Thiago275 12/12/2023
Interessante, mas denso
Escrito por volta do ano 8 d.C, Metamorfoses é um longo poema épico, de mais de doze mil versos, divididos em quinze livros, que narra aproximadamente 250 mitos cujo fio condutor são as transformações, as metamorfoses pelas quais passam os personagens.
Nisso, a obra se diferencia dos poemas épicos também famosos Ilíada e Odisseia, de Homero; e Eneida, de Virgílio, que focam em apenas uma narrativa - respectivamente, a ira de Aquiles na Guerra de Troia, o retorno de Ulisses para casa após a guerra e a fundação de Roma por Eneias.
Ao contrário desses autores, Ovídio se propõe a narrar desde a criação do mundo até os seus dias, onde Augusto é imperador. E, nesse meio tempo, vai passando por inúmeros mitos, com personagens muito famosos, como Ícaro e Dédalo, Aracne e Minerva, Apolo e Dafne, Júpiter e Ino, Hércules, Eco, etc, até aqueles que não foram tão conhecidos, como Ífis e Iante; Tereu, Procne e Filomela. Nesse sentido, Metamorfoses pode ser utilizado como um verdadeiro manual de mitos greco-romanos.
Vemos transformações de homens e mulheres em aves, aranhas, monstros; estátuas em pessoas; amantes unidos em um único corpo. Tudo para demonstrar que a única coisa que não muda é o fato de que as coisas mudam. A mudança faz parte da vida. O tempo muda e transforma as horas em dias, os dias em noites e as noites novamente em dia. A própria morte é apenas uma mudança de estado.
Por fim, no epílogo do poema, que é lindíssimo, Ovídio se despede dizendo que se tornou imortal, pois sua obra será lida e relida pelos séculos vindouros. A profecia se cumpriu e dois milênios depois, estamos aqui, lendo e admirando sua obra. Ironia do destino, Metamorfoses defende que tudo muda, mas talvez uma coisa não: nosso amor pela literatura.