roque-la 29/03/2024
Li para a matéria de história! resenha da minha parte:
CAPÍTULO 8: ANSIEDADE SEXUAL
O autor discorre sobre como a politica fascista tem como base os ideais da família tradicionalmente patriarcal, e especialmente, o papel masculino bem estabelecido. Qualquer mínimo desvio desse fundamento, é considerado uma ameaça à tradicionalidade e necessário ser combatido.
A ansiedade sexual, portanto, se comporta, em prol da ?segurança social?, como o pânico ocasionado pelos desvios da família tradicional, uma suposta ameaça potencial de agressão sexual, tática de propaganda fascista que se baseia em um falso escândalo.
Um exemplo é quando ?o governo alemão divulgou fantasias raciais de violação em massa de mulheres brancas por homens negros como meio de combater a ocupação francesa?. Hitler propagava a conspiração de que os judeus usariam soldados negros para violar mulheres arianas puras, com o objetivo de destruir a ?raça branca?.
A prática de linchar minorias justificava-se na defesa de defender a raça ariana, as crianças brancas alemãs, a pureza das mulheres americanas brancas (como na teoria conspiratória alegada pela Ku Klux Klan na década de 1920).
Essa propaganda beira os dias atuais, de maneira mascarada, mas tão viva quanto nos meados do século XX. O autor cita que nos Estados Unidos, há uma ?enxurrara de propaganda vinculando grupos de imigrantes ao estupro?. O governo de Trump criou um pânico moral proposital sobre o perigo social que os refugiados apresentam para as meninas brancas americanas, um pânico que não ira salientar rapidamente.
Stanley também menciona o projeto de lei aprovado pela Assembleia Geral da Carolina do Norte, Bathroom Bill (Projeto do Banheiro), ?a lei exige que pessoas transgêneros devem usar o banheiro do sexo de nascimento?. Todo o debate acerca do tema teve como base a possível ameaça representada pelas meninas transexuais a meninas cisgêneros, relatando pessoas transexuais como prováveis predadores sexuais.
Ao final do capitulo, o autor reafirma a importância da família patriarcal para a ideologia fascista, ?o líder fascista é análogo ao pai patriarcal, o ?CEO? da família tradicional?. A intenção fascista com a ansiedade sexual é acatar - de forma implícita - a liberdade e a igualdade, sendo as ?ameaças fundamentais? pessoas LGBTQIA+, pessoas racializadas, imigrantes e entre outros grupos minoritários.
A partir do momento em que o posto masculino pode ser ameaçado do centralidade politico-social, é preciso intervir.
CAPÍTULO 9: SODOMA E GAMORRA
Para maior contextualização, o autor descreve ?Sodoma e Gomorra são os pontos de referencia bíblicos para a fonte de ansiedade sexual, em que a homossexualidade, a mistura racial e outros pecados contra a ideologia fascista têm maior probabilidade de ocorrer?.
Nesse ínterim, podemos classificar esse capítulo em dois tópicos: a cidade e o rural.
A cidade, no imaginário fascista, é a fonte da cultura corrompida, geralmente ocasionada por judeus e imigrantes. Ou seja, os centros urbanos são uma ameaça ao fascismo, justamente por ser o lugar que mais apresenta as ?ameaças fundamentais?.
É considera o local de taxas de natalidade em declínio, o que é visto muito negativamente na cosmovisão fascista. São empreendimentos coletivos onde as pessoas confiam e dependem do Estado (para o fascismo, o Estado é um inimigo, ele deve ser substituído pela nação, os indivíduos autossuficientes) para sobrevivência e conforto, a população das cidades tinham um humanismo mais avançado do que os das zonas rurais.
Diante disso, Hitler em ?Meio Kampf? criou o discurso de que as populações minoritárias que vivem nas cidades são ?parasitas? do trabalho honesto das populações rurais, ?a preguiça das minorias nas cidades só pode ser curada se elas forem forcadas ao trabalho duro?.
