Um Discurso Sobre As Ciências

Um Discurso Sobre As Ciências Boaventura de Sousa Santos




Resenhas - Um Discurso Sobre As Ciências


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Guilherme Tonon 18/01/2021

Vendendo pseudociência sob a alcunha de Paradigma Emergente
Não diria que esse livro foi uma completa perda de tempo porque as duas primeiras partes suscitaram reflexões interessantes; e mesmo a última parte, do paradigma emergente, me serviu como um exercício interessante, quase um jogo, de encontrar falácias, saltos lógicos e respostas para o texto absurdo (não no bom sentido, me perdoe, Camus). A reconstrução da história e da epistemologia da ciência moderna, bem como as críticas ao paradigma dominante e suas limitações foram bem executadas e são mesmo necessárias para que o cientista contemporâneo não perca de vista os limites dos sistemas de conhecimento em que ele está inserido e do saber que ele produz. Porém, quando Boaventura propõe o "paradigma emergente", a narrativa se torna uma mistura de saltos lógicos (aponta uma inconsistência e em seguida tenta forçar uma ideia maluca que superaria essa inconsistência), de defesa do esoterismo e de equiparação de todos os tipos de conhecimento [científico, religioso (haha), poético (hahaha), astrológico (hahahaha) etc.], além de várias outras forçações de barra que é necessário ler para entender. É preciso cuidado e olhar crítico parar abrir as páginas desse livro e deixar que seus olhos percorram suas letras.
caiosantos 19/04/2022minha estante
Poxa, gostei bastante da sua crítica. É bom encontrar uma contraponto. Eu tô lendo p/ facul, percebi esses aspectos q vc apontou, mas n tive maturidade intelectual suficiente p/ estruturar essa análise contrária. Valeu por compartilhar isso.




Amanda17 07/05/2023

A ciência deve ser senso comum
Nesse livro, Boaventura consegue traçar os caminhos do conhecimento científico desde a revolução científica do século XVI, até a atualidade que segundo ele ocorre uma nova revolução.
Criticando o positivismo, o autor aborda como o paradgma dominante era marcado pela matemática, metafísica, as ciências naturais e fundamentadas nos fenômenos naturais. Tudo que fugia desse método não era considerado ciência. Assim, o senso comum, às ciências humanas e sociais são deixadas de lado, e até mesmo atrasadas em comparação às ciências naturais.
Entretanto, como o avanço da própria ciência, os cientistas percebem a fragilidade nos pilares que sustentam o paradgma dominante, e como ele é excludente com as outras áreas e carece delas. Boaventura trás o exemplo de Einstein com a sua teoria da reatividade que vai contra o que o paradgma dominante pregava, sobre dizer que ele era neutro, imutável e sem margem de erros; resultando assim na crise de tal paradgma.
O livro termina com a apresentação do que seria o novo paradgma emergente, que interliga todas as ciências e a transforma em senso comum. Não adianta fazer ciência quando ela fica restrita nas mãos de poucos. Assim, Boaventura leva a ideia de que conhecimento é total e local, não deve separar a natureza e humanidade e deve ser repassado a sociedade.
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Bielzin 24/08/2022

Mais ou menos
Li porque foi requistado, mas se fosse pra não ler. O livro é complicado e as vezes acaba por se perder nas ideias, ele até que tem boas ideias, mas conclusões que beiram o mirabolante, senso comum como forma de substituir o método científico? Sério? Para..

Leia se quiser, até a primeira parte vale a pena.
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Anezka 31/12/2010

O livro é chato e sem noção. A argumentação é inaceitável e contém diversos erros científicos, além de se apoiar em autores de pouca credibilidade.
O discurso é tendencioso e interpreta os fatos segundo a conveniência, além de utilizar uma linguagem pouco científica e alegórica.
Definitivamente o autor não entendeu muito bem a Relatividade de Einstein e o conceito de causalidade na Física, fazendo uma relação entre os dois que é inaceitável segundo a teoria.
Resumindo, a leitura desse livro é completamente dispensável. Ele não acrescenta nada e só promove a opinião própria do autor sem nenhum embasamento científico.
Anezka 01/03/2011minha estante
Eu não discuto com quem utiliza esse tipo de linguagem na argumentação.


Margarido 08/06/2012minha estante
Não concordo com sua análise. Veja meus comentários. Mas respeito seu ponto de vista. Não sei sua formação. Mas normalmente aqueles tem formação em exatas ficam perplexos quando os teóricos das ciências sociais e humanas utilizam seus conceitos. Entendo.


