguranças. Sim, só o vínculo amoroso pode nos proporcionar a coragem de ser quem somos. Se ele nos falta, ficamos privados de chegar ao conhecimento de nós mesmos.
Se ficamos distantes dos vínculos que nos recorda quem somos, a identidade pode ser danificada.
O amor amado, o horizonte de sentido são os grandes responsáveis pela manutenção de nossa coragem de ser quem somos.
Sentir medo é um jeito estranho de atribuir autoridade a alguém.
O retorno (do sequestro subjetivo) lhe devolve a capacidade de reassumir a identidade perdida. É a hora de organizar o medo, os traumas e as recordações que certamente por muito tempo a atormentarão.
Há sempre um aprendizado a ser recolhido depois da dor. As alegrias costumam ser preparadas por trás do silêncio das duras penas.
Depois do cativeiro, vem o aprendizado. É certo que a pessoa nunca mais será a mesma. Ao ser devolvida ao centro dos seus significados, ela interpretará a vida de um novo modo.