Alle_Marques 26/12/2023
“Algumas pessoas sofrem com pesadelos. Dormindo ou acordadas...” Já eu, eu sofri com esse livro.
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[...] — Não devemos incomodar os mortos. Eles podem querer se vingar.
— É por isso que não vamos invocar espíritos vingativos — afirma Jason.
— Se são espíritos que estão vagando por aí, não podem ser do bem! [...]
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Segui a ideia do livro e li a noite, no escuro e antes de dormir.
No entanto, poderia ter lido sozinha em uma casa mal assombrada, um hotel abandonado ou uma cabana no meio da floresta que o resultado teria sido o mesmo: assusta tanto quanto um daqueles filmes de terror horrorosos, com roteiro podre e com péssimo CGI que entram no catálogo da Netflix quase toda semana.
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-- 1. EMBAIXO DA CAMA – 1,5/5
Qualquer um que tenha vivido a era de ouro das ‘creepypastas’ na internet reconheceu essa, é a clássica “A Lambida”, ou “Humanos também sabem lamber”.
Pode ser uma releitura, mas não funciona, enquanto o original ainda consegue causar alguma coisa, arrepios pelos menos, ainda mais pelo final, esse aqui falha até nisso, é rápido e vago demais para conseguir algum impacto relevante.
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-- 2. A VINGANÇA – 0,5/5
Tão raso e superficial que é ridículo pensar que é uma história já acabada, os personagens são todos tão genéricos, chatos e irrelevantes que é impossível se apegar – parece que não sabermos nada sobre eles além do nome – e a história é tão mal contada que chega a ser confusa, além de desnecessariamente longa e genérica.
E isso sem falar na total falta de informações sobre onde os personagens estão e quanto tempo se passou de uma cena para a outra, isso são questões que se resolvem em meia dúzia de palavras e ajuda bastante na imersão, não ter isso aqui prejudica bastante o ritmo da história, além de fortalecer o quão mal feita ela é.
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-- 3. BELEZA MORTAL – 0,5/5
Só moralista mesmo. E é uma ideia já batida e aqui não entrega nada de novo, não nos deixa pensativos e muito menos assusta.
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-- 4. NA ESCURIDÃO – 1,5/5
A ideia foi interessante, mas mal executada e com uma escrita desnecessariamente confusa.
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-- 5. INVOCAÇÃO MALDITA! – 0,5/5
Os personagens são ridículos, burros e tão, mas tão genéricos que tive que reler vários diálogos ao menos duas vezes para conseguir fixar quem estava falando o que, eles não têm personalidade nenhuma, as situações são extremamente incoerentes e vergonhosas – em uma segundo estão brigando, no seguinte fazem as pazes, depois voltam a brigar, depois fazem as pazes de novo, e por aí vai, tudo na mesma cena. Ou então, em um segundo a personagem está em pânico, no segundo seguinte está rindo. Etc –, a história é, mais uma vez, desnecessariamente longa, a escrita rasa e tediosa e ele também falha no mesmo ponto do 2° – em não entregar o básico necessário, esclarecimentos simples para a imersão funcionar –, além de também não responder duvidas ridiculamente pequenas e que não ocuparia nem um parágrafo direito, como: quantos anos eles têm? Cadê os pais? A quanto tempo se conhecem? Como surgiu essa amizade? Etc. Perguntas relevantes, ainda mais com aquele final.
Sobre o péssimo Plot Twist, uma coisa assim não pode, de jeito nenhum, ser jogado dessa forma no final de uma história, não sem contexto, é necessário vim trabalhando nele desde o primeiro parágrafo, é necessário ir inserindo detalhes e dúvidas ao longo da história, coisas essas que a autora não faz. Ele é ridículo, incoerente, estranho e absurdamente forçado.
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-- 6. ATÉ QUE CHEGUE A HORA – 2,5/5
Alguém realmente conseguiu se suspender com o final? Por que sério, era tão óbvio desde a segunda fala do garoto que não tem como considerar aquilo uma reviravolta, até desacreditei e passei a pensar que seria outra coisa.