David Beserra 16/10/2017minha estante
Sobre o comentário de Margarido:

"Mas normalmente aqueles tem formação em exatas ficam perplexos quando os teóricos das ciências sociais e humanas utilizam seus conceitos.".

A perplexidade não é pelo uso de conceitos de exatas, e sim pelo uso frequentemente erroneo e fora de contexto desses mesmo conceitos. Te recomendo a leitura do livro "Imposturas Intelectuais", de Alam Sokal (citado nesse livro português). Outro livro interessante é "Imposturas Cientificas em 10 Lições", de Michel de Pracontal.

Sobre o comentário de rainegustavo: "A linguagem é altamente científica...."

A linguagem (me refiro aos termos utilizados) pode até ser altamente cientifica. Já as inerpretações dos conceitos e termos utilizados passa muito longe de ser cientifico.

"vá ler novamente antes de escrever besteira.", Essa suposta "reforma" nada mais é do que uma fuga do enfrentamento à realidade observavel. A "sabedoria popular" afirma até hoje que a Terra é plana e que está no centro do sistema solar. O relativismo epistemologico defendido por esse senhor português permite que tal tipo de concepção seja tomada como verdadeira, por exemplo. É uma linha de pensamento perigosa, não porque faz pensar, mas exatamente pelo contrario: porque permite a anulação compulsoria de todo o conhecimento obtido por meio da razão e da experimentação.




Margarido 05/06/2012

Trata-se de texto exploratório. A sociologia na segunda metade do século passado perdeu seus referenciais paradigmáticos. Boaventura pretende com esse texto formular algumas possibilidades metodológicas e, com isso, possibilitar novas abordagens propriamente metodológicas. Muito se questiona sobre a aproximação de formulações das ciências físicas com as das chamadas ciências humanas. Essa aproximação no passado não era muito questionada, haja vista a importância das concepções de Isaac Newton para a filosofia de Kant, por exemplo. A demarcação de campos epistemológicos ficou mais nítida na primeira metade do século passado, a partir de abordagens mais positivistas quando, então, a própria filosofia passou a ser entendida, por alguns, como apêndice das ciências ditas físicas.

Os paradigmas sociológicos na segunda metade do século passado ocorreram especialmente pelo esgotamento do funcionalismo e de abordagens marcadas pela influência marxista. Em algum momento os autores passaram a perguntar-se o que fazer, dado que ficava problemático o "como fazer".

O texto de Boaventura de Sousa Santos é uma proposta de reflexão para enfrentamento desses desafios. Não se trata de uma nova teoria social. Mas tão somente de colocar em discussão novos parâmetros que poderiam levar à emergência de novo paradigma. Isso, no entanto, no meu entendimento até o momento ainda não ocorreu. Mas valeu o esforço do sociólgo português.
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Matheus 02/05/2021

Uma obra de grande estima para compreendermos a construção do conhecimento científico e sua relação com outros conhecimentos, principalmente a do senso comum. Além disso, apresenta uma breve incursão sobre o surgimento do paradigma científico moderno para então chegarmos a pós-modernidade.
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David Beserra 16/10/2017

Um ode a pseudociência.
A primeira parte do livro é debatível, embora não concorde com a maioria dos pontos de vista do autor. A segunda parte, entretanto, pode ser considerada apenas como uma sequencia de afirmações aleatórias (puro blablabla, se preferirem).

Um titulo mais adequado para essa obra seria: "Um Ode a Pseudociência e a Desinformação". Há uma quantidade considerável de usos incorretos de conceitos de física, com analogias esdrúxula e mal-fundamentadas e uma serie de assertivas vagas.

Apesar dos pesares, esse livro pode ser considerado como sendo um livro importante desse tipo de literatura, se não pelas contribuições (houveram realmente?), então pelo numero de de citações em outros trabalhos ( mais de 4000) e publico alcançado.

Meu conselho a quem for ler esse livro: leia também "Imposturas Intelectuais", de Alan Sokal e "O Mundo Assombrado pelos Demônios", de Carl Sagan. Vacinem-se contra o charlatanismo do relativismo radical.
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TalesVR 29/04/2019

Desafiador
A ciência é vista como fechada, domínio de poucos e afastada, de modo geral, do conhecimento popular. Boaventura de Sousa Santos tenta quebrar esse paradigma em poucas páginas, trazendo elementos históricos, situação do presente e alternativas para o futuro.