Já as localidades rurais, em contra partida, representam os verdadeiros valores da nação e a fonte do sangue puro - que não deve ser poluída por sangue exterior, pelos imigrantes. ?As atitudes em relação aos imigrantes formam um dos maiores abismos entre as cidades dos Estados Unidos e as comunidades rurais? afirma o Washington Post.
O fascismo sublinha os danos direcionados às áreas rurais via a globalização, que privilegia as áreas urbanas. Alem dos misticismos clássicos fascistas, como a ideia de os trabalhadores rurais pagarem para ajudar os urbanos preguiçosos, as falsas afirmações que aumentam o ego dos que se privilegiam do fascismo. A partir da retórica ?anticidade?, quanto maior o discurso fascista, mais inclinada sua base vai às localidades rurais.
CAPÍTULO 10: ARBEIT MACHT FREI
Tradução do titulo desse capítulo: o trabalho liberta. Slogan dos portões de Auschwitz e Buchenwald.
O autor aqui utiliza os termos ?nós? e ?eles?, respectivamente, os membros da nação escolhida e os preguiçosos, os que carecem de uma ética trabalhista - lembrando que o ideal fascista é totalmente meritocrático [?trabalho duro, iniciativa privada e autossuficiência?]-, os que são criminosos e querem viver da generosidade do Estado. Essa dicotomia de ?nós? e ?eles? também apresenta a noção de ?trabalho duro? versus ?preguiça?, ?cumpridores da lei? versus ?criminoso?, assim como discorre Stanley.
A solução fascista se baseia na desarticulação do Estado e substituição pela nação. Bem como, a nação nao deve se portar se acordo com o mecanismo de ?bem-estar social?, que, segundo Hitler, ?priva os indivíduos de sua capacidade de independência econômica?.
A socióloga Hannah Arendt diz que essa irrealidade fascista de ?eles? e suas características caminha pra uma realidade que canoniza essa afirmação, posiciona como um fato. Os históricos de politicas racistas moldam a maneira que o inferiorizado age, sendo ele sempre submetido à brutalidade, não há outro caminho a não ser legitimizar-se de maneira estereotipada. Dessa forma, atingindo o objetivo que o fascista deseja.
Os sindicatos também estão na mira fascista, eles combatem a desigualdade econômica, ação contraria da ideologia fascista, que motiva o ressentimento econômico com o objetivo de causar discórdia popular, enquanto o sindicalismo protege a população desse tipo de incerteza econômica.
Por conseguinte, o fascismo é antissindicalista com o fito de manter a hierarquia racial branca - derivada do darwinismo social, ?valor individual que dá estrutura à hierarquia fascista? e impedir a solidariedade entre raças, religiões e etc.
Os chamados ?dignos de vida? são os que contribuem para a sociedade através do trabalho. Se é necessário o apoio do Estado ara sua sobrevivência, é indigno. Hitler se baseia em dois princípios: principio da democracia - o da destruição -, e o principio da autoridade do individuo - o da realização.
CAPÍTULO 11: EPÍLOGO
Por fim, o autor sintetiza todos os fatos mencionados, ?os mecanismos da política fascista apoiam-se uns nos outros, tecendo um mito de diferenciação entre ?nós? e ?eles?, com base num passado fictício romantizado, em que há ?nós?, mas não ?eles?.
O autor também esclarece a noção de que a ameaça da normalização fascista é real, e que no imaginário popular, o ?normal? se qualifica como benigno; no entanto, essa sensação intuitiva não é confiável.
Os mecanismo fascistas estão por toda a parte e mascarados de todas as maneiras, essa ?normalização? faz parecer ordinário o que é extraordinário, tolerável o que é extremo. ?A palavra ?fascista? adquiriu um matiz de extremismo, como se fosse alarme falso?, o que parece um exagero para quem pontua esse fato, mas não é.
Por essa razão, é mister compreender o significado e razão por trás do fascismo, bem como suas táticas variadas, e é esse o fim que Jason Stanley propicia a este livro.