Nesse também tem incoerências, claro – fruto da péssima escrita –, porém, como ele não se estende além do necessário, então ainda dá para tirar um proveito, além disso, não achei o final ruim, mesmo sendo bem previsível.
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-- 7. UMA VOLTA À MEIA-NOITE – 1,5/5
É uma história tão genérica, tão desinteressante e irrelevante, que não tenho muito o que falar.
Talvez o que posso dizer é que, além de não ser boa com reviravoltas, a autora também não é boa em escolher a hora certa para inserir suas “grandes revelações” – pela forma e o momento em que o garoto descobre, por exemplo –, ou então, questionar (de novo) sobre a falta de informações relevantes na história – tipo, quantos anos esse garoto tinha para estar ouvindo histórias assim do próprio pai? –, mas como o conto é bem curto também, então não é de todo ruim, a leitura não se tornar uma tortura completa como em tantos outros.
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-- 8. A NOIVA – 0,5/5
Começa confuso e incoerente, conforme a história a avança vai ficando vergonhoso e tosco. E isso sem falar do que já é tão característico em todas as histórias, no livro inteiro: raso, superficial, genérico, mal escrito, etc.
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-- 9. UM EQUÍVOCO – 1,5/5
Mais uma história com uma ideia boa, mas pessimamente executado, além disso, é ridículo pensar que alguém escreveu isso e escolheu deixar de lado respostas tão importantes para a compreensão da história.
Entendo que, provavelmente, é baseado em lendas e lendas costumam ter um fundo de verdade, mas “fundos de verdade” não tem poder parar sanar dúvidas, tipo (não acredito que sejam spoiler essa próxima parte, mas que não gostar, apenas não leia): uma menina jovem assim – por algum motivo a autora se recusa a esclarecer as idades dos seus personagens, mas dá pra entender que ela é bem jovem – morre de forma estranha e ninguém pede uma autopsia? Como? Ninguém desconfia o suficiente pra questionar ou comunicar a polícia? Como? E a polícia, não desconfiaram de uma jovem morrendo nessas circunstancias? Como também? E aliás, quem foi que declarou esse óbito, que médico foi esse? E, principalmente, quanto tempo esse passou entre a morte e o enterro?
Enfim, dúvidas que, graças a reviravolta final, só ressalta o absurdo da situação.
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-- 10. QUANDO AS LUZES SE APAGAM – 2,5/5
Mais uma história que incomoda e dá raiva, mas, mais uma vez, não pelo conteúdo e sim pela péssima escrita e as várias incoerências nela e nas situações, mas pelo menos o final conseguiu entregar alguma coisa decente.
Gostei da reviravolta da última fala, agora se ele é realmente bom ou se é porque foi a primeira coisa minimamente decente que veio desse livro, depois de tantos finais horríveis e reviravoltas piores ainda, aí já é difícil saber.
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CARTA AO LEITOR – 0/0
Não é um conto, não é uma história, é apenas a autora falando diretamente conosco, mas merece destaque, infelizmente pelos motivos errados.
Fiquei indignada e me senti enganada lendo essa “carta”, afinal, depois de 10 contos torturantes de tão ruins, depois de um livro inteiro de histórias horríveis e mal escritas, a autora fecha tudo com discurso super religioso (convenientemente sobre UMA única religião) e a mensagem "Não confie em pessoas, confie em Deus."? Parecia uma piada de mal gosto.
Senti como se o plano dela fosse provocar medos desde o início para, no final, tentar enfiar sua religião goela abaixo nos leitores. E nada contra a religião dela, só acredito que se fosse esse o caso, ela deveria ter sido sincera desde o início e feito um trabalho melhor.
Mas nem tudo que veio dessa “carta” foi ruim, até porque, ri demais quando vi ela chamando seu trabalho de “leitura pesada”.