O livro traz ideias extremamente interessantes e a principal delas, já no paradigma emergente, é a de transformar o conhecimento científico em senso comum. Sim, a ciência deve ser conhecida e aceita ao ponto de que seja comum e natural falarmos dela e dos seus resultados. Claro, há a distinção entre os dois conhecimentos, mas o fim último do conhecimento científico deve ser se transformar posteriormente em um novo tipo de senso comum, culturalmente aceito.

Vale destacar também o alto grau de pós-modernidade no conteúdo geral do texto. Sinceramente não sei até que ponto isso é bom ou ruim, mas o autor relativiza bastante vários conceitos e quebra paradigmas. No final tudo se resume a relativizar a ciência, aceitar as diferenças entre os tipos de conhecimento, alterar a distinção antes imposta de ciências naturais e sociais e promover um conhecimento totalizador: as ciências se complementam como se fossem uma coisa só. Tal pensamento é muito interessante, mas perigoso. Até que ponto a pós-modernidade vai relativizar as coisas? Há de se ter um porto seguro, o que não é bem lá o ponto proposto na obra.

Texto rebelde e altamente recomendável para a reflexão do papel da ciência e seus futuros desdobramentos, seja lá em qual área específica for.
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Lore 05/07/2022

Esse é um livro interessante e que pode gerar boas discussões, achei que certas partes ficaram confusas e que, como o autor traz alguns conceitos e teorias específicas, quem não conhece acaba se enrolando lendo.
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serraluis 02/04/2023