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O livro já começa errando logo pelo início, pelo “prefácio” e as “primeiras impressões” que vêm antes dos contos, pois, pela forma super exagerada em que ambas as “influenciadoras literárias” elogiam a obra, é impossível não criar altas expectativas com ela, mas sendo realista, não criei expectativas o suficiente para imaginar coisas incrível, super assustadoras, fazer da autora a “Stephen King” brasileira e nem nada disso, foram expectativas mais para “histórias sinistras, imersivas e, quem sabe, perturbadoras”, mas, de um jeito ou de outro, se não tivesse esses textos logo no início, então quem sabe eu não teria conseguido levar as histórias menos a sério e aproveitado um pouco mais delas, embora duvide muito disso. Admito até que cheguei a desconfiar da veracidade de tais discursos, mas depois que vi as várias resenhas positivas do livro no Skoob (as quais nunca vou entender), então nada mais me tirar da cabeça que todas essas pessoas jamais tiveram o mínimo de contato com terror na vida inteira, muito menos com livros bem escritos.
Agora, falando sobre ele, mas em partes:
A escrita é péssima, tanto que uma das principais críticas que fiz foi sobre a incoerência dela, e, consequentemente, da dos personagens, situações, falas e descrições, e incoerências assim só podem ser fruto da escrita, claro, também é bem fraca, pobre e confusa, além de bem vergonhosa e brega as vezes.
Já as histórias, são tão rasas, superficiais e mal desenvolvidas que parecem mais terem saído de um manuscrito ainda inacabado do que de um livro já finalizado, além de serem completamente desinteressante e previsíveis.
As tramas são tão triviais e batidas para o gênero que nem incomodam, muito menos provocam medo, algumas situações chegam a ser risíveis de tão ridículas.
As reviravoltas, os “plot twists” são em sua maioria jogados, mal desenvolvidos e forçados demais, quase nenhum deles funciona de verdade, aliás, não tinha necessidade nenhuma de tantos deles assim, terror e reviravoltas não são sinônimos e não precisam um do outro pra existir, logo, não faz sentido todas as histórias terem uma, só pareceu servir para reforçar a incompetência da autora no gênero.
Os personagens tampouco se salvam, todos eles, de todas as histórias, sem exceções, são completamente genéricos, mal feitos e pessimamente desenvolvidos, tanto que quando a história termina, parece que saímos dela ainda sem saber nada sobre ninguém exceto o nome e um fato ou outro que aconteceu, só, são tão banais que chega a ser chatos e é impossível se apegar a qualquer um deles assim, além disso, eles conseguem ser bem burros e irritantes também.
Outro ponto que vale a pena destacar é sobre as péssimas decisões da autora. Tipo os pentagramas daquele tamanho e naquela frequência, entendo que nas histórias que aparecem eles funcionam como uma espécie de transição, mas qual a necessidade de ser desse tamanho? Nenhuma. Qual a necessidade de serem tão frequentes assim? Nenhuma. Alguns estão tão grudados uns nos outros que o texto entre eles fica ofuscado, é ridículo e não serve pra nada. Outra coisa também é nos nomes, se a autora é brasileira e não temos a localização de onde se passam as histórias, então pra que americanizar os nomes? Que obsessão é essa por tudo o que parece americano? Não tem necessidade nenhuma e só serve para dar um tom fútil e superficial para as histórias.
Agora, sobre o ponto principal da obra, o prometido ‘Terror’, esse eu quase não vi, mas também, vultos, fantasmas, possessões, mãos saindo debaixo da cama, ou o que for, nada disso é capaz de provocar medo quando a escrita e as descrições não colaboram, além disso, as tentativas da autora de criar tensão e cenas assustadoras são tão mal feitas e vergonhosas que provocam tudo, menos medo. Se fosse um livro de vergonha alheia se sairia bem melhor, pois como terror não funciona.
Enfim, resumindo: é um festival péssimas decisões, coisas mal escritas, histórias rasas, personagens genéricos, tramas mal desenvolvidas e reviravolta previsíveis. No geral, uma grande perda de tempo. A única coisa que me levou a terminar foi minha regra pessoal de nunca abandonar livro, filme, série, enfim, nada do gênero, se não fosse por isso eu com certeza não teria passado nem da segunda história.
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[...] afinal, como dizem as antigas histórias, os mortos estão por toda parte e não fazem mal a ninguém, desde que não sejam incomodados. [...]
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46° Livro de 2023, 59ª Resenha de 2023
Desafio Skoob 2023