A obra Um discurso sobre as ciências é uma reelaboração de um discurso proferido no início das aulas na Universidade Coimbra no ano de 1985/86 com a proposta de fazer uma oposição à corrente positivista, propondo a visão de que o conhecimento científico é uma construção social e objetividade não implica em neutralidade. Assim, o texto divide-se em três partes principais, onde primeiro Santo vai apresentar o paradigma dominante e em seguida os motivos de sua crise e apresentar ou especular sobre um novo paradigma, ou a nova ordem emergente, com base nas condições teóricas e sociológicas que levaram essas mudanças tanto de crise como de um novo modelo de pensar a ciência.
O paradigma dominante, segundo Santos, constituiu-se a partir da revolução científica no século XVI sob o domínio das ciências naturais e apoiado num sistema totalitário onde se nega toda e qualquer forma de conhecimento que não seguisse seus padrões. Esse modelo de pensar a ciência tomou como base as leis da física até então estabelecidas, como o heliocentrismo de Copérnico, as leis das órbitas de Kepler, a queda dos corpos de Galileu e a ordem cósmica newtoniana, além dos discursos filosóficos de Descartes e Bacon.
A principal característica da ciência moderna é a invalidação sobre as evidências empíricas imediatas, pois são consideradas ilusórias. Assim, é feito uma cisão entre natureza e homem, privilegiando a natureza, pois para a ciência a natureza seria passiva de estudo e observação poderia ser descrita em forma de leis universalizáveis. O método para tanto baseou-se na observação sistemática e rigorosa dos fenômenos naturais. A matemática se torna a maior aliada científica e seu instrumento para as análises, que modificou até o conceito de conhecimento. Para a ciência agora conhecer passa a significar quantificar e aquilo que não pode ser quantificado se torna irrelevante.
A descoberta de que a natureza poderia ser descrita em leis, propõe a ideia de uma ordem e estabilidade, assim como a ideia de uma história cíclica em que os fenômenos são os mesmos em todos os tempos se repetindo continuamente. Baseando-se na mecânica de Newton o mundo físico é visto como uma máquina que pode ser determinada, que podem ser escritas por leis físicas e matemáticas, e permanecem assim eternamente.
O mecanicismo acabou impulsionando também a possibilidade dos estudos sociais, e começou-se a se pensar se seria possível formular leis sociais da mesma forma como foi possível para a natureza. Bacon, Vico e Montesquieu deram grandes contribuições para esse debate. Bacon acreditava que a capacidade da natureza humana de se moldar e se aperfeiçoar conforme as condições sociais, jurídicas e políticas seria possível determinar. Para Vico era possível prever os resultados das ações da coletividade humana, pois elas já eram determinadas. E Montesquieu foi um dos grandes revolucionários ao estabelecer uma relação entre as leis positivas e as leis determinadas pela natureza. Esses postulados são aprofundados durante o século XVIII, criando as condições para se pensar as ciências sociais no século XIX.
As formulações sobre as ciências como o racionalismo em Descartes e o empirismo de Bacon condensou-se no positivismo oitocentista e dele sucedeu-se duas possíveis forma de conhecimento, as ciências formais com a lógica e a matemática e as ciências empírica mecanicista com a ciência da natureza e a ciência social. Diferente do seu início, o modelo mecanicista passou-se a ser abordado de maneira diferente, e também desdobrando-se em duas vertentes, a primeira vertente buscou aplicar ao estudo da sociedade os princípios epistemológicos e metodológicos da ciência moderna do século XVI, o segundo modelo busca reivindicar para as ciências sociais um estatuto próprio, e essa concepção deu início ao que Santos define como a crise do paradigma dominante e o passo para a transição do paradigma emergente. Entretanto, a crise também foi resultado de diversas condições sociais e teóricas.
No campo teórico Einstein foi um dos grandes nomes, pois ele relativizou as leis de Newton que era um dos pilares do método científico que se assentava. Além disso, Bohr e Heisenberg demonstraram “que não é possível observar ou medir um objeto sem interferir nele” (SANTOS, 2008, p.43). Essas questões põem em perspectiva a questão da neutralidade e distância entre pesquisador e objeto tão defendida e colocadas como condições para se fazer ciência.
Surge então uma nova forma de pensar a matéria e a natureza, ou seja, o objeto, diferente do período moderno, fazer ciência agora deve considerar a história e os fenômenos devem ser entendidos como imprevisíveis e desordenados. Do ponto de vista sociológico, esse novo modelo traz reflexões sobre os próprios cientistas e suas pesquisas, agora considerando seus motivos e interesses e a problematização sobre suas práticas. Passou-se a analisar a natureza através das condições sociais e culturais a partir dos modelos organizacionais da investigação científica. E o que antes seriam leis universais agora passaram a ser definidas como possibilidades provisórias passíveis de contestação e mudanças .
Dessas mudanças, o autor propõe uma especulação com base nessa perspectiva da crise, via um conjunto de teses e suas justificações. A primeira delas é que não tem mais sentido e utilidade a proposta de uma separação entre ciência e natureza, pois desde Einstein a física e a biologia já vinham postulando que os fenômenos a serem pesquisados ou como acontecem sofrem interferência ou precisam da interferência, como provou Heisenberg e Bohr. Outro ponto defendido é que todo conhecimento é local e total, enquanto o conhecimento procura uma universalização eles partem de contextos locais específicos, partindo dos cientistas e seus interesses.
Além disso, todo conhecimento é autoconhecimento, o novo paradigma pressupõe que a ciência tem um caráter autobibliográfico e autorreferencial, o conhecimento não separa o cientista do seu objeto, eles coexistem e se correspondem em uma relação íntima. E por fim, todo conhecimento científico deve constitui-se em senso comum, a ciência moderna de maneira geral produzia conhecimento e desconhecimento, nesse viés para a ciência pós-moderna o conhecimento precisa ser traduzido, transformado e acessível, ou seja, servir a sociedade.
Dado o exposto, a obra de Santos nos leva a uma trajetória histórica dos processos e do próprio entendimento do fazer cientifico. Acredito assim como ele que estamos vivendo ainda nesse paradigma emergente, mas que ainda falta muito tempo para que ocorra essa inversão completa ou o abandono do paradigma dominante e que talvez nem seja possível essa cisão completa. Ademais, a obra nos faz pensar sobre o nosso papel como pesquisador na atualidade e refletir se queremos apenas produzir por produzir ou se queremos realmente buscar ou contribuir com nossa realidade.
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Thais764 04/09/2023

Os paradigmas da Ciência
Neste livro, Boaventura de Souza Santos trata dos paradigmas da ciência (ou do método científico) em seu tempo. Embora traga reflexões contundentes, acredito que em alguns momentos peca ao tentar "florear" uma perspectiva que ainda carece de debates para sua conceituação. Sim, sou pesquisadora das Ciências Humanas e entendo que o paradigma dominante não contempla o que faço como pesquisa. Mas o paradigma emergente, apontado por Santos, pode vir a contribuir. Acredito que, por se tratar de um texto inicial, antigo, sua escrita careça de um bom arcabouço teórico. Embora compreenda a perspectiva do autor (e até concorde), só o faço porque tenho uma noção aquém. Se dependesse única e exclusivamente de sua explicação, talvez fosse capaz de tecer comentários mais ácidos acerca da ciência pós-moderna.
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Tito 29/08/2018

Um discurso sobre as ciências - Boaventura de Sousa Santos
Logo na introdução de seu texto, Boaventura de Sousa Santos propõe, num contexto de instabilidade e transição de paradigmas científicos (final do século XX), problematizações elementares para pensar a relevância social da ciência atual.
Num primeiro momento do texto, Santos propõe a compreensão do paradigma dominante moderno. Remonta a construção deste paradigma a partir do século XVI, com o superdimensionamento do saber filosófico matemático em detrimento dos outros. Por influência desse sistema de pensamento, no século XIX, com o advento das ciências sociais, essa lógica passa a ocupar também as áreas sociais. Pensa-se a realidade humana social como análoga às leis da natureza. Portanto, o paradigma dominante que marcou a ciência moderna é baseado na supervalorização do saber matemático natural sobre o de humanidades. Quando capilarizado para o setor humanidades, o saber científico matemático influencia perspectivas de compreensão do social baseadas em lógicas matemáticas e naturais (positivismo).
Em seguida o autor propõe uma exposição das causa teóricas e sociais da crise do paradigma dominante. De forma resumida, as justificativas teóricas para a crise do paradigma científico moderno baseiam-se no próprio avanço científico. A superação de teorias rígidas e o advento de constatações que atestam a relatividade daquelas são o que determinou a crise do suprarreferido paradigma, além de que se observam interconexões teóricas que fragilizam cada vez mais as teorias cartesianas e simplistas de análise de realidades sociais complexas. Quanto a justificativa social para a crise do paradigma científico moderno, esse sistema de pensamento científico esteve relacionado a determinado segmento de poder político e econômico. Uma verdadeira industrialização da ciência se gestou com o paradigma dominante. Obviamente essa ciência respondia a interesses específicos. Esse caráter industrial da ciência moderna que demarca um posicionamento político desse sistema de pensamento é, também, uma das justificativas para o esgotamento desse paradigma, pois não dialogou com interesses da coletividade.
Propondo a compreensão de um paradigma emergente, Boaventura Santos o especula a partir dos sinais emitidos pela crise do paradigma científico moderno. O caráter desse paradigma é profundamente comprometido com a realidade social. Na direção da exposição sobre o caráter do paradigma emergente, o autor afirma que uma tendência desse novo sistema de conhecimento é a superação da dicotomia entre a ciência-natural e a ciência-social. A convergência desses saberes terá predominância da ciência-social, com ênfase das humanidades. Se outrora Durkheim propunha analisar os fatos sociais na perspectiva das ciências naturais, o que se processa é justamente o contrário: analisar os fatos naturais como parte de processos sociais. Portanto, o paradigma científico emergente, ou pós-moderno, concebe que todo o conhecimento científico-natural é também um conhecimento científico-social.
Boaventura Santos identifica ainda no paradigma emergente uma tendência crítica às especializações, características do especifismo e departamentalismo da ciência moderna. Na ciência pós-moderna valorizar-se-á a transdisciplinaridade, com vistas a captar a realidade total. Entretanto, não se desconsidera a realidade local. A ciência pós-moderna baseia-se então nessa relação de conhecimento local e total numa perspectiva transdisciplinar e pluritemática.
O autor chama atenção para outro caráter da ciência pós-moderna, o caráter autobiográfico, todo conhecimento é auto-conhecimento. O paradigma científico emergente busca romper com a dicotomia sujeito-objeto valorizada pela ciência moderna. A supremacia do objeto em relação ao sujeito é a característica da ciência moderna cartesiana. É justamente a superação dessa dicotomia que a ciência emergente propõe, na medida em que valoriza processos metodológicos do conhecimento como sendo processos metodológicos de conhecimento autobiográficos; trata-se de uma individuação do processo de conhecimento, isto é, uma relação intrínseca entre sujeito e objeto na empreitada de conhecer o real. Essa relação é valorizada na perspectiva emergente de ciência.
Encerra a lista de hipóteses que propõe como caraterísticas da ciência emergente afirmando que, no contexto científico da pós-modernidade, todo o conhecimento científico pretende constituir-se em senso comum. Na ciência moderna privilegiou-se o afastamento do saber científico do senso comum. Na pós-modernidade a proposta é capilarizar o senso comum do saber científico, até que a ciência seja essencialmente senso comum. Essa generalização do saber científico para o saber popular é uma das características da ciência emergente.
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Hyra 17/09/2021

Muito ruim não entendo o que Boaventura fala tinha que ser português nojento e imundo não aguento essa laia
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